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Big Brother Google

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Aqui há dez anos já se falava nisto. /big-google
Aplicações que usam o microfone do telemóvel para perceberem onde estamos e o que estamos a ver.

Dez anos passaram, e já é coisa normal. https://alphonso.tv
Mas pela mão de parceiros, que os anunciantes não querem a potencial mácula na imagem.

Como funciona? Pelo microfone, identificam que canais estou a ver ou a musica que estou a ouvir.
A publicidade que me surge é ajustada em função disso.

Por enquanto dizem que não analisam as conversas. Dizem. E quem sabe se é verdade?

Se um casal chegar ao pé de mim com publicidade da Durex já sei de onde vêm… 🙂

1 comment

  1. Vou começar pelo fim.

    Há bastantes anos, talvez há dezoito ou vinte, recebi no meu gabinete de trabalho, que era só para mim, um homem para uma reunião. Talvez ele tivesse uns quarenta e muitos anos.
    Era Verão e trazia uma camisa azul-claro, muito fina e algo transparente, e por isso via-se bem que no bolso estava uma caixa de preservativos.
    Senti que não era agradável ou próprio, embora não possa aplicar o termo desconfortável até porque nada havia que me levasse a pensar que foi propositado ou com qualquer intenção.
    Não pensei se vinha ‘daquilo’ ou se ia para ‘aquilo’. O que pensei é que vinha da farmácia (ainda não se vendia tão abertamente em supermercados) e que naturalmente guardou no bolso da camisa sem pensar em mais nada.
    O não ser agradável para mim, e hoje acho mais que na altura, teve e tem que ver com o facto de não haver necessidade de saber como os outros se organizam na intimidade, ou aparecerem-me linhas que me levem a isso.
    O que é engraçado é que, apesar de raramente me cruzar com ele, quando acontecia aquela imagem vinha.
    Se não disse nada? Não, nem se fosse hoje diria. Mas admitindo que se tratava de uma pessoa com a qual tivesse confiança, diria qualquer coisa como “não tens outro sítio para guardar isso? os outros não precisam de saber.”

    Mas o episódio teve ainda outro efeito na minha cachimónia: então és preconceituosa… se fosse um pacote de bolachas ou de pastilhas, já estava tudo bem. Não sei se por este motivo se pode considerar que é preconceito; mas sim, as bolachas já não beliscavam nada.

    Também pensei em mais duas coisas: se fosse uma mulher com uma caixa de preservativos à vista? ou se fosse uma mulher ou um homem com uma caixa de pílulas contraceptivas?
    Não teria o mesmo impacto desagradável. No primeiro caso porque não é usado pela mulher e portanto na nossa cabeça o objecto fica logo mais desligado da sua função. A caixa de pílulas pode ser confundida com outros comprimidos e mesmo essas pílulas são tomadas para outros fins, e ainda também porque não há uma associação imediata à “arquitectura” da função em causa.

    Claro que isto acontece em segundos na nossa cabeça, ou na minha.
    Disse que hoje isto ainda me surge como mais desagradável do que naquela época porque com a idade afinei a importância da reserva da intimidade e apurei que é bonito mantê-la num nível a salvo do descarnado. Mesmo quando se precisa ou se quer falar sobre ela, só se ganha em arranjar um meio termo entre o frio do que é e uma quase fantasia. (Não sei explicar bem isto e nem sempre pode ser como disse.)

    Aí falas num casal com publicidade na mão… Publicidade levou-me a folhetos ou coisa do género. Julgo que pensaria que vinha da farmácia ou de uma superfície que vendesse. Se fosse uma caixa, não pensaria que vinha (teria arrumado; não é hábito carregar pontas visíveis aos outros em cima do acontecimento), mas talvez pensasse que iria.

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