É uma renúncia ao apego material que não eleva o espírito e apenas traz sofrimento. Nirvana é utilizado num sentido mais geral para designar alguém que está num estado de plenitude e paz interior, sem se deixar afetar por influências externas. Também se emprega com o sentido de aniquilamento de certos traços negativos da própria personalidade, porque a pessoa consegue se livrar de tormentos como orgulho, ódio, inveja ou egoísmo, sentimentos que afligem o ser humano impedindo-o de viver em paz.
Por se dizer que o estado de nirvana se alcança (também) com meditação.
1 – Ontem, num comboio intercidades de longo curso que faz Braga – Lisboa – Braga, que traz e leva sempre muita gente e gente muito diferente, um rapaz vinha a fazer meditação. Pareceu-me ser estrangeiro e tinha ar de ser bastante novo. Estava no banco ao lado do meu, sentou-se na posição de buda, fechou os olhos e fazia movimentos bastante ruidosos de inspiração e expiração, ao mesmo tempo que dava solavancos.
Admirei a ‘performance’ e o que me pareceu ser um momento de recolhimento. (Admirei mesmo no sentido de admiração, por fazer algo que não faço e acho estar distante de vir a fazer; portanto, digo sem qualquer pensamento de crítica negativa como às vezes acontece associar-se à expressão ‘admirar’.)
Digo que me pareceu ser momento de recolhimento ou de desligar do que acontecia à volta porque as crianças que iam no comboio estavam intrigadas com o que se passava e até estavam assustadas, e geraram algum burburinho com perguntas, sem que ele acusasse dar conta ou ficar perturbado.
2 – Quando tinha horário para ir às aulas de Pilates, às vezes apanhava algumas com momentos de meditação. Nunca consegui ter uma leve aproximação ao que se dizia esperar e ser benéfico, o tal desligar e atingir uma paz interior. Nunca gostei disso (sabiam porque cada um dizia no final) porque não sentia que me acontecesse alguma coisa diferente, era até bastante desconfortável, o que julgo dever-se a estar rodeada de gente. Talvez também seja preciso ter o foco muito lá em cima em ‘coisa mística’ e essa questão está bastante distante de mim.
A minha possibilidade é a da introspecção.
Também achei interessante teres escolhido ‘Samsara’ (roda da vida; movimento contínuo; uma condição a ser superada) para título do post seguinte, o do Lorca. Aqui associo mais Samsara a metáfora psicológica.
Ao ler este pedaço de uma crónica da Patrícia Reis, lembrei-me do que tinha dito no ponto 2 e da questão da meditação e afins:
“Uma vez, há muito, muito tempo, fui a uma aula de yoga. Foi a primeira e a última. E porquê? Os últimos minutos eram de relaxamento, de alheamento de tudo, “deixar a mente ir”, dizia o professor. Eu tive o meu momento Julia Roberts e acabei por abrir os olhos (odeio que me mandem fechar os olhos!), observar aquele grupo de pessoas que, aparentemente, estavam mergulhadas numa certa paz, deu-me um frenesim, levantei-me e saí.”
(O excerto é daqui: https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/estou-farto-de-nao-fazer-nada-disse-ele-10228346)
Não gosto de opinar sobre essa questões das meditações, e quejandos.
Pessoalmente acho impossível esse alheamento de tudo, o vazio, estar em consciência a não pensar em nada.
O tema tem muita panache. O que leva muita gente a fingir que está a fazer o que não estão a fazer.
Mas não posso dizer que seja impossível e que não existem pessoas que o façam.
Eu duvido e não consigo. Por isso não me meto.
Se há quem consiga ou finja e são feliz por isso, ainda bem. É isso que se quer 🙂
Cada um segue o seu caminho. Por eu não achar graça, não vou endrominar a graça dos outros.