Estes dias parecem-me montanhas que não quero subir, cheios de sítios onde não quero ir.
Mas por onde me vou obrigar a passar e ir.
Masoquismo?

amanhecer pedras

Acordei nu na cidade nua

Assustado, vesti-me.

No peito uma dor que entope a fala e que a pede. Uma dor inexplicável e insolúvel que brota águas e uivos lancinantes e não pára e nada pára. A dor dos desastres recorrentes. A dor que já não sei se é de ti, se de mim, se de tudo ou de tanto nada. A dor que quero curar e nada cura.

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Quem não sonha vive menos, isto de repente pareceu-me tão evidente que já alguém o deve ter dito.
Fui ao registo de patentes, vulgo google e lá está registado ao Padre Gualter

e outra vez de repente isto pareceu-me pouco. Não basta sonhar.
Posso sonhar em comprar o Samsung 78gsi. Posso sonhar em não ser despedido e dar de comer aos meus filhos.

Lembrei-me, o gajo do abel é que sabia
sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura

ie dum modo menos poético, a vida é do tamanho dos sonhos

viver e sonhar é tão parecido quando se consegue viver o sonho

Há momentos em que parece que toco o que não tem nome.
Mas são momentos tão fugidios que nem sonho agarrá-los.. fico só a ver desfazerem-se em fumo
resta-me o contentamento de ter visto o sem fim

E fica-me a memória desses momentos irrepetíveis (como diria o Jorge Palma)

Não me tirem a memória quando não me resta mais nada