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Por favor

Vinha entregar a minha cidadania. Pode ficar com o depósito, ficamos assim.

Estar aqui implica responsabilidades, mas é de ambas as partes, não é?

A semana passada fui tentar cumprir a minha obrigação de habitante da minha cidade.
Fui de manhã, pela fresquinha por mais que me custe.

Estava uma bicha que era mais uma centopeia, só para tirar senha. Um papelinho, muito pouco digital e simplex.
Estar horas sem fim onde não quero estar, isso é um peditório que já dei vezes suficientes. Fui-me embora.

Hoje fiz o trabalho de casa da época digital. Vi todas as possibilidades que tinha online, offline e comline.
Onde podia ir, horários, onde a confusão era menor.

Depois da experiência da manhã, fui depois de almoço. Chego lá, e dizem-me: à tarde nunca damos senhas. Podia dizer que é publicidade enganosa, ainda há pouco vi no vosso site que estavam abertos para me receber (mesmo que não fosse de braços abertos).
Mas não disse. Dizer, só digo a quem me ouve. Que não é o caso da cidade.

E o desenho da cidade e dos espaços, são feitos a pensar no quê? O estético e o bonito é importante. Eu que o diga que sem uma dose de beleza diária já tinha morrido há muito.

Mas há prioridades. As coisas que são obrigatórias de usar, têm que servir primeiro, depois seduzir.

O prazer acessório, esse pode seduzir primeiro, sirva ou não.

Quando se vê espaços novos desenhados de raiz que são labirintos para humanos (como se fossemos ratos), só porque a maqueta é bonita.

Nota-se que estou chateado? Não é grave, tudo passa, é só seguir os sinais 🙂

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Jim Jefferies

Estes dias estive a rever os stand-ups do Jim Jefferies. Não é tão bom como o George Carlin, mas há ali algo em comum. O que o George Carlin dizia não é comédia, é muito sério. Eu rio-me como me rio quando me dizem algo que me deixa desconcertado e sem saber o que fazer. A melhor defesa perante o inesperado é rir. Isso é o que o George Carlin fazia. E o Jim, em menor escala, também faz. Descobrir-nos a careca, dizer aquilo que não se diz. E a gente á falta de melhor reacção, ri-se.

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Leituras ao acaso pela manhã

1.
‘A palavra bondade hoje significa qualquer coisa de ridículo. É preciso conquistar, triunfar.
Querer ser bom numa época como esta é se apresentar como voluntário para a eliminação.’

2.
Comentário usado para destacar o próprio texto:
‘Sem serem obrigados a deixar testemunho, obrigado por lerem’
Regra dum fórum de escritores:
‘Ler os textos dos outros e não simplesmente despejar conteúdos’
Visto por aí:
‘Desejo que, em 2018, todos leiam um texto até o final antes de compartilhar’

3.
Vejo um português a entrevistar uma brasileira. Fala com sotaque brasileiro.
Qualquer português assim que chega a Badajoz desata logo a falar Portunhol
Não tenho lembrança de ver na tv um brasileiro a falar com sotaque português, ou um espanhol a falar Espanhês

4.
Estava a ver este filme de 1994, onde há pessoas na fila da caixa de um banco.
Isto já não existe, agora são máquinas.

Está em curso a segunda revolução industrial. Primeiro as máquinas substituíram as pessoas na indústria, na produção de bens. Agora as máquinas estão a substituir as pessoas nos serviços, nas relações que dantes eram humanas.

Num futuro não muito distante não vamos lidar com pessoas no dia a dia, só com máquinas.
As compras são cada vez mais online, e já estão a ser feitos ensaios para entregas por drones e robôs. Se houver problemas ou questões com o produto, somos atendidos por chatbots e um computador do outro lado. O cinema e entretenimento vem por uma box. As conversas são através de máquinas com pessoas que cada vez menos conhecemos e por isso desprovidas da humanidade que só o contacto pessoal dá. A aprovação e popularidade também já foram maquinizadas, são likes e números. Falta um passo mais pequeno do que se pensa para que mesmo as conversas do dia a dia também sejam com robôs.

É uma mudança radical, no mundo e nas pessoas.
Esta mudança, esta direção foi pensada? Quem decidiu isto? E quem decidiu, conhece as consequências?
É isto que queremos? A mim assusta-me e não me perguntaram nada.

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Alegoria da Caverna

Diz-se que Nietzsche foi internado depois de beijar um cavalo.

Uns dirão: Xiça, não o deixem sair tão cedo.
Outros vão à procura da história completa e pensam: Xiça, ainda há pessoas boas.

Fico na dúvida, se um sapo beijado dá princesa, o que dará um cavalo?

O beijador de cavalos era famoso pelos aforismos. Há um, que não sei como ele disse exactamente, mas o sentido era este.
Se vires um gajo às piruetas e pinotes na rua, chamas-lhe maluco.
Mas não serás tu que não ouves a música que ele que ouve quando dança?

Quem vive em caixas de sapatos, físicas ou imaginadas, abra janelas. Minúsculas, irregulares e irresponsáveis.

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Primark

Desde quando existem as companhias?
Desde quando quando são equiparadas a uma pessoa?
Desde quando têm responsabilidade limitada?
O que são externalidades?


Organização Mundial de Saúde, Sintomas de Distúrbios Mentais.
“Falta de preocupação com os sentimentos dos outros”
Mesmo os loucos se acham racionais. Basta ir ao Colombo ou á Assembleia e perguntar a um.

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Diz-se

que liberdade é poder escolher o que se quer
e que quantas mais opções temos, mais livres somos.

Há 10 estradas.
O jaquim pode escolher a que quiser das 10.
O manel pode escolher a que quiser de uma, a do meio.

Se for assim, quanto mais dinheiro e poder se tem, mais livre se é.
O país onde nascemos não é livre para todos. Uns nascem livres, outros escravos, outros assim-assim.

Mas quando se pergunta ás pessoas o que querem na vida, ouve-se muito ‘felicidade’
Muito mais do que se ouve pedir liberdade. E não são a mesma coisa.
Liberdade não é condição necessária para se ser feliz.

Pedaços do que estou a ver (‘Human’), enquanto escrevo isto:
Quando compras algo, não compras com moedas, compras com tempo da tua vida. Trocas por vida.


O que um aborígene australiano nos diz.
Graças a Deus que estas culturas atrasadas foram dizimadas pela nossa cultura ocidental, muito mais sofisticada.
Mais rica e mais livre.

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