Quero habitar
Quero habitar o teu corpo
entrar pelos olhos
demorar-me na língua
dormir no cabelo
She can make the birds and bees get down on their little knees, she can whisper to the breeze
Quero habitar o teu corpo
entrar pelos olhos
demorar-me na língua
dormir no cabelo
Quem inventou a dor ao fim de um dia de sal?
Quem te imaginou na minha cabeça?
Quem apagou a luz do céu?
turning into dust
não quero ser nada do que não sou, e depois mais um bocado
que as paredes venham, o silêncio suba pelo corpo,
a noite inteira, centímetro a centímetro
se tivesse uma mala enchia-a de esquecimento e vinho
e esperava
estou destinado a ter medo
que o mar se apaga em qualquer janela
bebo aos joões e marias
que de cada pequena terça-feira
fazem uma onda
saí para comprar uma barragem e lágrimas
afazeres
reunir a cama, lavar os papeis, fazer o chão
despir-me, que os olhos pesam
quero aprender a pintar
vou pintar o antónio, o joão, a maria e um unicórnio cor de rosa que me veio dar a mão
se as pessoas são tão espertas, porque roubam as máquinas o trabalho às pessoas,
e não vejo pessoas a roubar o trabalho às máquinas?
fechemos a caneta, cansei-me, vou fazer um chá
o pior dos subúrbios é gerar suburbanos
Ouvi dizer que as mulheres envelhecem pelas mãos. Será verdade?
Uma pessoa de princípios é uma pessoa que não acaba?
dizer o que se deve dizer
ou dizer o que não se deve dizer?
um bom sábado para todos
Esta é a história duma cantora que só queria cantar. Desde os anos 70 que recusa todas as editoras e propostas de concertos. Nunca procurou o sucesso ou a popularidade. Os filhos cresceram sem saber da carreira da mãe. No entanto é considerada das melhores e mais cristalinas vozes do folk.
Detestava cantar em edifícios, preferia andar pela estrada e cantar na rua ou em pubs. Fechava os olhos e cantava para dentro de si. Saiu de casa aos 17 anos para percorrer o país. Era um espírito livre. Amou, teve filhos, vivia em carrinhas e caravanas. O que não era convencional uma mulher fazer, ela ia e fazia. Um belo dia saltou dum rochedo para ir procurar focas. Dizem que bebia muito, e vivia muito. Eu gosto dela.
Houve uma altura em que morriam à minha volta por serem novos.
Gente que se ia por arder muito depressa.
Estou no limbo. Agora ninguém morre.
Há-de vir a altura em que me começam a morrer por ter chegado o tempo.
Gente que se vai porque arderam tudo.
Ele sabe 🙂
Gosto de estar aqui sentado
a sentir-me entardecer
Não gosto
de quem fala naquele tom monocórdico de fazer adormecer os pássaros
Invejo
as gotas de suor que descem pelos peitos
Escrevo
Porque a fala não se compadece com a velocidade do pensamento
e não tenho como falar
O sol
só queima quem se quer queimar
Ai a porra do sol
o que acontece se der um beijo ao sol?
Senhor
Não me deixeis cair nas tentações em que não quero cair
Pergunte-se: És anormal?
tenho um feeling que a maioria diz que não porque não quer ser um freak
Pergunte-se: És normal?
tenho um feeling que a maioria diz que não porque não quer ser igual aos outros
Fama
Sempre preferi a pequena intimidade, à grande aclamação
Isto merecia mais, mas agora não dá
não percebo se é prazer se é sofrer
like two strangers turning into dust
e em repeat, tipo radar
Vou fazer uma experiência
Se não disser nada, até onde me enches o copo?
Dava jeito ter um gravador de pensamentos
Até a vingança
sirvo quente
Que fazer?
…
Ai liberdade
doce liberdade
sou teu
Vade retro Satanás
afastai o ridículo que há em nós
Gosto de quem corre ao sol
Até que as unhas me caiam
há coisas que não faço
senão para que quero as unhas?
Se não aproveitar quando posso
é quando não posso que vou aproveitar?
Será que a malta ainda não percebeu?
Que nunca vamos vencer a máquina?
E que quem domina a máquina, nos domina a nós?
a malta ouve, mas não escuta
Vinha pelo caminho e sei que queria dizer qualquer coisa a propósito da primeira vez
mas não me lembro do que era, de repente fiquei tonto e confuso
para quem precisar duma dose maior
(depois não digam que não avisei)
nunca és novo demais para não fazer sentido