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o primeiro

é somente para explicar o porquê do nome. Escrito na areia era uma crónica do Augusto Abelaira no Jornal, salvo erro. É simples, dura o tempo que dura o intervalo entre as ondas ou as marés. Efémero.

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o segundo

é para dizer que nunca criei um blog porque para tal é preciso paciência e persistência. Não tenho nem uma coisa nem outra em quantidade suficiente.

Ninguém visita um blog que não é actualizado regularmente. De modo que não espero visitas, escrevo para me ouvir e eventualmente me recordar.

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o terceiro

é para ter a certeza que nenhum blogueiro me vai alguma vez visitar.

Os blogs vivem em grande parte num circulo fechado de auto consumo. Tu visitas um blog, que por sua vez te vai visitar. Eu esfrego-te as costas e tu esfregas as minhas. Estou convencido (sem base estatística que não seja a observação) que a esmagadora maioria dos visitantes dos blogs são donos de outros blogs.

De modo, que se alguém cair aqui, e eventualmente comentar na esperança que eu vá visitar como moeda de troca, tirem os cavalinhos da chuva. Não gastem as teclas. Visito os blogs que acho que valem a pena visitar. O resto, sinceramente quero lá saber.

Agora que já conquistei a inimizade de parte da comunidade blogueira, posso continuar em paz 🙂

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o sétimo

saber que a morte
morre e vem
como sementes de ébano
soltas no chão

há qualquer coisa que morre
e morre e morre
depois permanece
para nos ver partir
partir e não voltar
qualquer coisa
que se arrasta devagar

são os momentos que vejo para além dos olhos fechados
dos dedos que batem nestas teclas imprecisas que nem olho
para ver morrer para ver partir
são teclas que são folhas são ébano, semente de algo
que passa entre estes dedos
que batem nestas teclas imprecisas
sem ver sequer os olhos fechados que vêm morrer e partir
não sei que dizer destes momentos
em que os dedos percorrem estas teclas longe da luz do café onde não há música
dos dias que não nascem
não sei porque batem os dedos nestas teclas imprecisas
para não partir, para não morrer e morrer e morrer
há nisto tudo qualquer coisa que me olha
que não percebo porque já tudo partiu
os contabilistas da rua dos fanqueiros
meteram-se num metro à noitinha
nunca mais os vi
talvez no dia seguinte tenham regressado daquele mundo escuro
para onde entraram pelo metro naquela noite suja
nunca mais vi a criadinha de saia e avental
que imagino com flores na cabeça
e uma luz que não pára de nascer
não sei que fazer destas teclas imprecisas
que não param de bater entre contabilistas e criadinhas de avental
que é feito da luz que não parava de nascer?
para onde vai o metro ao fim dos dias escuros?
para onde vão os dedos nestas teclas inseguras?
para onde vai a morte que morre e morre e morre e nunca volta
mas permanece devagar dentro de mim
na imagem que tenho da criadinha de avental e do metro cheio de escuridão e de noites
que gritam vai vai
vai senta-te ao sol ao mar
vai para onde o metro não engole contabilistas como relógios enferrujados
e as criadinhas não precisam de luz a jorrar da cabeça para colher flores

vai e senta-te ao sol
repousa os dedos inseguros que tapam os olhos ocos de luz de criadinhas e contabilistas
para onde te leva essa luz que não cessa de nascer
para os metros que morrem e nunca voltam
permanecem solenemente nas vértebras que seguram dedos inquietos
de que te serve ir morrer nascer jorrar luz, ver criadinhas, engolir contabilistas?
é certo que seria delicioso morder com luxuria a nudez de quem se perde no metro numa noite escura
inundar de café e musica os lírios cortados da criadinha
é certo que seria delicioso abraçar o ir o vir o nascer o morrer e o morrer
afundar-me no escuro metro com uma criadinha a jorrar lírios cortados de café e música
trocar os dedos por línguas sedentas de bocas

morrer e voltar num dia claro
depois olhar para mim
e ver uma sombra de sol
cheio de coisas simples
aquelas que fazem as crianças rir

olhar para mim
e ver-me em repouso
as teclas inquietas
velhas
a um canto
não olham para mim
nem sei que existem

olhar para mim
e não reconhecer a criadinha e o fundo do metro
ver o sol
mesmo sabendo que tudo isto não passa de movimentos dos dedos irrequietos
que batem nas teclas inseguras
mas entre as teclas
ver o sol
onde um dia hei-de repousar

sereno

sem luz a meu lado

(isto saiu à noite de um jorro – 9 de Janeiro de 2006)

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o oitavo

para além de ser para encher

serve para dizer que o post anterior saiu-me assim de um jorro ontem à noite. Escrever sem parar, não sei quanto tempo passou, cinco ou dez minutos. Ao contrário do que costumo fazer praticamente não alterei nada. Três ou quatro palavras se tanto. Aqui fica assim. E não é meu costume escrever coisas longas…. tipo duracell

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