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A pensar

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Sou ateu. No entanto reparo que a maior parte dos meus princípios morais são os mesmos da Igreja Católica.

Talvez não seja tão ateu como penso que sou.
Porque sendo criado dentro duma Igreja, há coisas que ficam para sempre.

Um ateu criado como Budista, é mais próximo dos membros dessa religião, ou de mim?

Ou seja, um ateu é religioso no dia a dia, nos comportamentos.
A única diferença é que abdica da graça de pensar que no fim disto tudo vai ter uma recompensa.

4 comments

  1. A principal marca do ateísmo é o não acreditar em deuses.
    Tal não é incompatível com o tomar para si preceituados de uma determinada religião, desde que não seja atribuída a sua origem à divindade assim como a finalidade da sua obediência.
    Por exemplo, o quinto mandamento diz “não roubar”, que é um princípio tido como bom regulador das sociedades e genericamente aceite como um bem independentemente de quaisquer ligações com a divindade. Mas se se afirmar não mato porque só deus tem o direito de tirar a vida e usar-se esse argumento para justificar posição contra o aborto, a eutanásia, etc., então já entra a religião.

    Basicamente é isto que diferencia moral de religião, que não são conceitos coincidentes, embora estejam ligados.
    Em resumo, Kant disse: “Moral e religião estão ligadas de modo estreito, diferenciando-se apenas pelo facto de que na moral os deveres são praticados como princípios fundamentais de todo ser racional, e pelo facto de que esse último deve agir como membro de um sistema universal de fins, enquanto que na religião esses deveres são vistos como mandamentos de uma suprema vontade santa, pois que, as leis da moral são as únicas que estão de acordo com a ideia de uma suprema perfeição.”

    Portanto, não parece que essa dúvida “talvez não seja tão ateu…” deva ser colocada dessa forma. É que não há meio ateu ou ateu em pleno ou convicto. Ou se é ateu ou não se é. Caso haja dúvidas sobre a existência de divindade ou se acredite que não se pode provar (pode ou não existir, diz-se), então é-se agnóstico.
    Daí que também não esteja bem afirmar-se “um ateu é religioso no dia-a-dia…” Embora entenda, que é semelhante a isto que às vezes se ouve: “sou mais católico ou cristão do que aqueles que lá vão”.

    (Deve-se usar de especial elegância para contrariar e tenho dúvidas se o consegui :))

    Em princípio, esse ‘budista’ estará mais próximo do que vem dessa religião. Pela educação, hábitos, cultura de grupo…
    Mas se ele for ateu, estará no mesmo comprimento de onda que referes. Ambos podem seguir alguns princípios morais definidos nas respectivas doutrinas, mas não o fazem por causa de um deus.

    Claro que isto pode levar à pergunta: se não fosse educado como católico/budista, teria interiorizado os mesmos princípios?
    Respondo que sim e há múltiplos exemplos.

    1. Acho que não discordaste de mim, concordaste 🙂

  2. Estou completamente de acordo com a Isabel.

    Sou ateia, educada catolicamente e acho que pouco tenho tenho da moral cristã. Nem sequer estou de acordo com todos os sete mandamentos.

    Além da moral há a ética.

    1. Porque és do contra 😉

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