Ups, enganei-me no voto
É a chamada democracia em acção. Interpretada por palhaços e marionetas.
É a chamada democracia em acção. Interpretada por palhaços e marionetas.
Não fossem os carros e Lisboa pareceria quase abandonada. Até os sons estão sozinhos.
O pior do passar do tempo é que vamos desistindo, vamos perdendo o interesse, seja por cansaço, seja por desilusão.
Isto acontece a quase todos, se calhar faz parte da morte. Quando já se desistiu de tudo, morre-se. Lembro-me do Eça de Queirós nas palavras dele se foi tornando ‘um vago anarquista, um anarquista entristecido, humilde e inofensivo’.
Mas não é inevitável, há quem lute sempre como se fosse ontem. Há na Galiza pelo menos um ‘gaulês indomável’, o bemsalgado, com quem descubro coisas.
Uma delas, as Rubaiyat (poemas de quatro linhas) de Omar Khayya, um persa dos tempos em que não havia essa coisa da especialização. Deixou obra em áreas tão diversas como a poesia, filosofia, geometria, matemática e a astronomia.
O Omar Khayya se vivesse hoje seria um Vinicius, a pular de esplanada em esplanada, sempre de copo na mão. Os temas são os de sempre, o amor e a morte. E o vinho como símbolo da urgência de viver.
Num procura que fiz, descobri o que já sabia, que quem traduz escreve de novo. Vi traduções do mesmo poema irreconhecíveis entre si. Acabei por escolher as feitas pelo Alfredo Braga. Deixo um gostinho.
Procura a felicidade agora, não sabes de amanhã.
Bebe um copo cheio de vinho,
e pensa sentado ao luar
Talvez amanhã a lua me procure em vão.
Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer.
Que pobre o coração que não sabe amar
e não conhece o delírio da paixão.
Se não amas, que sol pode te aquecer,
ou que lua te consolar?
Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite
a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.
Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;
o meu remorso será leve como os teus cabelos.
Não me lembro do dia em que nasci;
não sei em que dia morrerei.
Vem, minha doce amiga, vamos beber deste copo
e esquecer a nossa incurável ignorância.
Quando me falam das delícias que na outra vida
os eleitos irão gozar, respondo:
Confio no vinho, não em promessas;
o som dos tambores só é belo ao longe.
Bebe o teu vinho. Vais dormir muito tempo
debaixo da terra, sem amigos, sem mulheres.
Confio-te um grande segredo:
As tulipas murchas não reflorescem mais.
Podes me perseguir, miragem de outra ventura,
podes modular a tua voz, mas só escuto aquela
que já me encantou. Dizem-me: Deus te perdoará.
Recuso o perdão que não pedi.
Um pouco de pão, um pouco de água,
a sombra de uma árvore, e o teu olhar;
nenhum sultão é mais feliz do que eu,
e nenhum mendigo é mais triste.
Do meu túmulo virá um tal perfume de vinho
que embriagará os que por lá passarem,
e uma tal serenidade vai pairar ali,
que os amantes não quererão se afastar.
Alguns amigos me dizem: Não bebas mais Khayyam.
Respondo: Quando bebo, ouço o que me dizem
as rosas, as tulipas, os jasmins;
ouço até o que não me diz a minha amada.
A abóbada celeste se parece a uma taça emborcada;
sob ela, em vão, erram os sábios.
Ama a tua amada como a ânfora ama o copo;
olha, boca a boca, ela lhe dá o seu próprio sangue.
Um dia pedi a um velho sábio
que me falasse sobre os que já se foram.
Ele disse:
Não voltarão. Eis o que sei.
Muitos se inspiraram no Omar Khayya. Fernando Pessoa quando morreu, deixou na gaveta uma tradução em inglês do Rubaiyat toda anotada e rabiscada. Deixo aqui o link
Realidade é uma ilusão que ocorre devido a falta de álcool.
(nem sempre faz sol na Ericeira)
“Eu bebo, não é por vício, não é por nada, é porque eu vejo no fundo do copo, o vulto da mulher amada. Se eu não beber a cerveja espumada, ela vai morrer afogada. É por isso que eu bebo sempre sem parada, e com o coração encharcado de pinga e cevada!”
Por isso escolhe bem.
Em tempos trabalhei com um consultor da KPMG (KGB para nós :)) que andava sempre com um caderninho na mão.
Uma das coisas que lá tinha era o seguinte:
Eu tenho os seguintes direitos
1. Pedir o que quero. Reconhecendo que os outros têm o direito equivalente de dizer não.
2. Ter as minhas opiniões e valores e de as exprimir.
3. Tomar consciência das minhas opiniões e ser capaz de mudar de ideias.
4. Tomar as minhas decisões e assumir as consequências.
5. Declinar toda a responsabilidade pelo destino e problemas de outras pessoas.
6. Ter a minha privacidade, de estar sozinho e ser independente.
7. Dizer “Não quero saber nem perceber”.
8. Ser afirmativo e no entanto mudar-me.
9. Relacionar-me com outros sem estar dependente da sua aprovação.
Falsas crenças auto-destrutivas a evitar
a) Tenho que ser apreciado por todos
b) As pessoas devem gostar de mim
c) Devo ser perfeito em tudo o que faço
d) Todas as pessoas com quem vivo e trabalho devem ser perfeitas
e) Tenho pouco ou nenhum controle sobre o meu destino
f) É melhor evitar as dificuldades
g) A discórdia e o conflito são desastres destrutivos a evitar a todo o custo
h) As pessoas, incluindo eu próprio, não podem mudar
i) Algumas pessoas são sempre boas, outras sempre más
j) O mundo deve ser perfeito e é inaceitável que o não seja
k) As pessoas são frágeis e devem ser protegidas da verdade
l) As pessoas existem para me fazer feliz
m) As crises são invariavelmente más e nada de bom pode vir delas
n) A solução perfeita existe, tudo o que tenho a fazer é procurá-la
o) Ninguém, incluindo eu, deve ter problemas, estes revelam incompetência
p) Só há uma maneira verdadeira de ver as questões
O melhor tratamento de beleza é a bebedeira! Porquê? Porque toda a gente te elogia: “Tás bonito, tás”
🙂
Qual é a melhor forma de caçar coelhos? Esconder-se atrás duma árvore e imitar o grito da cenoura.
Ler num jornal os resumos das telenovelas é uma leitura entusiasmante!
Nikos tenta dar um beijo em Júlia, mas ela afasta-se e diz que aquele romance não vai dar em nada. André faz uma excelente oferta para comprar as ações de Vitória na Belíssima. Júlia confessa a Nikos que ainda gosta de André e diz que não quer magoá-lo. Nikos vai embora, chateado com Júlia. André dá um beijo em Vitória e tenta seduzi-la, mas ela esquiva-se.
Andreia conversa com Natércia e Sandra sobre Miguel ser filho de Joana, mas entretanto chega Vítor, que também quer saber o que se passa. Sandra pede a Vítor que devolva o dinheiro que Zé lhe deu quando foi da violação de Ana, mas Vítor diz que já o gastou todo. Os dois discutem e Vítor puxa a cadeira de Sandra fazendo com que ela caia e se magoe e ainda lhe dá um pontapé.
Passamos 3 biliões de horas por semana a jogar em consolas, apesar de poucos acharem que jogar seja algo importante para fazer na vida.
Não estou a ver alguém, depois de saber que só tem um mês de vida, dizer é pá, tenho que me despachar para ver se ainda consigo chegar ao nível 20.
Então o que é importante?
Não pergunto para que serve, porque as únicas respostas verdadeiras, são verdadeiramente deprimentes.
Mas o que vale a pena fazer? Será que nos dedicamos mesmo a fazer aquilo que queremos fazer na vida?
Um enfermeira que tratava de doentes terminais, recolheu os desejos mais comuns de quem está a chegar ao fim da vida:
– Gostava de ter tido a coragem de viver a minha vida, e não a que os outros esperavam de mim
– Não devia ter trabalhado tanto
– Gostava de ter tido a coragem de expressar os meus sentimentos
– Devia ter mantido contacto com os amigos
– Devia ter-me permitido ser mais feliz
É de notar que sexo e saltar de pára-quedas não estão na lista.
Jane McGonigal (TED) – The game that can give you 10 extra years of life
Um dos exercícios que a fulana pediu ao publico foi dar aperto de mão ao vizinho do lado durante seis segundos ou então mandar uma mensagem a alguém.
Reparei na mulher de riscas a meio da imagem, que foi das poucas a mandar um sms, e também das mais sisudas da plateia.
Diz a Jane que o toque tem um efeito quimico, quem escolheu apertar a mão fica mais inclinado a gostar e a ajudar o outro.
E isso não é bom? Ora vamos lá começar a cumprimentar, tocar, abraçar e beijar muito mais 🙂
Sou do tempo em que nos concertos o pessoal acendia os isqueiros,
e era um bocado foleiro.
Agora acende-se os telemóveis e não sei bem o que é. Talvez tecnológico.
Aqui há dias fiz um comentário num blogue dum Homem que tem o mesmo nome dum poeta de que gosto muito. Achei curiosa a coincidência e disse-lhe isso mesmo. E até passei a seguir o blogue.
Mas o tal Homem pelos vistos ofendeu-se. E domingo pela manhã veio deixar uma prendinha no meu blogue.
Diz ele que que as pessoas com o nome dele “têm uma coisa em comum. São Homens!. Alguns também são poetas… e pelo que diz a voz do povo; Bons poetas.”
E depois fez questão de salientar a minha menoridade:
“Já no meu país, tal como no teu, há muitos homemzinhos com o nome de Luís Rodrigues… Mas não consta que sejam grandes poetas.”
Primeiro devo dizer que não gosto da malta que vai lavar a roupa suja para casa dos outros. Em casa são uns santinhos, fora dela cospem para o chão. Não vejo razão para vir aqui responder a um comentário feito no blogue dele.
Acredito que cada homem é enorme, e que em algo do que faz existe uma grandeza que não precisa nem exige estátuas. Ainda sonho com um mundo de homens justos e iguais.
Sobre a poesia, não me parece que ser poeta seja profissão. Acho um pouco ridículo quem se intitula poeta, tipo Joaquim Silva, canalizador. A poesia é ter uma estranheza, uma inquietação em si, e depois conseguir passá-la a outros por palavras.
Pela minha parte não é fama nem grandeza que procuro (já sou grande em tamanho :), e muito menos ser poeta. Escrevo aqui quando me apetece escrever, por isso posso fazer 5 posts numa hora ou nenhum em dois meses. Acontece muitas vezes apagar o que fiz, por não gostar. Mas também tenho coisas que lembro com orgulho mal disfarçado.
E dizendo as coisas com as letras todas, chateia-me que por causa disso tenha que gramar bocas de malta com egos mal resolvidos, e que com isso se apoucam.