de onde me leva o pensamento
Quando era puto, um gajo dizia: épá já ouviste o álbum xpto daqueles fulanos? É muita bom, pá. O outro cravava o disco e ia ouvir. Isto acontecia de vez em quando. Que saiba nunca ninguém se preocupou em dar nome a isto.
Agora partilha-se. Toda a gente está cheia de coisas e de vontade de as partilhar com toda a gente. E no entanto, pelo contrário, partilha-se cada vez menos. Porque espetar uma coisa no facebook e chamar-lhe partilha, não é partilhar.
Deita-se abaixo um jardim e no seu lugar constrói-se um prédio. Na fachada do prédio pinta-se um jardim. Pois… não é um jardim.
O antónimo de virtual é real. Quem pense o contrário transforma o virtual em ilusão.
Partilhar é comer do mesmo pão. Para isso é preciso estar ali, naquela hora, naquele lugar, a comer o pão.
Comer o meu pedaço de pão e deixar o resto em cima da mesa, não é partilhar.
Mesmo que alguém passe e mordisque um bocado. E o mais provável é que atirem o resto do pão para o lixo.
Partilhar é beber do mesmo copo, mas sem ser lavado pelo meio. Partilhar é comunhão, é chamar-te para viver um bocado da minha vida.
Pôr a fotografia do copo numa parede há-de ter outro nome qualquer.
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
transformá-la num pão
transformá-la num beijo
Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra
é assim que gosto da poesia, tal como gosto da música e das mulheres
despida e sem adornos
E por acaso aparecem-me dois filmes com um tema comum, o do titulo que foi tirado do El viento.
Faz-se muito bom cinema na américa do sul, principalmente na Argentina.