O livro mais vendido na Feira de Lisboa foi o Mein Kampf com noventa páginas de prefácio de Manuel S. Fonseca. Logo a seguir, o mais vendido foi o último romance de José Rodrigues dos Santos.
A CGD tem um buraco.
Eu tenho mais.
Há palavras que fervem
o medo mata quase tanto como a morte
Google: Não foram encontrados resultados para “o medo mata quase tanto como a morte”. (não pode ser…)
O que vestes, quando te despes?
uma palavra que seja, e está a mais
tenho sempre num bolso um agrafador, e no outro um desagrafador
mas são bolsos onde cabem as duas mãos
ou mais
Sobre a feira, nem sei o que escrever.
Quando me dispo, visto-me de transparência.
– não escrevas, que isso é que não falta lá
– é melhor não
🙂
Palavras que fervem? Por exemplo as do Vasco Graça Moura, em “Crónica Feminina”. Ei-las:
Crónica Feminina
estava nua, só um colar lhe dava
horizontes de incêndio sobre o peito,
a transmutar, num halo insatisfeito,
a rosa de rubis em quente lava.
estava nua e branca num estreito
lençol que o fim do sono desdobrava
e a noite era mais livre e a lua escrava
e o mais breve pretérito imperfeito
só o tempo verbal lhe fugiria,
no alongar dos gestos e requebros,
junto do espelho quando as aves vão.
toda a nudez, toda a nudez, toda a melancolia
a dor no mundo, a deslembrança, a febre, os
olhos rasos de água e solidão
Vasco Graça Moura
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O medo quando mata é a morte.
Não há o matar tanto, o matar mais ou o matar menos.
O medo mata muitas vezes na invisibilidade.
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Quando me dispo fico vestida de mim. É por isso que ando sempre nua.
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Nem sempre se consegue entender quando as palavras escasseiam ou sobejam.
Quando está dito e assim, o melhor és estar calado e deixar marinar