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Da cena dos aniversários

O tempo. A gente gosta de fazer marcas no tempo por um motivo qualquer.
E nem vou por aí agora, para haver uma mínima probabilidade de registar o que me trouxe aqui.

O tempo tem três estados reconhecidos. Passado, presente e futuro.
Os aniversários tendo a ver com o tempo que passa, há-de cair numa dessas três categorias.

Celebrar o passado faz sentido na conclusão de algo que tenhamos feito, e que seja digno de memória. É preocupante dizer que o nascimento é o momento mais merecedor de reconhecimento do meu passado. Se forem fazer uma festa na data do meu nascimento, façam-na aos meus pais, que eu para aí participei zero.

Há várias coisas do meu passado que podia festejar e relembrar com prazer.
O nascimento não é uma delas. Não me lembro, nem tenho nada a ver com isso.

Celebrar o futuro, nem vale a pena gastar tinta. Já lá dizia o João Pinto, prognósticos só no fim do jogo.

Resta o presente. Acho que é isso que celebramos, o presente. Celebramos o facto de se estar vivo.

A cada ano, lembramos fulano de tal: É pá, estás vivo, Parabéns.

(A excepção são as crianças, claro. Essas celebram com enorme prazer como fonte de receita 🙂

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Aceitação

Se me quisessem cortar uma perna, é claro que resistiria até à última. Mas se vier a dor em quantidade e duração suficiente, peço para me cortarem a perna e a outra se for preciso. Qualquer coisa para parar a dor. A dor física ou emocional é um excelente instrumento de aceitação.
A dor serve para saber que algo está mal, mas também para aceitar o inaceitável.

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O badalo

badalo

Tenho uma teoria que a maior parte dos homens põe o badalo para a esquerda.
Teoria não baseada em factos, que há coisas que não tenho interesse em observar.

Digo isto porque quando se guarda o brinquedo com a mão direita, ele fica naturalmente inclinado para a esquerda.
Pela mesma ordem de ideias os canhotos põem para a direita.

Quem o ponha para o meio, tem um problema.

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Dúvida

Porque é que os senhores deputados, obrigam a que os referendos tenham 50% de votantes para serem válidos.
Mas quando é para se elegerem a si próprios já basta um único voto.

Mais. Para criar um partido são precisas 7500 assinaturas e desde que os estatutos não sejam ilegais não está dependente de mais nada. Faz sentido. Para ser candidato a presidente da república, são também 7500 assinaturas.

Mas para pedir um referendo são precisas 75 mil assinaturas, dez vezes mais. E quem já tenha passado pelo processo de angariação de assinaturas, sabe que este número é virtualmente impossível.

E conseguidas essas assinaturas, isso só dá direito a ser apreciado na assembleia pelos tais senhores deputados. Depois são eles que decidem se há referendo ou não.

Se 8 milhões de portugueses estiverem de acordo com algo. O poder que têm para fazer com que isso aconteça é ZERO (em concreto, de forma e em local estabelecidamente legal 🙂

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Palavraviosidade

Vejam a pergunta que foi feita ontem no referendo britânico, e as que fizemos nos nossos três referendos.
Somos palavrosos, a expensas da claridade.

Desconfio que isto é uma forma dos burocratas exercerem poder. Se escreverem de uma forma que ninguém consegue, nem percebe, o poder burocrático torna-se mais difícil de atingir. Aqueles senhores estão lá porque só eles conseguem fazer aquilo e sem eles o mundo ruía. É como senhor doutor e o senhor engenheiro, resquícios de um sistema de castas.

Voto UK

1998
Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?
Concorda com a instituição em concreto da região administrativa da sua área de recenseamento eleitoral?

1998
Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

2007
Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Repararam, no esforço que foi feito em 2007 para melhorar a pergunta de 1998? 😀

Mas que porra é ‘instituição em concreto’? É para termos a certeza que não vão a fazer uma coisa abstracta?

E ‘estabelecimento de saúde legalmente autorizado’? Faz imensa falta. Para ficar completamente claro que a lei não vai dizer para se fazer abortos em locais ilegais.

E as frases intermináveis? Isso até nos jornais e revistas. Lembro-me de ter lido num jornal, uma frase com quase cinquenta linhas. Não foi isso que me levou a deixar de ler jornais, mas podia ter sido.

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