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Olá tu que és eu ou Nonsense de Sexta-feira à tarde

Lembro-me de nos meus tempos de liceu ouvir qualquer coisa sobre o que é ser eu. Eu sou eu porque sou diferente de ti e igual a mim. Se fosse igual a ti seria tu e não eu. Mas eu sou diferente do que já fui, e se calhar já fui igual a ti. Assim sendo será que já que fui tu, sendo ainda o que era eu na altura?

Eu sendo tu, quer dizer que tu és eu, mesmo que numa versão passada.

Quando te encontrar, devo perguntar como estás, como estive ou como estou?

… quando ia carregar no publish post, num acesso de bom senso, apaguei aqui um bocado em que acabava por chegar á conclusão que o bife que comi ontem (e que podia não ter comido) sou eu

Vou parar por aqui, porque já não sei por onde vou nem o que digo e não tenho tempo para me tentar perceber.

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De borla

Hoje o courier international é mesmo à borla, sem mas nem meio mas. É pegar e ir embora.

No entanto a edição é fracota, foi preciso chegar à última página para encontrar o que poderiam ser os mandamentos deste blog (o nome blog começa a irritar-me, não há melhor nome em português?)

1. Não descubram nada neste blog que não soubessem já.

2. Perdoem-lhe tudo o que seja perdoável.

3. É preciso estar perto da morte para se saber como ela é: um acontecimento solitário.

É claro que este último não é bem um mandamento, mas apeteceu-me. E continuando:

Quem ler este blog será inteligente, compreenderá a natureza, as leis e os valores humanos. Este blog é uma carta de boa condução e de conselhos, e também um código moral destinado a todos os grunhos.
Naturalmente quem ler este blog vai para o paraíso.

fádivere: Os venezuelanos agradam-me. Na expectativa de uma invasão dos EUA prepararam para os gringos 500 biscoitos de milho recheados com raticida.

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Vou mudar para UZO

O gajo do ctt expresso que veio cá entregar a encomenda com o meu cartão uzo, veio enquanto eu almoçava. Voltou já depois de almoço. Atropelou uma velhota mesmo à minha porta. Ia para ver o que se passava, mas faltou-me algo…. ambrósio. Dantes quando não tinha receio das memórias, via tudo. Agora, não.

Entretanto espera-se pela ambulância, e vou observando a cena pela janela. O gajo do ctt expresso é cool, fuma uma cigarrada e o sol bate-lhe nos óculinhos espelhados. A velha tá ali, no chão. Alguém lhe pôs um trapo por baixo da cabeça, encharcada em sangue. Uma mulher abraça-a e vai-lhe falando. Um homem pôs-lhe a mão na mão. O gaijo do ctteexpresso passa a mão no carro para ver o estrago. O ajuntamento vai aumentando… chegou o inem, e o gajo do cttexpresso resolveu pôr o triangulo e vestir o colete.

A ambulância foi-se com a velhota, veio a policia para cumprimentar os óculos espelhados do gaijo do cttexpresso que tem a porra da minha encomenda. Estão a preencher papelada. Impresso 453A/4F (atropelamento de velhinhas). Pode ser que depois me venha entregar o cartão.

Prontos. Já tava mesmo a ver. O gajo foi-se embora, e fico sem cartão!

As minhas desculpas pela enorme falta de sensibilidade. Podem ficar cientes, no entanto, que é totalmente premeditado.

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Hoje saí de casa ainda de noite

Não sei porquê. Não é meu hábito.

Vi o Campo Grande vazio. Dentro de uma hora vai estar cheio de carros e coisas. E pessoas que vão para o trabalho. E lá no meio, num Renault Clio azul, está alguém que hoje chorou. Imagino. C’est ci bon.
Passei agora por um homem deitado no passeio. Cara no chão. Talvez se chame João Carlos. Estaria morto? C’est ci bon passar num carro com ar condicionado.

Como eu, quantos moralistas andam por aí a bater punhetas com palavras em blogs obscuros?
A revolução começa em mim. Já alguém deve ter dito isto, espero.

Ah, confirma-se que Lisboa amanhece. E é linda.
Até parece que não tem renaults clios e joão carlos nas suas entranhas. Até parece que não me tem a mim.

Cheguei à rua onde trabalho. Não a reconheci.
No café as empregadas são as mesmas, fazem os mesmos gestos que faziam ontem no habitual das dez horas.
Não deveriam estar habitadas por algo de nocturno? Como podem pertencer a dois mundos tão diferentes com tal indiferença?

Quando saí de casa havia anjos nas paredes e as folhas não caiam.

(escrito ao som de Genevieve do Perry Blake, este gajo faz-me caracóis na alma)

Agora passa mais uma emissão do Vidro Azul. Ouço-me ao espelho.

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Divagações sobre a cintura

Já repararam na importância da cintura?

Estava eu a almoçar quando de repente reparei, num grupo que se afastava. A roupa divide-se pela cintura. Uma peça de roupa para baixo da cintura e outra para cima da cintura. Que mania, hein? A divisão tem que ser metade para cada lado? Porque carga de água? E se hoje me apetecer 30 por cento por cima e 70 para baixo? Estou farto desta ditadura da cintura.

Será para permitir o jogo de anca? Será para mostrar os umbigos sexy? Sinceramente não sei. Se calhar a culpa é de algum imperador romano ou de um austrolopitecos mais calhau.

E no entanto é uma linha semi-convencionada, imaginada. Onde é a cintura? Um pouco mais abaixo, um pouco mais acima… na realidade nem existe. É algures naquela área entre o umbigo e os intrumentos procriadores.

Uma coisa eu sei, amanhã vou escolher um polo bué da comprido que me dê pelos joelhos e calço umas meias de gola alta! Se tiver frio nos joelhos, faço de conta que é o umbigo.

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