Disse Romualda Fernandes, deputada e negra, depois de ser eleita:
«A partir de agora nós, mulheres negras, cada vez que olharmos para a escadaria da Assembleia da República não nos iremos ver apenas com baldes e esfregonas para limpar: estamos lá dentro, temos voz e podemos sonhar.»
O que me grita nesta frase como regra imutável da vida é que as esfregonas por norma não têm voz nem podem sonhar.
Pouco me alegra que neste parlamento tenham estado três mulheres negras com voz e sonhos. Porque para a grande maioria, ao nascer mulher e negra terá como destino um balde e esfregona.
A alegria virá no dia em que voz e sonhos não sejam privilégio de poucos, e as esfregonas deste mundo sejam tudo o que podem ser.