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5 comments

  1. Vou ser sincero contigo, Luis. Cheguei a temer seriamente pela tua vida.
    Uma quinta-feira de maio perdida no calendário… e sem aviso prévio.

    Eu me consolava pensando que, como fazem com tudo, nas circunstâncias pelas quais estamos passando, você decidiu adiá-lo para o próximo ano. Em outras palavras, que você preferiu viver o tempo restante de 2020 em 2021. E, logicamente, assim é como sería vivida a tua vida a partir de então, com esse atraso, desde que não haja motivo para um novo adiamento.

    A construção da estrutura primária do meu cérebro, como a de tantos outros e outras ao meu redor, foi confiada aos padres católicos, e eles usaram como andaime algo que chamavam parábolas postas em boca de Jesus deus, intercaladas de hipérboles.

    Uma das mais populares, e que mais calmas também deixava as almas dos paroquianos após a missa, era a parábola do pastor e da ovelha perdida, que, elevando o plano da história ao céu, concluía com uma sentencia famosa: “Há mais alegria no céu por uma ovelha perdida que retorna ao rebanho do que pelas 99 restantes que nunca o abandonaram ”

    Essa parábola é justo o que eu preciso para explicar o que agora sinto: há mais alegria na terra por uma pessoa morta que volta à vida do que por 99 que nunca morreram. Infelizmente não muito frequentemente.

    Minha alegria pelo teu retorno à vida mortal transborda as margens impostas pelo Decreto de Alarme em fase 1.

    Um forte abraço.

    PD. Acabo de ler o seguinte título de noticia da BBC:
    “Coronavírus: por que Portugal tem uma taxa de mortalidade 32 vezes menor do que sua vizinha Espanha (e o papel incomum de sua classe política)”

    Nâo lhe deem voltas. Em Portugal só se morre de saudade, ou por descuido.
    E, embora, infelizmente também, não seja muito frequente, alguns se arrependem e voltam à vida. Na Galiza, preferem optar por se juntar à Santa Companha e passear eternamente pelas corredoiras e congostras do país que ainda fican.

    NB. Nâo consegui deixar esta resposta no caixilho onde correspondía do “Obituário”

    1. Que tema .. quem me mandou morrer numa quinta feira ao fim da tarde?

      Morrer só tem graça para dar graça à vida sem graça.

      Por causa dessas ovelhas é que a malta faz as piores parvoíces.
      Toda a gente quer ser a uma ovelha. Nem interessa o motivo pelo qual se é a uma ovelha.
      É preciso aparecer, é preciso existir. Esta necessidade de validação externa, deixa-me uma dúvida.
      Tenho a mania de que não preciso, mas não será por ter a suficiente? Será que existiria só por mim?
      E isso é coisa que se procure ou não?

      Posto isto. Acabei de ver este episódio enquanto almoçava

      1. PS. Sabes porque se morre menos em Portugal? Aqui na terra o que devia matar entra por um ouvido e sai por outro. Ou nem entra em ouvido nenhum.

        Depois de imensas negociações e propaganda, deu-se um aumento extraordinário de 10 euros aos pensionistas que vivem quase na miséria. Esta medida custa 100 milhões de euros.

        Num fim de semana destes o ministro das finanças resolveu dar 800 milhões de euros a um banco. Porque lhe apeteceu e sem dar cavaco ao primeiro ministro e muito menos aos portugueses.

        Esse banco é privado. A administração é tão boa que este ano vai levar para casa 2 milhões de euros de bónus.
        Pudera, conseguiram sacar 200 euros do bolso de cada trabalhador português sem que ninguém refile.
        E para além dos bónus há as offshores que quem decide não pode receber ás claras.
        E ninguém lhes dá um murro no focinho.

        Será esse o tal papel incomum da nossa classe politica?

  2. Luis, olha a charge do Carrabouxo: https://carrabouxo.es/2020/05/08/carra7-5-20/

    Simancas, ex-candidato a Alcalde de Madrid pelo PSOE, ha poucos dias, diz:
    “O problema da Espanha e que nela está Madrid”

    Eu pelo contrario penso que o problema real é que Espanha está en Madrid, e a cada pouco, mais.
    E continuo amando Portugal.

    1. Está giro 🙂

      Há quem se queixe do estado das coisas, que estão mal.

      Eu se me queixasse seria do estado. Que nos faz mal.

      E não me queixo porque em boa parte já não acredito que adiante. E essa é umas coisas que admiro em ti, não te cansas de lutar.
      Como dizia o Brecht, esses são os imprescindíveis.

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