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3 comments

  1. Vermelho,terça,sangue.

  2. “Azul, ou verde, ou roxo quando o sol
    O doura falsamente de vermelho,
    O mar é áspero (?), casual (?) ou mol(e),
    É uma vez abismo e outra espelho.
    Evoco porque sinto velho
    O que em mim quereria mais que o mar
    Já que nada ali há por desvendar.
    […]”
    (Fernando Pessoa)

  3. Nuno Júdice
    RECEITA PARA FAZER O AZUL

    Se quiseres fazer azul,

    pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,

    que possas levar ao lume do horizonte;

    depois mexe o azul com um resto de vermelho

    da madrugada, até que ele se desfaça;

    despeja tudo num bacio bem limpo,

    para que nada reste das impurezas da tarde.

    Por fim, peneira um resto de ouro da areia

    do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.

    Se quiseres, para que as cores se não desprendam

    com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado.

    Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez

    ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre

    na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor

    até à altura dos olhos, e compará-la com o azul autêntico.

    Ambas a s cores te parecerão semelhantes, sem que

    possas distinguir entre uma e outra.

    Assim o fiz – eu, Abraão ben Judá Ibn Haim,

    iluminador de Loulé – e deixei a receita a quem quiser,

    algum dia, imitar o céu.

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