Nascemos cada vida e cada dia com o objectivo de ter sucesso e sermos felizes.
O pior é que a competição que nos entranha, leva-nos ao orgulho de ser feliz, como se fosse uma corrida.
No resto do tempo fica a infelicidade envergonhada.
Nascemos cada vida e cada dia com o objectivo de ter sucesso e sermos felizes.
O pior é que a competição que nos entranha, leva-nos ao orgulho de ser feliz, como se fosse uma corrida.
No resto do tempo fica a infelicidade envergonhada.
Teremos de começar por definir o que é ‘sucesso’.
O meu pai, disse um dia qualquer coisa parecida e deu grossa discussão, exactamente por termos conceitos completamente diferentes do que era e é o ‘sucesso’.
Nunca competi para ser feliz.
Tive momentos de infelicidade profunda. Envergonhada? talvez, se considerarmos que tentar não mostrar essa infelicidade é ter vergonha.
As palavras são como vento.
Definir uma palavra é como dizer onde está o vento.
Tentar não mostra é vergonha. Mesmo que seja de algo que tenhamos orgulho.
Tens razão, é ter vergonha da fragilidade.
o chato sabes o que é?
há um série de coisas que são consideradas boas, e que não ter é vergonhoso, o sucesso, a fama, a popularidade, o poder, etc. O tipo de coisas que a malta gosta de ostentar
Essas são fáceis, levem a bicicleta que vou a pé. Mas agora juntaram-llhe uma ideia de felicidade. Como troféu.
Gosto da música que deixaste!
Para mim o “ser feliz / a felicidade” equivale ‘só’ ao sentir-se bem, portanto, algo sem grandes empolgamentos, assim numa parada mais modesta (ou não; para mim até é muito ambiciosa).
(Parece-me que até já tinha dito isto num comentário por aqui.)
E talvez por a minha fasquia estar nesse nível, até penso bastante que devia ser melhor aceite o outro lado, o do direito à infelicidade e à tristeza. Este lado também nos faz bem e é preocupante que ele não se destaque mais e que seja mal visto. É por isso que a infelicidade aparece de forma mais ou menos envergonhada, não é? Como se fosse preciso pedir licença por não se estar bem.
Olhando à volta, pergunto se ‘não será muito grosseiro quem se intitule feliz com à vontade?’
É verdade que o ‘mundo’ pede-nos constantemente que apresentemos o brilho da felicidade e sabemos que essa faceta é bastante valorizada pelos sítios em que nos movimentamos, no trabalho também, na família. Talvez seja por isto que falas em competição. E sim, competimos, mas não creio que apanhemos a felicidade por aí, apenas a ilusão dela.
A felicidade não se joga assim, é um estado que brota lá do fundo e há pessoas que nunca se sentem felizes. Até pode ser pelo facto de definirem objectivos desproporcionados para a vida possível e há pessoas incapazes de sentir emoções e de as interpretar, embora não seja comum.
A felicidade modesta, parece-me bem 🙂
Há dias encontrei um texto que alude a este assunto e que me deixou a pensar.
Eis uns excertos:
“Chegámos há demasiado tempo à era da felicidade.
Em cada esquininha há uma frase de incentivo, em cada livro meia dúzia de respostas prontas, para cada mal mil remédios, todos eles com um smille.
Não há outra maneira de ser mãe senão a sorrir para as dificuldades, outra forma de gerir o stress sem ser o pensamento positivo, outro caminho para a vida a não ser o da felicidade, outro trilho para a dor da mente que não englobe em primeira linha a sublimação da realidade.
Ser feliz nem deve existir enquanto conceito absoluto, o que para mim chega para deitar por terra todo este bando de sumidades, mas ainda assim, parece-me que a acontecer algo semelhante, passe muito mais por deixar sair o que se sente do que por mesclar de tintas pastel e palavras bonitas o que na realidade zanga, mata, corrói e desassossega.
É que quando é para chorar, não adianta rir. E quando é para zangar, não adianta acalmar. Tal como quando é para estar feliz a sério, não é para encobrir. E nem é preciso procurar. ”
Aqui na íntegra: http://umamulhernaochora.blogspot.pt/2017/04/blog-post.html
Se fosse mulher defendia o meu estatuto. Mas acho que as mulheres muitas vezes sempre o alvo. Um bom exemplo é este texto. Misturam a condição de mãe ou de mulher com o que tem pouco a ver. Um homem nunca escreveria isto.
E no que é essencial para a diferenciação, não falam.
Pois é. Há muitas mulheres, talvez por serem mães, que esquecem que o estatuto de ser Mulher não tem a ver com ser mãe.
Aliás, se reparares, há permanentemente a pergunta no ar ‘quando é que ficas grávida?’, ‘não tens filhos?’ tipo doença ou pior, egoísmo.
Mas também percebo que o facto de ser mãe sobrecarrega imenso todo o trabalho de uma mulher.
Eu bem tento ser imune ao que anda no ar, e ao que chamam a espuma dos dias, mas é difícil, quanto mais não seja para ganhar o pão que o ar e a espuma amassaram
De modos que olha, aguenta-te…
É curioso como te detiveste na questão que alude às mulheres… Não trouxe nada aqui o texto com a intenção que fosse interpretado dessa forma (caso contrário não traria) e também não me parece que a autora o tenha escrito com esse sentido.
Quando diz “não há outra maneira de ser mãe…”, como um homem diria “não há outra maneira de ser pai…”, creio que remete para aquilo que a sociedade espera do bom desempenho dos progenitores, nomeadamente neste ‘departamento’ da felicidade, que é o assunto em causa.
“Se fosse mulher defendia o meu estatuto.”
Então, mas existe um estatuto para a mulher? E há outro estatuto para os homens?
Espero bem que não. Se existe, eu não sei qual é o meu estatuto e isto deve ser muito mau para mim.
Eu não me sinto com o direito de lutar por nada de especial pelo facto de ser mulher, nem sinto que tenha deveres especiais pelo facto de ser mulher.
Ao nível de sociedades como a nossa, em que não existem flagelos como nas tribos no Mali, por exemplo, esse equilíbrio conquista-se mais no dia-a-dia, nas coisas pequeninas das atitudes e das relações interpessoais, cujo somatório fará a mudança, agora e mais daqui a uns tempos. E a responsabilidade e a necessidade dessas conquistas está para os dois lados. É que neste braço de ferro homem/mulher, não se pense que não há muitas franjas de discriminação masculina, são é menos confessadas por eles, por razões culturais e de pudor.
Mas para mudar, para conquistar ‘espaço’ é preciso investir nisso e esse investimento passa por quebrar barreiras. E há forma de o fazer sem provar o amargo ou pelo menos sem haver desconforto?
(Só não ponho agora aqui exemplos para evitar que isto fique muito grande.)
E o que é essencial para a diferenciação?
Espero que não me venham com aquelas teorias feministas de trazer por casa, de ter de ceder na feminilidade ou até abdicar dela.
Vou dizer qual é a única coisa que nesta questão de diferenças homem/mulher, condiciona a minha vida e às vezes me causa alguma revolta, apesar de eu até arriscar bastante para não me deixar levar: é a força física. E creio que sem o dizerem, e muitas vezes sem terem consciência, é a maior força física dos homens que condiciona muitos passos da mulher.
Por que é que uma mulher tem medo de sair de um espectáculo às duas da manhã? Não é pelo escuro, não.
Um homem, ao apanhar boleia de uma mulher, teria igual receio ao que eu tive ao apanhar boleia com um homem no sábado? Não me parece e não é por timidez, não.
Claro que não há problema nenhum em haver diferenças de força física, mas sim o saber-se que essas diferenças podem ser usadas indevidamente.
Talvez se deva investir mais na educação.
Sei bem que o assunto lá de cima é a felicidade. Apenas fiz este desvio por causa do que disseste ali acerca dos estatutos.
o blogue tem o nome “uma mulher não chora”, e numa questão que não é relacionada ela veio buscar o estatuto de mãe sofrida e estranhas que me tenha detido nisso?
Até tinha a sua piada se fosse um gajo a escrever o blogue, mas isso não existe.