E há ali uma associação a um post de 2013 que nunca muda, por muitas vezes que se entre aqui:
“A verdade é esta, já nada me devia meter medo. E no entanto tenho medo.
Um dia vou tentar escrever como quem pinta, a atirar cores para a tela.”
Indo por aqui, parece-me que nunca perdemos o medo. Há mudanças em relação ao que nos provoca medo, mas em termos de densidade não creio que se atenue. Pelo contrário. O reverso da medalha da responsabilidade. Também a conjuntura dos últimos tempos, com uma sociedade cada vez mais individualista e consumista, de que já havia sinais no início da segunda metade do século XX, parece ajudar a este festim do medo.
E o individualismo, a percepção de estarmos sós em muito, alimenta aquele animal danado feito solidão, feito medo.
Olho para o comentário do Cássio e ocorre-me perguntar: “O que é a verdade?”
Uma pergunta que muitas vezes faço apenas para mim, sobretudo quando me questionam se o que escrevo é verdade. Sim. É isso que respondo.
A verdade, no pensar e em determinadas áreas, não é feita apenas do factual. Neste sentido, quando a imaginação e pedaços de desejo ou de repulsa se misturam com o real, a verdade pode dar numa grande mentira, sim. Também acontece com as interpretações que fazemos.
Reparo que escreveste branco no preto. Sem qualquer elemento que pudesse suscitar distracção.
Sim, de acordo com essa interpretação, talvez possamos dizer que o medo é mais ‘objectivo’ que a verdade.
Mas há aqui um aspecto que anda a atazanar-me desde que li aquelas quatro palavras.
A diferença que existe entre fazer esta afirmação de modo informal, uma expressão corrente do dia-a-dia, algo que se diz de passagem, e a verdade que está associada à área da investigação (científica, policial, por exemplo). Neste último caso, a verdade não pode ser uma treta.
A verdade de cada um tem limites. Tem de ter para que a vida seja (minimamente) viável.
Começaste bem, depois vieste com atazanar verbo injustamente desvalorizado e acabaste com uma dúvida filha da puta
O que é preciso para que a vida seja minimamente viável.
De certeza que não sou só eu. O que quero dizer e o que o telefone pretende que escreva. Porra. Escrever já é difícil, não preciso da ajuda de um pedaço de plástico que posso esmagar na mão e de muito milhões que me podem esmagar nas calmas.
Cássio, ‘narrativa inventada’ aplica-se muito bem ao que quis dizer e ao que faço para espantar medos ou mitigar as dores causadas por eles, mas também como uma tentativa de agarrar desejos. Sem que tal seja uma mentira, falsidade.
E creio que é preciso contenção com a invenção de tal narrativa.
Fará sentido e terá efeitos positivos, até como auto-conhecimento, utilizá-la de quando em vez no plano pessoal e emocional. Exercícios e experiências que podem ajudar o eu interior.
Quanto ao ‘mundo de lá de fora’ é preciso usar de mais contenção, até porque existem mais intervenientes em jogo.
a verdade pode ser uma grande mentira. :-/
é verdade.
e de comprimento variável
E há ali uma associação a um post de 2013 que nunca muda, por muitas vezes que se entre aqui:
“A verdade é esta, já nada me devia meter medo. E no entanto tenho medo.
Um dia vou tentar escrever como quem pinta, a atirar cores para a tela.”
Indo por aqui, parece-me que nunca perdemos o medo. Há mudanças em relação ao que nos provoca medo, mas em termos de densidade não creio que se atenue. Pelo contrário. O reverso da medalha da responsabilidade. Também a conjuntura dos últimos tempos, com uma sociedade cada vez mais individualista e consumista, de que já havia sinais no início da segunda metade do século XX, parece ajudar a este festim do medo.
E o individualismo, a percepção de estarmos sós em muito, alimenta aquele animal danado feito solidão, feito medo.
Olho para o comentário do Cássio e ocorre-me perguntar: “O que é a verdade?”
Uma pergunta que muitas vezes faço apenas para mim, sobretudo quando me questionam se o que escrevo é verdade. Sim. É isso que respondo.
A verdade, no pensar e em determinadas áreas, não é feita apenas do factual. Neste sentido, quando a imaginação e pedaços de desejo ou de repulsa se misturam com o real, a verdade pode dar numa grande mentira, sim. Também acontece com as interpretações que fazemos.
Reparo que escreveste branco no preto. Sem qualquer elemento que pudesse suscitar distracção.
a verdade é uma treta, é uma palavra que se escreve e serve para tudo, é nada
já o medo sente-se
Fui ver ver as vezes que disse ‘a verdade é esta’, e de todas as vezes havia um desejo por trás
Sim, de acordo com essa interpretação, talvez possamos dizer que o medo é mais ‘objectivo’ que a verdade.
Mas há aqui um aspecto que anda a atazanar-me desde que li aquelas quatro palavras.
A diferença que existe entre fazer esta afirmação de modo informal, uma expressão corrente do dia-a-dia, algo que se diz de passagem, e a verdade que está associada à área da investigação (científica, policial, por exemplo). Neste último caso, a verdade não pode ser uma treta.
A verdade de cada um tem limites. Tem de ter para que a vida seja (minimamente) viável.
Começaste bem, depois vieste com atazanar verbo injustamente desvalorizado e acabaste com uma dúvida filha da puta
O que é preciso para que a vida seja minimamente viável.
De certeza que não sou só eu. O que quero dizer e o que o telefone pretende que escreva. Porra. Escrever já é difícil, não preciso da ajuda de um pedaço de plástico que posso esmagar na mão e de muito milhões que me podem esmagar nas calmas.
A verdade pode, então, ser uma narrativa inventada para mitigar as dores gástricas causadas pelo medo.
Cássio, ‘narrativa inventada’ aplica-se muito bem ao que quis dizer e ao que faço para espantar medos ou mitigar as dores causadas por eles, mas também como uma tentativa de agarrar desejos. Sem que tal seja uma mentira, falsidade.
E creio que é preciso contenção com a invenção de tal narrativa.
Fará sentido e terá efeitos positivos, até como auto-conhecimento, utilizá-la de quando em vez no plano pessoal e emocional. Exercícios e experiências que podem ajudar o eu interior.
Quanto ao ‘mundo de lá de fora’ é preciso usar de mais contenção, até porque existem mais intervenientes em jogo.
Essa verdade é a tua.
Cada um tem a sua e será bom que esteja aberta às verdades dos outros
essa verdade está sempre estupidamente aberta