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Sol

Da vaidade

marques de pombalAqui há dias fiz um comentário num blogue dum Homem que tem o mesmo nome dum poeta de que gosto muito. Achei curiosa a coincidência e disse-lhe isso mesmo. E até passei a seguir o blogue.
Mas o tal Homem pelos vistos ofendeu-se. E domingo pela manhã veio deixar uma prendinha no meu blogue.

Diz ele que que as pessoas com o nome dele “têm uma coisa em comum. São Homens!. Alguns também são poetas… e pelo que diz a voz do povo; Bons poetas.”

E depois fez questão de salientar a minha menoridade:
“Já no meu país, tal como no teu, há muitos homemzinhos com o nome de Luís Rodrigues… Mas não consta que sejam grandes poetas.”

Primeiro devo dizer que não gosto da malta que vai lavar a roupa suja para casa dos outros. Em casa são uns santinhos, fora dela cospem para o chão. Não vejo razão para vir aqui responder a um comentário feito no blogue dele.

Acredito que cada homem é enorme, e que em algo do que faz existe uma grandeza que não precisa nem exige estátuas. Ainda sonho com um mundo de homens justos e iguais.

Sobre a poesia, não me parece que ser poeta seja profissão. Acho um pouco ridículo quem se intitula poeta, tipo Joaquim Silva, canalizador. A poesia é ter uma estranheza, uma inquietação em si, e depois conseguir passá-la a outros por palavras.

Pela minha parte não é fama nem grandeza que procuro (já sou grande em tamanho :), e muito menos ser poeta. Escrevo aqui quando me apetece escrever, por isso posso fazer 5 posts numa hora ou nenhum em dois meses. Acontece muitas vezes apagar o que fiz, por não gostar. Mas também tenho coisas que lembro com orgulho mal disfarçado.

E dizendo as coisas com as letras todas, chateia-me que por causa disso tenha que gramar bocas de malta com egos mal resolvidos, e que com isso se apoucam.

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Estou farto

Estou FartoEstou farto
desta ausência entre lençóis
do sono que há
no pesadelo que me sou
não levo veias nem vinho nem deus
só as unhas dentro dos bolsos
e o lugar do salgueiro

Ser mais terra que nunca
pedra de calçada com pés por cima
ter um buraco na sola
e haver mijo no chão
tenho nojo das manhãs
húmidas e solenes

Quando da noite me faço homem
a manhã da noite se faz dia
e eu não caibo nos restos
da noite que sobrou

Parto
e não há aqueduto que eleve
as águas que correm baixinho
como se fora choro de erva.

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Google nos exames? Elementar, meu caro Watson!

Li um artigo sobre os prós e contra do acesso à internet nos exames. Em resumo, os argumentos a favor andavam à volta da importância de saber pesquisar e analisar informação para resolver as questões. Ou seja, mais que debitar respostas memorizadas, pôr o foco na capacidade de pensar.

Confessso, que para mim foi um choque. Como se pode defender descaradamente o que até hoje ainda via como “copiar”? Mas na verdade faz sentido. Tanto, que os defensores do não, não tinham melhor argumento que ser uma perda de tempo ter que pesquisar durante os exames. Se o conhecimento já vier na cabeça, pode-se partir logo para a análise sem ter que perder tempo à procura. Pobre argumento…

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Draghi, Lagarde, Merkel e Hollande debatem em Berlim proposta para a Grécia

A democracia à europeia reuniu-se ontem à noite para decidir sobre o futuro da Grécia.

Os gregos que inventaram a palavra, podem pensar com razão, foda-se mas eu não elegi estes gajos!

Já vi a Europa como um projecto bonito de união e solidariedade. Mas a partir de agora, quando me aleijar digo: Europa!!!!

Obrigado, meus senhores, pelo novo palavrão.

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que se lixe, vou arrochar com o kierkegaard prá praia

Se bem que o gaijo nem precisa de ninguém para se entreter: ‘a obra inicial de Kierkegaard foi escrita sob vários pseudónimos que apresentam cada um deles os seus pontos de vista distintivos e que interagem uns com os outros’.

‘Ele atribui pseudónimos para explorar pontos de vista particulares, que em alguns casos chegam a ocupar vários livros, e Kierkegaard, ou outro pseudónimo, critica essas posições.’
Lembro-me que, na época em que falava, era conhecido pelas pausas que fazia. Parte dessas pausas eram porque me acontecia a meio duma frase começar a discordar dessa mesma frase.
Fazer isso em livros também tem pica.

‘Os académicos têm interpretado Kierkegaard de maneiras variadas, entre outras como existencialista, neo-ortodoxo, pós-modernista, humanista e individualista. Cruzando as fronteiras da filosofia, teologia, psicologia e literatura, tornou-se uma figura de grande influência para o pensamento contemporâneo. Está sepultado no Cemitério Assistens.’

Estou a gostar disto. Primeiro dos caganitas classificadores. E depois do remate da frase final.

Por falar em remate. O melhor golo que já vi em todos os meus tempos.

Vou mudar a fonte do blogue. Está-me a irritar. Pensando melhor, vou mudar tudo.

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Da cena do viral

De repente, a meio do filme, a luz apaga-se e nem imaginas o que acontece a seguir.

Esta é a última moda para conseguir que as pessoas façam o que querem que elas façam, ver o filme. Dizer que vai acontecer uma coisa sem dizer o que é.

E isto resulta melhor que dizer bem do filme. Para além de criativo e de pôr a alma aos pulos num domingo de manhã, está mesmo muito bem feito. Ela faz as vozes e instrumentos todos, cada um na sua caixinha, e depois sincroniza tudo com um resultado espectacular.

A primeira abordagem de convencer as pessoas resulta melhor porque mexe com o nosso subconsciente. Toleramos mal a falta, o perder, o não saber. Daí o ímpeto de ir ver o que acontece no fim do video, mesmo sabendo que não vai ser nada de especial.
Lembro-me de na escola ouvir a teoria que as coisas inacabadas ou incompletas criam um estado de tensão interior nas gentes. É isso.

E lembro-me de um teste que vi numa sessão do TED. Imagina que tens 1000 euros. Atiras uma moeda ao ar e se errares ficas com os mesmos 1000 euros, acertando com 2000 e não jogando ganhas 500 pela certa. A maioria joga pelo seguro, e mete os 500 euros ao bolso.
Outro cenário, desta vez tens 2000 euros, acertando ficas com os 2000 euros, errando com 1000, e não jogando perdes 500. Nesta situação mais gente arrisca para não perder os 500 euros.

Mas porquê? Objectivamente a situação é a mesma. Pela certa temos uma variação na bolsa de 500 euros, arriscando a variação pode ser zero ou mil.

O que se extrai daqui são duas tendências das pessoas: aversão a perder e dificuldade em pensar em termos absolutos.
Faz-nos toda a diferença se vamos ter mais ou menos, mesmo que a diferença seja a mesma.

Mais engraçado, macacos postos perante o mesmo tipo de escolha fazem o mesmo que nós. Ainda mais engraçado é que as decisões na alta finança seguem a mesma ‘lógica’. O que não é muito animador, saber que se pusermos macacos a gerir os bancos eles vão fazer as mesmas asneiras que os humanos.

Ah e sim, gosto muito deste video mesmo que a luz não se apague no fim e não acontece nada de especial.

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Isto, meus amigos, é exaltação. Exaltação feita de cimento e lágrima.

Amou daquela vez como se fosse a última Amou daquela vez como se fosse o último Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a única Beijou sua mulher como se fosse lógico
E cada filho seu como se fosse o único E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo tímido E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse máquina Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse sábado Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se ouvisse música Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse sábado E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote flácido E se acabou no chão feito um pacote tímido E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Agonizou no meio do passeio público Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego Morreu na contramão atrapalhando o público Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

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