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Luis
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Luis

O que é a dor?

Puxei um pêlo e doeu-me.

Se tiver que explicar o que é a dor a quem nunca a tenha sentido, como faço?

E como se explica o que é o calor ou o frio? E descrever a diferença entre os dois?

E porque é que não se consegue suportar ou ignorar a dor? E porque é que não me calo? 🙂

 

Quem é o Jefferson?

Jefferson AirplaneSomebody to love

Ou o meu gosto está fechado no tempo, ou a década de 65 a 75 foi genial. O resto é paisagem, com uma ou outra flor.

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Pequena crónica pós-almoço

No regresso de almoço, resolvi virar onde nunca viro. Faço isso quando tenho tempo.

E dei com um miradouro e anfiteatro que não vem em nenhum roteiro da cidade de Lisboa.

Nisto vejo um pedaço de mato a arder, e a crescer muito rapidamente.
Ligo para o 112, preocupado. Que aquilo fica a 50 metros de casas, tanto dum lado como de outro.

Há alturas em que cada segundo parece uma eternidade.
Não sei quanto tempo tocou, mas foi mais do que devia.
O 112 não deve tocar e muito menos um minuto ou dez, ou seja o que for.

Cumprido o dever cívico, fui cumprir o dever jornalístico. Fazer estas fotos e videos.

O melhor disto tudo? O povo, e o gosto de falar.

É fogo posto, já se sabia claramente. Mais engraçado ainda, é ter sido eu a deitar fogo ao mato.
Que me tinham visto ali à volta a tirar fotos antes do fogo começar.

Se me forem ver à prisão gosto de petiscar queijo e vinho branco bem fresco.

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Enquanto houver

Jorge PalmaA gente vai continuar
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Nirvana

É uma renúncia ao apego material que não eleva o espírito e apenas traz sofrimento. Nirvana é utilizado num sentido mais geral para designar alguém que está num estado de plenitude e paz interior, sem se deixar afetar por influências externas. Também se emprega com o sentido de aniquilamento de certos traços negativos da própria personalidade, porque a pessoa consegue se livrar de tormentos como orgulho, ódio, inveja ou egoísmo, sentimentos que afligem o ser humano impedindo-o de viver em paz.

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Pasolini

A solidão: é preciso ser muito forte
para amar a solidão; é preciso ter pernas firmes
e uma resistência fora do comum; não se deve arriscar
pegar um resfriado, gripe ou dor de garganta; não se devem temer
assaltantes ou assassinos; há que caminhar
por toda a tarde ou talvez por toda a noite
é preciso saber fazê-lo sem dar-se conta; sentar-se nem pensar;
sobretudo no inverno, com o vento que sopra na grama molhada
e grandes pedras em meio à sujeira úmida e lamacenta;
não existe realmente nenhum conforto, sobre isso não há dúvida,
exceto o de ter pela frente todo um dia e uma noite
sem obrigações ou limites de qualquer espécie.
O sexo é um pretexto. Sejam quais forem os encontros
― e mesmo no inverno, pelas ruas abandonadas ao vento,
ao longo das fileiras de lixo junto aos edifícios distantes,
que são muitos ― eles não passam de momentos da solidão;
mais quente e vivo é o corpo gentil
que exala sêmen e se vai,
mais frio e mortal é o querido deserto ao redor;
é isso o que enche de alegria, como um vento milagroso,
não o sorriso inocente ou a prepotência turva
de quem depois vai embora; ele traz consigo uma juventude
enormemente jovem; e nisso é desumano,
porque não deixa rastros, ou melhor, deixa um único rastro
que é sempre o mesmo em todas as estações.
Um jovem em seus primeiros amores
não é senão a fecundidade do mundo.
É o mundo que chega assim com ele; aparece e desaparece,
como uma forma que muda. Restam intactas todas as coisas,
e você poderia percorrer meia cidade, não voltaria a encontrá-lo;
o ato está cumprido, sua repetição é um rito; pois
a solidão é ainda maior se uma multidão inteira
espera sua vez; cresce de fato o número dos desaparecimentos ―
ir embora é fugir ― e o instante seguinte paira sobre o presente
como um dever; um sacrifício a cumprir como um desejo de morte.
Ao envelhecer, porém, o cansaço começa a se fazer sentir,
sobretudo naquela hora imediatamente após o jantar,
e para você nada mudou; então por um triz você não grita ou chora;
e isso seria enorme se não fosse mesmo apenas cansaço,
e talvez um pouco de fome. Enorme, porque significaria
que o seu desejo de solidão já não poderia ser satisfeito;
e então o que o aguarda, se isto que não se considera solidão
é a verdadeira solidão, aquela que você não pode aceitar?
Não há almoço ou jantar ou satisfação do mundo
que valha uma caminhada sem fim pelas ruas pobres,
onde é preciso ser desgraçado e forte, irmão dos cães.

/my-oblivion/

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