Os que estão nas margens são mais criativos, porque têm que ser.
Do Kenneth Galbraith: os mais ricos arriscam mais, porque se podem dar ao luxo de perder.
Os que estão nas margens são mais criativos, porque têm que ser.
Do Kenneth Galbraith: os mais ricos arriscam mais, porque se podem dar ao luxo de perder.
[A imagem é fabulosa!]
À primeira leitura pareceu-me ser uma contradição, mas depois pensei que são afirmações que se podem complementar.
“A necessidade aguça o engenho.” – Um provérbio popular que remete para o desenvolvimento da criatividade dos que têm poucos meios.
Então, se fosse apenas assim tão simples ou redutor, a criatividade estaria circunscrita aos pobres e estaria associada a necessidades da base da pirâmide, não me referindo apenas ao primeiro nível da mesma.
Muitas vezes, eu até sou levada a pensar neste assunto devido a funções que ao longo de muitos anos desempenhei e desempenho. Por exemplo, pôr de pé um festival há trinta anos é muito diferente de como se faz actualmente. Um simples stand era pensado e decorado por uma ou duas pessoas e com recurso a soluções caseiras, que nos consumiam e nos deixavam com o coração nas mãos até à abertura. De facto, funcionar assim também nos dava gozo e permitiu-nos uma aprendizagem importante. Quando se passou para novas soluções, o que implica a contratação de empresas especializadas na área, houve alguma tendência para criticar, pelo meio com o argumento de que daí para a frente apareceria tudo feito e o bichinho de desbravar novas soluções ia por água abaixo. Não tem de ser assim. Haver mais meios pode aumentar o desafio. A criatividade estará alguma vez saciada?
Mas estar nas margens pode não ter que ver com posses, meios económicos, mas sim com franjas sócio-culturais. A necessidade de afirmação, enquanto forma de dignificar a minoria, pode ser muito premente.
Quanto à afirmação do Galbraith, é verdade que os mais ricos podem arriscar mais do ponto de vista financeiro, porque têm meios para o fazer e porque a eventual perda tem menor impacto.
Mas o arriscar mais, e depois de lermos a primeira frase, não se pode restringir a este plano.
Mas como posso estar a escrever isto quando sei que há tanta gente que não tem dinheiro para comer? Sinto um certo incómodo.
Luís, trouxeste aqui um assunto que dá pano para mangas.
É a melhor coisa que me podem dizer, que fez pensar em coisas que não estão sequer aqui.
É ajudar a fazer nascer coisas novas. É a diferença entre ser o principio ou o fim.