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Sol

vai

vai para onde o metro não engole contabilistas como relógios enferrujados
e as criadinhas não precisam de luz a jorrar da cabeça para colher flores

vai e senta-te ao sol
repousa os dedos inseguros que tapam os olhos ocos de luz de criadinhas e contabilistas
para onde te leva essa luz que não cessa de nascer
para os metros que morrem e nunca voltam
permanecem solenemente nas vértebras que seguram dedos inquietos
de que te serve morrer nascer jorrar luz, tomar criadinhas, engolir contabilistas?
é certo que seria delicioso morder com luxúria a nudez de quem se perde no metro numa noite escura
inundar de café e música os lírios cortados da criadinha
é certo que seria delicioso abraçar o ir e vir o nascer e o morrer
afundar-me no escuro metro com uma criadinha a jorrar lírios cortados de café e música
trocar os dedos por línguas sedentas de bocas

Sou de poucas letras. Quando escrevo duas linhas já faço uma festa. Houve um único dia, já lá vão dez anos, em que sentei ao computador e escrevi uma página de alto a baixo, sem parar nem hesitar.

Lembro-me perfeitamente como se fosse ontem. Parecia maluco a matraquear nas teclas. Guardei aquilo tal e qual como me saiu, sem alterar uma vírgula.

Hoje calhou ir desenterrar coisas passadas, e redescobri este pedaço. Soube-me bem relê-lo. E quanto mais não seja por causa disso, vale a pena guardar a tinta no bolso.

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O burro do Damaiense

1.
ressuscitar em vida
é possível?

2.
Nunca vi um poste com titulo.
Com lâmpadas, com carros, com sinais, mas com títulos é a primeira vez

3.
Quando se liga, liga-se a alguma coisa.
E quando se desliga, tem que ser a nada? É tão cruel.

4.
Quando vinha para casa tocava isto na rádio

só se pode ouvir à noite

5.
Corri risco de vida para tirar estas estas fotos

há coisas que são melhor feitas olhos nos olhos

para não falar nas infracções ao código da estrada

6.
Continuo a não gostar do termo ‘tirar fotografia’
mas à falta de melhor lá terá que ser

7.
Se há um código da estrada
porque não há um código do passeio?

8.
Odeio chaves
tenho tantas chaves

9.
Nesta batalha homem vs máquina
viva a irregularidade

10.

11.
Há dias em que me apetece abraçar todas as pessoas com que me cruzo na rua

mas não abraço

12.
Leio: O preço a pagar por ser livre e inteligente é condenar-se à vulgaridade, a não progredir, a não exercer uma crítica com altura e direcção.
Fiquei a matutar.

13.
Há quem diga que o inevitável acontece sempre. Alguns fazem até disso um bonito romance de amor.

Eu não sei. Ainda estou à espera que um absoluto aconteça.

14.
Xarme
Xerme
Xirme
Xorme
Xurme
Já sei conjugar a tabuada dos vinte e quatro

15.
Receber um email da contabilista
Aquilo és tu?

16.
Sair do facebook

17.
O que é ‘és tu’?

18.
Lembrei-me agora que estou a dar um baile aos feeds.

19.
Anda. Vamos dançar.

20.
Meus caros, hoje o mundo é meu.
Desenrasquem-se.
Chamem o piquete da EDP. Acendam uma vela. Apaguem o piquete da EDP. Chamem uma vela.

21.
Em resumo:
Divirtam-se com o piquete da EDP e uma vela.

22.
Quem não se está a divertir, não anda à vela.
O piquete anda.

23.
Na mesa atrás de mim: Ela vai desenvolver um projecto.
Mas porque é que ela não acende uma vela?

24.
Ou chama o piquete da EDP?

25.
Vou mudar o titulo disto.

26.
Mas continuando em construção.

27.
i meil
Esquerda moderada, é um bocado como sou claro escuro. Esta malta para ganhar eleições quer ser deus e o diabo. Ser a mudança estável.

28.
Falta música

29.
Compreendo agora melhor quem diz que temos escolhas a mais

30.
Mas não façam your thing em publico

31.
A propósito do que mais recente estudo que circula nas noticias (quem esteja a leste é aquela cena das carnes vermelhas)

A maior causa de cancro que conheço, é viver. A malta que que não vive, normalmente não morre de cancro.

E no outro dia, li um estudo muito interessante. 100% das pessoas que ocasionalmente consomem vegetais, morrem. Desde aí nunca mais comi legumes!

As noticias e os estudos divertem-me tanto. É por isso que leio.

32.
Sobre o ISBN ser pago
Sei que me vão bater e com razão. Eu batia. Mas o que me lembrei foi isto: se um antibiótico é pago, se uma consulta é paga, se o leite para uma criança é pago, que se lixe o ISBN!

Afinal veio-me uma réstia de consciência às mãos, e sim os livros devem ser à borla. A cultura deve ser um direito.

Mas há coisas que me indignam com uma força que vem muito de dentro, que dói, e há coisas que me indignam só.

33.
Há dias em que me dá vontade de chorar, e custa-me não conseguir, como se isso fosse uma espécie de redenção

34.
Não há nada a fazer, temos sempre a mania que somos espertos, e que inventamos tudo.
O celofane é porreiro para enrolar a comida, prático e higiénico. Mas quem o inventou foi o camarão e a gamba.

35.
Foi o caminho que se tornou solitário, ou fui eu que me tornei solitário?
Ou é a mesma coisa?

36.
Porque é que o Barry White é preto?
Porque é de acordo com o google ainda ninguém fez esta pergunta ‘why is barry white black’?
Ou será que o google censura a coisa como sendo racista?

37.
Outra coisa que acho graça. Vê-se com frequência, citar-se coisas antigas de 50 ou 500 anos salientando o facto que são actuais. Exemplo: ‘Que época terrível esta, em que idiotas dirigem cegos’. Frase muito actual dita pelo Shakespeare.
E os mesmos que dizem isto, continuam a acreditar no progresso, a ponto de nem se questionarem.

38.
As facas só cortam quando usadas.

39.
Estranho que quando falo não sai voz

40.
Quando corro passeio com os sonhos
Quando paro enfrento os meus medos

41.
Calças à boca de sino

Melvin TaylorBlue Jeans Blues

42.
Quarenta e três
Muito à frente este ponto. Fica a duvida de como numerar o próximo.
Mandam as letras ou números?

59.
Mandam os pinguins

60.
A Portaria nº 383/2015, de 26 de outubro, aprova o novo Modelo 10 do IRS e IRC e as respetivas instruções de preenchimento, destinando-se a dar cumprimento à obrigação declarativa a que se referem a subalínea ii) da alínea c) e a alínea d) do n.º 1 do artigo 119.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e do artigo 128.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).

61.
No momento do sexo se a mulher está com umas cuecas de renda preta, foi ela que quis.
Se estiver com as cuecas da avó, foi o homem que quis.

62.
Abomino as pessoas que abominam.
Mereço mais que eu.

63.
A minha única obrigação é não ter obrigação nenhuma

64.
Estamos construídos para o destaque normal

65.
Há que falar de entranhas e de pénis
mas não sempre

66.
Estou morto para fora de mim.
Desisto.

67.
O chato dos ascetas é que morrem como os outros

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Terceira vez que publico isto, mas não como memória

No peito uma dor que entope a fala e que a pede. Uma dor inexplicável e insolúvel que brota águas e uivos lancinantes e não pára e nada pára. A dor dos desastres recorrentes. A dor que já não sei se é de ti, se de mim, se de tudo ou de tanto nada. A dor que quero curar e nada cura.

/2010/09/memorias-das-madrugadas-sem-sono

/2012/02/coisas-que-se-diziam-pelas-noites-perdidas-dos-newsgroups

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Tecnologia

Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos,
métodos e técnicas que visam a resolução de problemas

tecnologia

que não sabíamos que tínhamos antes de surgir a tecnologia para os resolver...

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Ode ao vinho de Omar Khayya

Rubaiyat-Omar-KhayyaO pior do passar do tempo é que vamos desistindo, vamos perdendo o interesse, seja por cansaço, seja por desilusão.
Isto acontece a quase todos, se calhar faz parte da morte. Quando já se desistiu de tudo, morre-se. Lembro-me do Eça de Queirós nas palavras dele se foi tornando 'um vago anarquista, um anarquista entristecido, humilde e inofensivo'.

Mas não é inevitável, há quem lute sempre como se fosse ontem. Há na Galiza pelo menos um 'gaulês indomável', o bemsalgado, com quem descubro coisas.

Uma delas, as Rubaiyat (poemas de quatro linhas) de Omar Khayya, um persa dos tempos em que não havia essa coisa da especialização. Deixou obra em áreas tão diversas como a poesia, filosofia, geometria, matemática e a astronomia.

O Omar Khayya se vivesse hoje seria um Vinicius, a pular de esplanada em esplanada, sempre de copo na mão. Os temas são os de sempre, o amor e a morte. E o vinho como símbolo da urgência de viver.

Num procura que fiz, descobri o que já sabia, que quem traduz escreve de novo. Vi traduções do mesmo poema irreconhecíveis entre si. Acabei por escolher as feitas pelo Alfredo Braga. Deixo um gostinho.


Procura a felicidade agora, não sabes de amanhã.
Bebe um copo cheio de vinho,
e pensa sentado ao luar
Talvez amanhã a lua me procure em vão.


Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer.


Que pobre o coração que não sabe amar
e não conhece o delírio da paixão.
Se não amas, que sol pode te aquecer,
ou que lua te consolar?


Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite
a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.
Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;
o meu remorso será leve como os teus cabelos.


Não me lembro do dia em que nasci;
não sei em que dia morrerei.
Vem, minha doce amiga, vamos beber deste copo
e esquecer a nossa incurável ignorância.


Quando me falam das delícias que na outra vida
os eleitos irão gozar, respondo:
Confio no vinho, não em promessas;
o som dos tambores só é belo ao longe.


Bebe o teu vinho. Vais dormir muito tempo
debaixo da terra, sem amigos, sem mulheres.
Confio-te um grande segredo:
As tulipas murchas não reflorescem mais.


Podes me perseguir, miragem de outra ventura,
podes modular a tua voz, mas só escuto aquela
que já me encantou. Dizem-me: Deus te perdoará.
Recuso o perdão que não pedi.


Um pouco de pão, um pouco de água,
a sombra de uma árvore, e o teu olhar;
nenhum sultão é mais feliz do que eu,
e nenhum mendigo é mais triste.


Do meu túmulo virá um tal perfume de vinho
que embriagará os que por lá passarem,
e uma tal serenidade vai pairar ali,
que os amantes não quererão se afastar.


Alguns amigos me dizem: Não bebas mais Khayyam.
Respondo: Quando bebo, ouço o que me dizem
as rosas, as tulipas, os jasmins;
ouço até o que não me diz a minha amada.


A abóbada celeste se parece a uma taça emborcada;
sob ela, em vão, erram os sábios.
Ama a tua amada como a ânfora ama o copo;
olha, boca a boca, ela lhe dá o seu próprio sangue.


Um dia pedi a um velho sábio
que me falasse sobre os que já se foram.
Ele disse:
Não voltarão. Eis o que sei.


Muitos se inspiraram no Omar Khayya. Fernando Pessoa quando morreu, deixou na gaveta uma tradução em inglês do Rubaiyat toda anotada e rabiscada. Deixo aqui o link

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Dizeres

Realidade é uma ilusão que ocorre devido a falta de álcool.

Ericeira
(nem sempre faz sol na Ericeira)

"Eu bebo, não é por vício, não é por nada, é porque eu vejo no fundo do copo, o vulto da mulher amada. Se eu não beber a cerveja espumada, ela vai morrer afogada. É por isso que eu bebo sempre sem parada, e com o coração encharcado de pinga e cevada!"

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Voltei às fotos, iupiii!

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Em tempos trabalhei com um consultor da KPMG (KGB para nós :)) que andava sempre com um caderninho na mão.
Uma das coisas que lá tinha era o seguinte:

Eu tenho os seguintes direitos
1. Pedir o que quero. Reconhecendo que os outros têm o direito equivalente de dizer não.
2. Ter as minhas opiniões e valores e de as exprimir.
3. Tomar consciência das minhas opiniões e ser capaz de mudar de ideias.
4. Tomar as minhas decisões e assumir as consequências.
5. Declinar toda a responsabilidade pelo destino e problemas de outras pessoas.
6. Ter a minha privacidade, de estar sozinho e ser independente.
7. Dizer "Não quero saber nem perceber".
8. Ser afirmativo e no entanto mudar-me.
9. Relacionar-me com outros sem estar dependente da sua aprovação.

Falsas crenças auto-destrutivas a evitar
a) Tenho que ser apreciado por todos
b) As pessoas devem gostar de mim
c) Devo ser perfeito em tudo o que faço
d) Todas as pessoas com quem vivo e trabalho devem ser perfeitas
e) Tenho pouco ou nenhum controle sobre o meu destino
f) É melhor evitar as dificuldades
g) A discórdia e o conflito são desastres destrutivos a evitar a todo o custo
h) As pessoas, incluindo eu próprio, não podem mudar
i) Algumas pessoas são sempre boas, outras sempre más
j) O mundo deve ser perfeito e é inaceitável que o não seja
k) As pessoas são frágeis e devem ser protegidas da verdade
l) As pessoas existem para me fazer feliz
m) As crises são invariavelmente más e nada de bom pode vir delas
n) A solução perfeita existe, tudo o que tenho a fazer é procurá-la
o) Ninguém, incluindo eu, deve ter problemas, estes revelam incompetência
p) Só há uma maneira verdadeira de ver as questões

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A malta gosta de listas por isso aqui vai uma lista

Passamos 3 biliões de horas por semana a jogar em consolas, apesar de poucos acharem que jogar seja algo importante para fazer na vida.

Não estou a ver alguém, depois de saber que só tem um mês de vida, dizer é pá, tenho que me despachar para ver se ainda consigo chegar ao nível 20.

Então o que é importante?
Não pergunto para que serve, porque as únicas respostas verdadeiras, são verdadeiramente deprimentes.

Mas o que vale a pena fazer? Será que nos dedicamos mesmo a fazer aquilo que queremos fazer na vida?

Um enfermeira que tratava de doentes terminais, recolheu os desejos mais comuns de quem está a chegar ao fim da vida:
- Gostava de ter tido a coragem de viver a minha vida, e não a que os outros esperavam de mim
- Não devia ter trabalhado tanto
- Gostava de ter tido a coragem de expressar os meus sentimentos
- Devia ter mantido contacto com os amigos
- Devia ter-me permitido ser mais feliz

É de notar que sexo e saltar de pára-quedas não estão na lista.

Jane McGonigal (TED) - The game that can give you 10 extra years of life
Jane McGonigal

Um dos exercícios que a fulana pediu ao publico foi dar aperto de mão ao vizinho do lado durante seis segundos ou então mandar uma mensagem a alguém.
Reparei na mulher de riscas a meio da imagem, que foi das poucas a mandar um sms, e também das mais sisudas da plateia.
Diz a Jane que o toque tem um efeito quimico, quem escolheu apertar a mão fica mais inclinado a gostar e a ajudar o outro.

E isso não é bom? Ora vamos lá começar a cumprimentar, tocar, abraçar e beijar muito mais 🙂

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