Quem anda nos meus olhos
A querer salvar o mundo
Com espadas de lágrimas?
És tu D. Quixote, e vou matar-te.
Quem anda na minha sombra
A arrastar a armadura negra
Do Cavaleiro da Resignação
És tu D. Quixote, e vou matar-te.
Quem anda na minha alma
A querer estrangular gigantes
Com mãos de adormecer lírios ?
És tu D. Quixote, e vou matar-te.
Quem anda na minha ira
A enterrar punhais de solidão
Nos monstros dos Desvios Nevoentos?
És tu D. Quixote, e vou matar-te.
Quem anda no meu sonho
A ressuscitar filhos mortos nos regaços,
Para morrerem outra vez de fome?
És tu D. Quixote, e vou matar-te.
Quem anda na minha voz,
A iludir-me de clangores de peleja
Na cidade dos inimigos trocados?
És tu D. Quixote, e vou matar-te.