As pessoas envelhecem quando as lamentações começam a tomar o lugar dos desejos.
Os aforismos são uma coisa lixada. É como equilibrar um leão na ponta de um alfinete.
Em vez de alfinete, teria escrito pionés ou pionais, se soubesse como se escreve.
Por causa das coisas, a partir de agora só uso agrafos.
No outro dia fui à Tabacaria, e pedi à menina do balcão: ‘Quero o Sol’. Ela respondeu-me: ‘Também eu.’
Hoje no café, pedi à empregada um bom bocado. Nunca mais lá volto.
Ontem acendi a luz do quarto e pus-me a olhar para ela.
A luz sai da lâmpada e vai-se espalhando até chegar à parede.
E depois? O que é que acontece?
A lâmpada sabe que chegou à parede e deixa de deitar luz?
Ou será que a luz sai pelas frestas e se espalha pelo mundo todo?
Hoje à noite não acendo a luz.
Vou esperar que a luz, que alguém como eu acendeu no seu quarto, me venha visitar.
Depois do Professor Karamba, o Professor Fofana. E a seguir? Professor Chanfana?
A perceção é uma treta.
A gente pensa que percebe, mas não percebe nada.
E porquê? Porque não há nada perceber.
O maior medo é esse. Que quanto mais se anda, mais há para andar.