Há algo que se sabe há muito. Os políticos têm dois objetivos de carreira. Governarem-se e ganhar eleições.
Assim, dada a fraca memória das pessoas, faz sentido logo a seguir às eleições cortar e aumentar, e depois dar uns doces antes das eleições seguintes.
Ontem meti-me a comprovar isto através dos aumentos do IVA que são os mais fáceis de medir.
17 de Março de 2002: Eleições -> 5 de Junho de 2002 IVA aumenta de 17 para 19%
20 de Fevereiro de 2005: Eleições -> 1 de Julho de 2005 IVA passa de 19 para 21%
Sendo 2009 ano de eleições, em 2008 o IVA baixou para 20% porque apesar da crise mundial, o pais estava tão bem que já se podia começar a baixar impostos. O deficit em 2009 seria de 2,2%, diziam eles. Na verdade foi 9,3%.
Assim que passaram as eleições de 2009, afinal o país já não estava tão bem assim, e pimbas IVA para 21% em 2010 e para 23% em 2011.
Deixem-me adivinhar: Graças aos governantes maravilhosos que temos, em 2014 Portugal estará de vento em popa, e os impostos vão baixar. Claro que isso não terá nada a ver com as eleições de 2015.
Só um parvo não vê que o governo está disposto a fazer tudo o que for preciso, inclusive a deixar gente morrer à fome, para poder dar uns doces antes das eleições.
É que eles não o escondem, diz o Portas “Temos de criar condições para que, a partir de 2013, a economia cresça e crie emprego, ter tudo preparado também no aspeto da competitividade fiscal”, e o Gaspar “crescimento económico regressará só em 2013”
Basicamente é isto. Tenho desgosto de viver num pais e num mundo de masoquistas. Que ou gostam de ser enganados e explorados, ou acreditam que o melhor do homem vem ao de cima através do egoísmo. Seja como for não quero viver aqui, no meio disto.
Não se devia viver num país só por se nascer nele, mas sim porque se acredita nas mesmas coisas que os outros que lá vivem.
PS. Obrigado RNE3 pelo Omar Sosa.
A questão é esta, de uma forma ou outra, estamos sempre à procura de estatuto.
Mesmo os que o procuram por não o procurar.
A verdade é só esta, se alguém me disser bom dia, respondo bom dia.
Se alguém me disser simples truta, fico sem saber o que dizer e por consequência um pouco desconfortável.
O estranho é desconfortável. Sou-me desconfortável.
Isto porquê? Hoje ao sair do restaurante onde normalmente almoço, um gajo disse-me entre outras coisas, que já tinha reparado em mim e achava que eu era maluco como ele. Fiquei desconfortável, balbuciei qualquer coisa, cumprimentei-o e vim-me embora.
Ignorei-me.
Estive a ver um documentário sobre os Joy Division onde os gajos da banda dizem que nunca prestaram muita atenção às letras que o Ian Curtis escrevia e cantava. Um diz que só anos mais tarde quando as viu publicadas é que pensou “Meu deus, era isto que ele cantava?”.
Como se pode estar tão distante de alguém tão próximo? Pode. É fácil.
‘Mother I tried please believe me,
I’m doing the best that I can.
I’m ashamed of the things I’ve been put through,
I’m ashamed of the person I am.
Isolation, isolation, isolation’