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10 comments

  1. E há ali uma associação a um post de 2013 que nunca muda, por muitas vezes que se entre aqui:
    “A verdade é esta, já nada me devia meter medo. E no entanto tenho medo.
    Um dia vou tentar escrever como quem pinta, a atirar cores para a tela.”
    Indo por aqui, parece-me que nunca perdemos o medo. Há mudanças em relação ao que nos provoca medo, mas em termos de densidade não creio que se atenue. Pelo contrário. O reverso da medalha da responsabilidade. Também a conjuntura dos últimos tempos, com uma sociedade cada vez mais individualista e consumista, de que já havia sinais no início da segunda metade do século XX, parece ajudar a este festim do medo.
    E o individualismo, a percepção de estarmos sós em muito, alimenta aquele animal danado feito solidão, feito medo.

    Olho para o comentário do Cássio e ocorre-me perguntar: “O que é a verdade?”
    Uma pergunta que muitas vezes faço apenas para mim, sobretudo quando me questionam se o que escrevo é verdade. Sim. É isso que respondo.
    A verdade, no pensar e em determinadas áreas, não é feita apenas do factual. Neste sentido, quando a imaginação e pedaços de desejo ou de repulsa se misturam com o real, a verdade pode dar numa grande mentira, sim. Também acontece com as interpretações que fazemos.

    Reparo que escreveste branco no preto. Sem qualquer elemento que pudesse suscitar distracção.

    1. a verdade é uma treta, é uma palavra que se escreve e serve para tudo, é nada
      já o medo sente-se

      Fui ver ver as vezes que disse ‘a verdade é esta’, e de todas as vezes havia um desejo por trás

      1. Sim, de acordo com essa interpretação, talvez possamos dizer que o medo é mais ‘objectivo’ que a verdade.

        Mas há aqui um aspecto que anda a atazanar-me desde que li aquelas quatro palavras.
        A diferença que existe entre fazer esta afirmação de modo informal, uma expressão corrente do dia-a-dia, algo que se diz de passagem, e a verdade que está associada à área da investigação (científica, policial, por exemplo). Neste último caso, a verdade não pode ser uma treta.
        A verdade de cada um tem limites. Tem de ter para que a vida seja (minimamente) viável.

        1. Começaste bem, depois vieste com atazanar verbo injustamente desvalorizado e acabaste com uma dúvida filha da puta
          O que é preciso para que a vida seja minimamente viável.

          De certeza que não sou só eu. O que quero dizer e o que o telefone pretende que escreva. Porra. Escrever já é difícil, não preciso da ajuda de um pedaço de plástico que posso esmagar na mão e de muito milhões que me podem esmagar nas calmas.

    2. A verdade pode, então, ser uma narrativa inventada para mitigar as dores gástricas causadas pelo medo.

      1. Cássio, ‘narrativa inventada’ aplica-se muito bem ao que quis dizer e ao que faço para espantar medos ou mitigar as dores causadas por eles, mas também como uma tentativa de agarrar desejos. Sem que tal seja uma mentira, falsidade.

        E creio que é preciso contenção com a invenção de tal narrativa.
        Fará sentido e terá efeitos positivos, até como auto-conhecimento, utilizá-la de quando em vez no plano pessoal e emocional. Exercícios e experiências que podem ajudar o eu interior.
        Quanto ao ‘mundo de lá de fora’ é preciso usar de mais contenção, até porque existem mais intervenientes em jogo.

  2. Essa verdade é a tua.
    Cada um tem a sua e será bom que esteja aberta às verdades dos outros

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