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nos melhores momentos da minha vida, não estava a escrever
mas quando sou capaz de escrever, é bom sinal
mesmo que seja só isto

3 comments

  1. Por causa dos melhores e dos piores momentos da vida…

    Até porque de vez em quando penso nisso e acho curioso, estranho ou engraçado, quando oiço “o melhor momento da minha vida foi…”

    Sei identificar com precisão os piores momentos da minha vida, mas não consigo fazê-lo com os melhores.

    Ao que parece, isto é normal e é bom. Significa que houve mais de bom. Se não houvesse, dávamos um tiro nos miolos.

    Também, e isto já não sei se é tão regular ou normal, aconteceu-me e acontece-me que aquilo que me sabe especialmente bem num momento, tem tendência a perder parte dessa importância que lhe atribui na altura. Não é deixar de considerar que foi bom, mas sim o facto de não o destacar como tal e de se misturar com a espuma dos dias.

    Não sei se isto se deve à idade, se a um relativismo a que sou “obrigada” a fazer para sobreviver de cabeça, se a um desenraizamento de mim, se a outras razões.

    Dificilmente eu utilizaria essa expressão “nos melhores momentos da minha vida” porque não sei ao que fiz a essas memórias e talvez tivesse perdido a capacidade de hierarquizar memórias comigo dentro.
    Mas tenho a sensação que isto não é bom.

    1. Também não sei qual foi “o” melhor momento da minha vida, Duvido que exista e na verdade nem me interessa.
      E desconfio que os momentos guardados na memória com o tempo vão ficando baços.

      Mas o ponto principal que queria fazer com este post, é que não há momento nenhum, bom ou mau, de que me lembre, em que esteja a escrever.
      Escrever em si não é coisa recordável, nem ficam associados a esse momentos bons ou maus que ficam na memória.

      O estranho é que olhando para trás, as coisas que escrevi de jeito, forma nesses momentos da vida.

  2. Pois é… Parece que não é comum estar-se a escrever nos momentos melhores e nos piores (ou que recordamos assim), mas sim escrever-se sobre eles.

    Isto fez-me lembrar aquela “discussão” acerca dos sentimentos e emoções que alimentam mais a escrita de tipo intimista, em especial a poesia. Parece que existem mais opiniões a mencionar a tristeza, que é tida como boa alavanca do processo criativo a este nível. Também há uma “corrente” expressiva em número que afirma ser nos picos de tristeza ou de alegria e felicidade. A “normalidade”, e sobretudo a vidinha, não parece ser grande ajuda; o que transborda sim.

    Também se “discute” acerca da escrita estar ou não associada à quantidade do que falamos. Por exemplo, se o escrever mais decorre em boa parte de se falar pouco.
    Por mim e do que observo, julgo que na maior parte dos casos há ligação e que é desse tipo inversamente proporcional. Com os escritores, e sobretudo com os poetas, acontece bastante.
    Há uns anos li “No teu deserto – Quase romance” e uma das passagens que fixei foi a que explicava isto muito bem com linguagem simples.

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