turning into dust
não quero ser nada do que não sou, e depois mais um bocado
que as paredes venham, o silêncio suba pelo corpo,
a noite inteira, centímetro a centímetro
se tivesse uma mala enchia-a de esquecimento e vinho
e esperava
estou destinado a ter medo
que o mar se apaga em qualquer janela
bebo aos joões e marias
que de cada pequena terça-feira
fazem uma onda
saí para comprar uma barragem e lágrimas
afazeres
reunir a cama, lavar os papeis, fazer o chão
despir-me, que os olhos pesam
quero aprender a pintar
vou pintar o antónio, o joão, a maria e um unicórnio cor de rosa que me veio dar a mão
se as pessoas são tão espertas, porque roubam as máquinas o trabalho às pessoas,
e não vejo pessoas a roubar o trabalho às máquinas?
fechemos a caneta, cansei-me, vou fazer um chá
o pior dos subúrbios é gerar suburbanos
Ouvi dizer que as mulheres envelhecem pelas mãos. Será verdade?
Uma pessoa de princípios é uma pessoa que não acaba?
dizer o que se deve dizer
ou dizer o que não se deve dizer?
No geral,
– pensar no que se diz e não dizer tudo o que se pensa
– ser honesto e usar de lisura não implica ser-se transparente
– ser honesto e verdadeiro não deve passar para o lado da arrogância e retirar-nos o lado agradável da relação com os outros
Um exemplo comezinho, mas que julgo poder ilustrar o que quero dizer: se eu não gostar da tua camisola não devo dizer; mas se me perguntares se gosto da tua camisola, devo dizer que não gosto. Mas se gostar da tua camisola, posso e devo dizer sem que perguntes.
Se estiveres a referir-te ao contexto a que o título da canção alude (bonita melodia!), deve-se ser agradável, dizendo ou não dizendo palavras. (Alguma coisa que haja para dizer em sentido contrário, (e tenho muitas reservas sobre o interesse e “utilidade” disso), é para outra altura e, mesmo assim pensado e dito com tacto/elegância.)
Há coisas que nascem da diferença
o caminho do que se deve fazer leva sempre ao mesmo sitio
é muita intelectualidade para eu poder responder
passo!
sabes como é, ponho sempre óculos, a mão no queixo, um livro debaixo do braço e olhar pensativo virado para o horizonte ?
(Por causa dos acrescentos à versão inicial)
Experimenta substituir subúrbios e suburbanos pelos equivalentes periferias e periféricos… (não serão subúrbios e derivados, palavras ‘demasiado’ engagées como diriam os franceses (e nós já dizemos) e por isso remetem bastante para impressão negativa que está associada?)
Outra experiência: substituir pior por melhor, tanto na colecção subúrbio como na periferia…
O dorso das mãos costuma apresentar mais cedo sinais de envelhecimento do que a pele do rosto, o que também é válido para os homens.
Diz-se mais isso em relação às mulheres, como outras coisas relacionadas com o envelhecimento físico são mais ditas em relação às mulheres, porque neste aspecto a idade é mais madrasta para elas. (Talvez o reverso e lado amargo de a idade/beleza/juventude ser mais valorizada nas mulheres jovens em relação aos homens da mesma idade.)
Normalmente uma mulher fica “fora” mais cedo, em vários territórios do micro e do macro mundo, embora essa diferença esteja mais atenuada em relação ao que sucedia há vinte ou trinta anos. E este ficar “fora” tem muito que ver com a aparência, com o cuidado que revela ter com essa parte. Às vezes apanho comentários e desabafos amargos sobre esta parte. Não me posiciono assim. Encaro mais como um desafio bom (e tento desafiar-me e contrariar isso por mais tempo), ao mesmo tempo que tento encarar como uma diferença tranquila.
Estou a lembrar-me do Almada, quando dizia gostar de pessoas que não acabam.
Eu também gosto de pessoas que não acabam. Também por isso. Para serem pessoas que não acabam, têm de ter princípios éticos. (As outras morrem na praia.)
Para além do novo que lhes está na alma, têm a possibilidade que nunca acaba de renovarem, fazerem, resolverem, inventarem.
Isabel Pires
é sempre um gosto enorme ler o que escreve
🙂
Obrigada, Kodak!
eu só não fiquei fora porque “mudei-me” para um companheiro mais novo
ele mantém-me na fila da frente
alguém extraordinário que…não se encontra por aí a pontapés
🙂
é mais fácil fazer ‘porcarias’ na fila de trás 😉
Isabel, resolvi aderir aos acrescentos só porque é o que não se deve fazer 🙂
detesto a cidade apesar de ter uma casa brutal em Lisboa, alugada a turistas de dinheiro não sei se ’tás a ver?
em três dias faço a mensalidade de um emprego topo de gama.
querem luxo ora tomem lá, parece Paris e o apartamento do Socratres
:)))
subúrbios epah o pior são os pretos e os ciganos…
:)))
até parece….;)
uma vez, publiquei os interiores da minha casa em Lisboa e fikou tudo parvo
gente como eu que pertence ás tais famílias tradicionais cinco estrelas
apelidos com K e A, tudo do Antigamente.
Heranças, pois claro
chiça!
não sabias, queres ver…
uma casa são tijolos, tijolo é barro, para que queres tu barro?
quero o barro para te construir a ti tijolo a tijolo
Não te aconselho, os meus pais começaram esse trabalho, depois cresci muito, acabou-se o tijolo e mandaram-me à vida
olha podemos fazer umas malgas pró chá, melhor empregue
não acredites quando falo de pretos e ciganos da maneira que falo. PURO SARCASMO!
exactamente
e agora deixo-te sem me despedir.
vou mas volto
agora tem mesmo de ser.
🙂
é por bem!
eu sei, eu percebo-te (mais ou menos 🙂 )
vai mas volta, por bem!
o envelhecimento é uma coisa fodida
não pela pele pela maneira desprezível
como os mais velhos
são tratados pelo pessoal dos hospitais públicos
ver para crer.
já vi e já mandei vir com o pessoal só por assistir
a um desses tratamentos como se os velhos fossem
lixo. deprimente e feio. por isso não há como ter
dinheiro para os privados.
um velho é marcado para morrer.
gente horrorosa os tugas merdosos.
maiores de 60 e estás feito!
acredita em mim que já assisti não uma
mas mais vezes…
o woody allen dizia que não queria atingir a imortalidade pela obra, mas sim por não morrer
eu quero atingir aquela história do ser sempre jovem, através de não envelhecer
Estás a ver como o meu comentário acerca dos mais velhos veio a confirmar-se nesta pandemia nos lares de idosos e etc…
Deprimente e repugnante mas verdadeiro.
Estão se nas tintas agora como sempre estiveram.
Eu a saber e a ver tudo como num filme a acontecer. Terrível!
Marcados para morrer dava um bom nome para um filme
Vou
Tudo de bom para ti.
Não dava continuar com o blogue.
Disse
Vou ter saudades
Beijo
A música do último acrescento (último até ver), assim como o 5º. pedaço de palavras, são bem bonitos!
Estas ultimas tretas saíram de seguida ontem à noite em menos de uma hora. Queria escolher um ou dois, mas primeiro prefiro um, depois prefiro outro, depende
Silêncio, noite, corpo… juntaste bem estas palavras :))
Quando os ingredientes da receita são todos bons, o mais provável é que seja bom de comer 🙂
há pessoas que conseguem desperdiçar bons ingredientes
gostava de poder dizer que nada se desperdiça
para memória futura até ao ‘fechemos a caneta, cansei-me, vou fazer um chá’
foi escrito de seguida depois de jantar, num quarto de hotel em Northwich
Para memória futura e para efeitos de garantia do presente enquanto futuro
Até um dia, se for o caso?
Take Care!
Kiss kiss bang bang para toda a gente.
A. VIDA MUDOU MUIT0.
TRISTE!
saudades tuas que não há quem te veja em sitio nenhum,
até os belos ‘fecharam’… e a falta que fazem sítios sem tretas