A gente tem cada vez mais.
Dantes não havia TV. Depois havia um canal por poucas horas. E foi aumentando até haver 50 milhões de canais 60 horas por dia.
Num dia falava-se com meia dúzia de pessoas. Agora um gajo acorda e leva-se logo com o que 500 pessoas têm a dizer no facebook.
Quando era pequeno havia iogurtes naturais ou de frutas. Agora há 500 variedades, cada um de sua diferente cor.
As empresas ficam contentes porque cada vez há mais empresas e cada uma delas tem que vender cada vez mais. A única hipótese é vender mais a cada um de nós.
As pessoas pensam que estão melhor porque acham que têm mais e maior escolha. A questão é que somos os mesmos. Um.
Temos cada vez mais de cada vez menos. Dedicamos cada vez menos tempo a mais coisas. Ou seja cada uma delas tem um peso cada vez mais pequeno nas nossas vidas. Perde importância.
E que preferes? Teres poucas coisas importantes, ou muitas insignificantes? Quando falas, queres ser importante ou insignificante? Isto é uma estrada de dois sentidos.
Referências:
Camões: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
Facebook:Aquelas coisas originais que lá estão e não não foram copiadas de outro sitio qualquer (não me ocorre nada neste momento)
Tudo é perene, aparece e desaparece. O que escreves hoje amanhã já não existe, por que já aparecerem 2358 coisas por cima.
Não conta o que dizes ou fazes. Tens é que dizer e fazer muito.
É um bocadinho como nas revistas cor de rosa. O que conta é aparecer.
E é neste acto de rebeldia que escrevo neste blogue que quase ninguém lê.
E ninguém lendo, não existe, e portanto nem vale a pena estar a escrever.
Se for escrever para o facebook, onde é meio lido de relance, na pressa de ir ler os outros 38u7462782576 posts, também não vale a pena.
Resta a dúvida. Tenho a alma avariada ou o camões não se aplica nesta época?