Andei a pensar um bocado no assunto e julgo que é preciso interpretar o vazio consoante esta distinção: se se trata de algo material ou físico ou se se trata do ser humano.
Sendo que apenas o ‘material’ pode ser vazio. O humano não pode ser vazio ou atingir o vazio, nem no momento do nascimento, nem chegar posteriormente a essa condição.
Quando se diz ‘sinto-me vazio’, existe algo, existe muito, mas em confusão. Em termos emocionais, o vazio não será antes o caos?
Em psiquiatria e em psicologia é comum ser utilizada essa expressão para significar desconexão, ausência de sentido. Há bulas de certos medicamentos que referem este efeito secundário
O vazio é ou pode ser o campo de muitas possibilidades.
No que é material ou físico, preenche-se através da construção; nas pessoas é mais uma reconstrução ou reorganização.
E aqui ponho-me a pensar na razão de aquele rectângulo ali de cima ser preto… Porque não branco? Ou metade/metade?
Diria que o vazio para o material, é branco. Porque o processo de construção é brilhante, a soma de todas as cores-luz, que é assim que se obtém o branco.
Já nas pessoas, o vazio é negro, algo sofrido e denso. Preto enquanto junção de todas as cores-pigmento, que é assim que se chega a ele.
Estou a lembrar-me que o vazio tem sido alvo de várias disciplinas e artes.
Na arquitectura e na escultura, no passado e agora.
Por exemplo, o chileno Alejandro Aravena, responsável pelo novo edifício da EDP em Lisboa (estará concluído em 2020, prevê-se) explicou a importância de se estar receptivo ao vazio, para melhor “beber” o que há à volta.
Também o escultor basco Jorge Oteiza, o homem da “estética do vazio”, explorou a questão da receptividade a partir do vazio, com as suas “esculturas dinâmicas”. “A construção vazia”, que é assim que se chama a enorme escultura de ferro, com grandes aberturas e situada em San Sebastián, junto do mar Cantábrico, permite inúmeras leituras e diálogos terra-mar.
A artista plástica Fernanda Fragateiro é autora da “Caixa para guardar o vazio”, ‘cenário’ de uma performance de dança de Aldara Bizarro. “Há apenas o vazio e os participantes – bailarinos e visitantes – encontram-se consigo próprios.”
Na literatura, recordo-me de “A construção do vazio”, da Patrícia Reis. É a história de Sofia, uma miúda que sobrevive a uma relação de violência e abuso e cresce com a convicção de que a maldade supera tudo. Abriga-se na amizade de três homens e vive sem desejo, sem vontade, de construção em construção, sendo o vazio o objectivo final.
O Júdice em parceria com o Duarte Belo tem “A geografia do caos”, uma abordagem poético-fotográfica.
O vazio é luz, brilhante, dia, primavera ou verão, branco… ou baço, pigmento, escuro, noite, outono ou inverno… consoante a abordagem, conforme ele está exterior a nós ou do lado de dentro. É assim que interpreto o vazio.
Neste caso não se chega ao vazio, como já afirmei ali em cima com convicção 😉
(Mas sei isso há poucos anos.)
Em nós, nas pessoas, o vazio com significado de nada, não existe; é uma forma de dizer caos.
Embora esse vazio não exista, se alguém te disser que se sente vazio, acredita ou pelo menos não desvalorizes na totalidade. Precisa de se reconstruir (então tem muita coisa, não é?) e não sabe como fazê-lo.
Mas sim, pode-se chegar a algo sem se saber de antemão o que é. Às vezes não se ouve “no que me transformei… nem sei como aconteceu”, “não imaginava que viesse a ficar assim, que era algo que não conhecia”.
Andei a pensar um bocado no assunto e julgo que é preciso interpretar o vazio consoante esta distinção: se se trata de algo material ou físico ou se se trata do ser humano.
Sendo que apenas o ‘material’ pode ser vazio. O humano não pode ser vazio ou atingir o vazio, nem no momento do nascimento, nem chegar posteriormente a essa condição.
Quando se diz ‘sinto-me vazio’, existe algo, existe muito, mas em confusão. Em termos emocionais, o vazio não será antes o caos?
Em psiquiatria e em psicologia é comum ser utilizada essa expressão para significar desconexão, ausência de sentido. Há bulas de certos medicamentos que referem este efeito secundário
O vazio é ou pode ser o campo de muitas possibilidades.
No que é material ou físico, preenche-se através da construção; nas pessoas é mais uma reconstrução ou reorganização.
E aqui ponho-me a pensar na razão de aquele rectângulo ali de cima ser preto… Porque não branco? Ou metade/metade?
Diria que o vazio para o material, é branco. Porque o processo de construção é brilhante, a soma de todas as cores-luz, que é assim que se obtém o branco.
Já nas pessoas, o vazio é negro, algo sofrido e denso. Preto enquanto junção de todas as cores-pigmento, que é assim que se chega a ele.
Estou a lembrar-me que o vazio tem sido alvo de várias disciplinas e artes.
Na arquitectura e na escultura, no passado e agora.
Por exemplo, o chileno Alejandro Aravena, responsável pelo novo edifício da EDP em Lisboa (estará concluído em 2020, prevê-se) explicou a importância de se estar receptivo ao vazio, para melhor “beber” o que há à volta.
Também o escultor basco Jorge Oteiza, o homem da “estética do vazio”, explorou a questão da receptividade a partir do vazio, com as suas “esculturas dinâmicas”. “A construção vazia”, que é assim que se chama a enorme escultura de ferro, com grandes aberturas e situada em San Sebastián, junto do mar Cantábrico, permite inúmeras leituras e diálogos terra-mar.
A artista plástica Fernanda Fragateiro é autora da “Caixa para guardar o vazio”, ‘cenário’ de uma performance de dança de Aldara Bizarro. “Há apenas o vazio e os participantes – bailarinos e visitantes – encontram-se consigo próprios.”
Na literatura, recordo-me de “A construção do vazio”, da Patrícia Reis. É a história de Sofia, uma miúda que sobrevive a uma relação de violência e abuso e cresce com a convicção de que a maldade supera tudo. Abriga-se na amizade de três homens e vive sem desejo, sem vontade, de construção em construção, sendo o vazio o objectivo final.
O Júdice em parceria com o Duarte Belo tem “A geografia do caos”, uma abordagem poético-fotográfica.
O vazio é luz, brilhante, dia, primavera ou verão, branco… ou baço, pigmento, escuro, noite, outono ou inverno… consoante a abordagem, conforme ele está exterior a nós ou do lado de dentro. É assim que interpreto o vazio.
como se chega a algo que não se sabe bem o que é?
Neste caso não se chega ao vazio, como já afirmei ali em cima com convicção 😉
(Mas sei isso há poucos anos.)
Em nós, nas pessoas, o vazio com significado de nada, não existe; é uma forma de dizer caos.
Embora esse vazio não exista, se alguém te disser que se sente vazio, acredita ou pelo menos não desvalorizes na totalidade. Precisa de se reconstruir (então tem muita coisa, não é?) e não sabe como fazê-lo.
Mas sim, pode-se chegar a algo sem se saber de antemão o que é. Às vezes não se ouve “no que me transformei… nem sei como aconteceu”, “não imaginava que viesse a ficar assim, que era algo que não conhecia”.
O nada não existe, pelo menos na natureza.
ou que não existe?