Enquanto esperava pelo melão,
cheguei a uma conclusão.
Rima, deve ser verdade.
Tenho que me livrar desta ânsia da utilidade, que as coisas têm que servir para alguma coisa, senão não servem para nada.
A subtileza que muitas vezes me lixa é a noção que uma coisa é tanto mais útil quanto mais durar, ou a mais pessoas chegar.
Um saramago chegou a muita gente, é importante. Escrever aqui é insignificante.
Ninguém se sente bem com a insignificância. Ora, é impossível todos chegarmos a todos. E é por muitos tentarem, que somos hoje em dia soterrados com mais e mais coisas. Noticias, musicas, escritos, filmes, tudo. Somos bombardeados com mais coisas do que jamais seremos capazes de absorver.
Resta-nos uma escolha.
Entrar nesta luta insana para chegar a mais e mais pessoas. Que isso nos trará satisfação e essa coisa indefinível: felicidade.
Ou então, conseguir enfiar na cabeça que essa tal felicidade não é coisa que se meça. E obtê-la das pequenas coisas sem importância e que não significam nada.
Há uma terceira via. São aqueles momentos em que todo o mundo é uma pessoa. E ser importante para essa pessoa é melhor do que tudo o que se possa desejar.
É por isso que a vida sem amor é difícil demais para merecer ser vivida.
E a culpa disto tudo é do melão.