Como podem os sonhos ajudar na vida, se sonho não é vida?
É importante saber que em tudo o que é importante, nada é importante.
Que não importa chegar a nenhuma conclusão, nem provar nenhum ponto.
Baralhar e dar de novo. Andar por aí ao sabor das contradições.
Retiraria o “ou”. E responderia: verdade e sinceridade.
“Sinceridade é mostrar ao outro a verdade ou opinião sem criticá-lo, deixando claro a sua posição.”
Quanto à parte da importância, ocorreu-me logo este poema, sobretudo a parte final, que diz muito melhor do que eu conseguiria dizer por palavras minhas:
No fim de contas são poucas as palavras
que nos doem de verdade, e muito poucas
as que conseguem alegrar a alma.
E são também muito poucas as pessoas
que nos fazem bater o coração, e menos
ainda com o correr do tempo.
No fim de contas, são pouquíssimas as coisas
que na verdade importam nesta vida:
poder amar alguém e ser amado,
não morrer depois dos nossos filhos.
Amalia Bautista
A piada está nisso, é que se pode ser sinceramente mentiroso.
A verdade é um conceito muito mais difícil que a sinceridade.
Quantas vezes disseste algo sinceramente, convencida de ser verdade, e mais tarde chegares à conclusão que te enganastes e que afinal era tudo ao contrário?
Luís, não existem verdades absolutas, verdades para todo o sempre. Até porque a verdade – os factos em linha de interpretação e o que afirmamos em relação às nossas emoções e sentimentos – está sujeita às balizas do tempo.
Por exemplo, o que hoje afirmo sobre a verdade de um determinado facto tem que ver com o que é conhecido, que daqui a uns meses pode mudar se novas investigações chegarem a mais peças.
Também, não estará em causa a minha verdade e sinceridade em relação ao que hoje afirmo como o seja em termos do que sinto, se daqui a seis anos interpretar esse meu lado de dentro de forma diferente. “Ah, agora avalias de forma diferente… então estavas a mentir ou não fostes sincera?” Não necessariamente. (Mas é preciso ter cuidado com isto, que é fácil arranjar-se maneira de valer tudo. Não é isso.)
Na minha opinião, a verdade é mais permeável às balizas temporais do que espaciais. Até estava tentava a dizer que a verdade não muda com a alteração de espaço do sujeito que a emite, sem perder o pendor de verdade, mas não tenho a certeza se me revejo nesta parte e por isso preciso de pensar mais.
Então o que é a verdade?
É o que sei ou o que sinto num determinado momento, de acordo com a informação disponível e com a interpretação que é possível fazer, e que se consegue fazer nesse determinado momento. (O possível e o que se consegue, para abranger o factual e o emocional.)
e agora estamos de acordo, a verdade é um conceito lixado 🙂