É quinta-feira
Vou sair à rua e beijar alguém.
(tenho a morte a comer-me o coração)
Vou sair à rua e beijar alguém.
(tenho a morte a comer-me o coração)
e eu que não consigo dar por nada
para trabalhar tal como todos os dias. Tomo pequeno-almoço tal como ontem.
E tudo se vai repetindo como uma coisa repetida.
Porra, estou a viver um dia já vivido. Usado, gasto, um dia que já aconteceu.
Quero um dia novo. Um dia que não saiba a véspera.
um silêncio enorme na sombra do corpo
Hoje quero a revolução dos corpos e das cores
Vou exercitar o silêncio. Fala-se demais.
as revoluções que mudam não se fazem com balas
As flores crescem quando se rega e aduba a terra. E o PIB cresce quando se aduba o quê?
Já agora, quantos de vocês consegue desenhar uma flor? E o PIB?
Vivemos obcecados pelo tamanho, da roupa, do cabelo, do rabo e até da dor e do amor.
Para quê?
Um medo irracional de pôr os pés no chão.
Andava sempre aos pulos, ao pé-coxinho, por cima de mesas e tábuas.
Acabou por se consumir e desfazer em fumo. Está agora no meio de nós. É deus.
Engoli um pedaço de osso. Senti-o a descer como se fosse pedaço de vidro.
Portanto, e os pecados mortais? Por que pecados se morre? Por que pecados morrerias?
Pecado
Atroz dentro dos ossos
Lânguido a suar na noite entre lençois