Ontem pus a sacar tudo o que pude do Louis Theraux. Hoje ao acordar, comecei a maratona.
Ele sabe o que perguntar e como perguntar. Sabe escolher a quem perguntar.
Pergunta o que nunca seria capaz. Mostra-me o que nunca veria de outra maneira.
E relembrou-me o poder de uma pausa na conversa.
Quando a pessoa com quem está a falar acaba uma frase, por vezes não responde nem pergunta. Fica em silêncio.
Em parte porque se dá o tempo para pensar, em parte pela pressão de quebrar o silêncio faz com que a pessoa diga coisas extraordinárias após a pausa, ao retomar o que dizia.
O melhor não é o que se diz primeiro. Precisa de tempo e espaço para aparecer.
É como um amor. Precisa de namoro.
Saindo da entrevista, que usa esta técnica das pausas para fazer aparecer algo que não apareceria na conversa corrida, são raras as pessoas que conseguem usar bem as pausas num diálogo do dia-a-dia, na relação interpessoal com amigos, colegas, etc.. (E bem-hajam os que são boa onda numa conversa, sem usarem artifícios.) Digo usar bem como contraponto ao desconfortável que é quando essas pausas surgem precisamente com a intenção de a pessoa dizer mais do que tem vontade, mas a posição de maior fragilidade em que o outro a coloca, é propiciadora a que diga mais do que gostaria.
Também concordo que o melhor não é o que aparece primeiro, quer no dizer como no fazer. Mas tenho muitas reservas ao uso das pausas numa conversa com alguém com quem não se tem muito à vontade ou tendo-se, não está no mesmo comprimento de onda e quer tirar partido disso. Numa conversa as pausas são salutares quando fazem pensar e articular melhor o pensamento, e esse silêncio é bom, faz sentir mais, e não é provocador.
Sim, não é fácil. E sei perfeitamente que o que nos é apresentado é editado e cozinhado. Até as pausas do Theraux podem não existir fora da mesa de montagem.
Mas isso não lhe retira o poder.
As conversas e relações humanas não são fáceis? Não 😀
Saber o que dizer, como dizer, quando dizer e a quem dizer? uffff!!
Por isso admiro quem acerta mais do que falha.
Não atribuo peso nem culpa a nenhuma das partes quando se falha. São simplemente desencontros.
E por isso valorizo esses momentos em que como dizes, se pode ter uma boa conversa sem artifícios, cálculos ou preocupações.