poesia não se faz de palavras esdrúxulas
beleza não é obra de engenharia nem cozinhado exótico
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
a música que me sai dos dedos ama o silêncio
Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e a minha mão marinheiro
O Damien cantava esta musica depois dos concertos. Dos vídeos que vi este é o que mais me toca. Nota-se que todos os que ali estão, estão no mesmo 'lugar'. E aqui, 4 anos depois, a milhares de quilómetros de distância sinto um pouco daquele sentimento.
Do outro lado, está esta versão https://www.youtube.com/watch?v=MdWgoqjpdkw estéril, insípida, uma fulana lá atrás só quer saber do telemóvel, alminha nenhuma. Até o Damien canta pior, naturalmente. Uma asa precisa de uma asa para voar.
Do you come, Together ever with him?
Is he dark enough, Enough to see your light?
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.