web analytics
Search results for

Sol

Eu

Eu egocêntrico. Eu que me tenho em alguma conta. Eu que sempre tentei ser independente e não contar com o acaso para nada.

Esse mesmo eu, sozinho não é nada. Até para escrever preciso de inspiração. De alguém ou de algo. Seja um amor, um copo ou uma flor.
Para a satisfação plena do que fiz, preciso que alguém (que não eu) olhe e aprecie.

E assim que me resta? Uma dependência total e absoluta. Do amor, do copo e da flor.

E dos outros. De ti e de ti.

290 8

Leituras

A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”. Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

Entrevista ficcional criada por Arnaldo Jabor a Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital)

153 0

Mais coisas que estranho…

De vez em quando passam uns filmes na televisão com os gajos da resistência francesa. Uns heróis. Os gajos que perante a invasão do seu país por tropas estrangeiras, se revoltam com risco da própria vida. Nunca vi chamarem-lhes terroristas ou numa versão mais soft, insurgentes. Palavra inventada pelos americanos e que todos os media muito obdientemente copiaram.

Sempre pensei que em tempo de guerra só fosse “crime” matar civis. E que revoltar-se contra tropas estrangeiras que nos invadem fosse pelo menos “compreensivel”.

Em 2002 numa batalha no Afeganistão em que o seu pai morreu e o irmão mais novo ficou paralizado, Omar Khadr é acusado pelos EUA de ter lançado uma granada que matou um soldado americano.

Omar Khadr tinha 15 anos. Está desde então preso em Guantanamo indefenidamente. Deve ter agora 19 anos.

Pergunta: se um moço de 15 anos está lixado por ter morto um soldado que invadiu o seu país, o que aconteceu ao soldado que matou o pai dele?

O segredo? Estar do lado dos bons, leia-se poderosos.

158 0

Hipotenusa

Um grupo armado de portugueses rapta um soldado espanhol. Espanha em retaliação invade Portugal e prende os ministros portugueses.

Um ministro português em viagem a Madrid é mandado parar na fronteira para ser revistado e despido.

Espanha, não contente com o resultado das eleições em Portugal desvia em conivência com a banca e instituições financeiras, práticamente todas as receitas do governo português.

Na Palestina não é hipótese, é realidade.

133 0

De borla

Hoje o courier international é mesmo à borla, sem mas nem meio mas. É pegar e ir embora.

No entanto a edição é fracota, foi preciso chegar à última página para encontrar o que poderiam ser os mandamentos deste blog (o nome blog começa a irritar-me, não há melhor nome em português?)

1. Não descubram nada neste blog que não soubessem já.

2. Perdoem-lhe tudo o que seja perdoável.

3. É preciso estar perto da morte para se saber como ela é: um acontecimento solitário.

É claro que este último não é bem um mandamento, mas apeteceu-me. E continuando:

Quem ler este blog será inteligente, compreenderá a natureza, as leis e os valores humanos. Este blog é uma carta de boa condução e de conselhos, e também um código moral destinado a todos os grunhos.
Naturalmente quem ler este blog vai para o paraíso.

fádivere: Os venezuelanos agradam-me. Na expectativa de uma invasão dos EUA prepararam para os gringos 500 biscoitos de milho recheados com raticida.

144 0
Load more