Opiniões fazem falta, boas ou más, certas ou erradas, que não sejam repetições.
Dizer que a vida está cara, por mais certo que esteja, não muda nada.
Vinha no carro a ouvir um escritor que se dizia de sucesso, e que no entanto confundia extremismo com intolerância. Que as pessoas se têm que respeitar, etc. e tal.
Quem tem ideias extremistas e radicais pode ser muito tolerante. Acho até que ser tolerante implica ser radical. A norma aceite é censurar, calar e proibir tudo o que é “falso” e tudo o que é “extremista”.
De todas as vezes em que ouvi chamar ou considerar alguém, incluindo a mim, de opinativo / opinativa foi em modo depreciativo.
E de todas essas vezes, as opiniões em jogo não estavam alinhadas com as das pessoas que consideraram outras de opinativas com esse peso negativo.
Não sei se é a maioria ou não, mas acontece muito afirmar-se em abstracto que se valoriza e se dá atenção a um leque diversificado de opiniões e que é positivo expressar-se a opinião, e depois nas situações concretas em que se emite opinião diferente da que se quer ouvir, desvalorizar-se ou até ser-se agressivo.
Também reparo que por vezes se pergunta a opinião pela necessidade de aprovação. Por exemplo quando se pergunta a opinião sobre algo mais pessoal e se espera ouvir um sim sobre algo que se tem, fez, etc., não pressupondo ou admitindo a negativa.
Quando se pergunta a opinião, deve-se considerar e admitir que há pelo menos duas hipóteses, a concordância e a discordância, e se não se estiver preparado ou não houver interesse em ouvir a negativa, não faz sentido perguntar.
Opiniões que envolvem pessoas são sempre complicados, é preciso alguma delicadeza.
Opiniões sobre factos, coisas deviam ser mais simples, mas não são. O que tem menos explicação.
Lembro-me quando era puto e se estava em grupos as conversas eram sempre alguém a contar historias, raramente se opinava ou argumentava, que é coisa que gosto imenso de fazer 🙂