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há coisas que podia dizer, às vezes até me apetece
e até diria, se tivesse maneira de descobrir o que vale a pena dizer

1 comment

  1. Há coisas que não vale a pena dizer.
    Pelo menos estas:
    – As que já dissemos algumas vezes ou muitas e nada se alterou ou ninguém nos ouviu; portanto, voltar a dizer é uma perda de tempo e até uma atitude masoquista;
    – As que se encaixam numa espécie de sinceridade sem rei nem roque, como costumo designar o que é opinar sobre tudo o que interfere com outros com quem nos temos de relacionar, que até magoa ou há essa possibilidade, e em que o dizer não altera o facto de terem de interagir. Por exemplo, se eu disser a uma pessoa do meu grupo de trabalho que não gosto dela, esta declaração de sinceridade é uma estupidez, para além de colar com falhas mais graves ao nível da inteligência emocional e social. É uma sinceridade sem freio, que não foi bem aquilatada e que tem pernas para trazer algo de mau.

    Há quem defenda que não se deve dizer o que se pensa (já não me refiro ao fel ali detrás), se tal colidir com a opinião de outros, pelo menos dos mais próximos, para não magoar, para não ferir. Discordo e cada vez mais digo o que penso, que é uma forma de respeitar os meus princípios. O lado amargo, ou talvez nem tanto, é ‘perderem-se’ pessoas. Nem tanto porque se não aceitam bem outras posições e até formas de estar, o melhor é afastarem-se ou reformular-se o ‘modelo’ de contacto.

    E agora vem a parte que mais me agrada.
    Vale a pena dizer pela escrita (pelo desenho, pela pintura…) tudo o que tivermos vontade de dizer. E podemos fazê-lo de forma a não escancarar a nossa vida e sem magoar. Por exemplo, na escrita pode-se utilizar uma linguagem ‘encriptada’ no que se entender não revelar ou então ´baralhar’ dados.
    É um exercício de libertação, na medida em que registamos o que pensamos e sentimos, e damos a conhecer de uma forma que ao mesmo tempo nos preserva.
    O blogue tem-me servido bastante para isso, embora não tivesse esse objectivo inicial; descobri com o tempo. Também, é uma boa maneira de exercitar uma escrita fiel e que não fere mesmo quando é violenta.

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