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O fósforo enquanto arde sabe que está a arder?

Malomil não te antevejo grande futuro.

A malta nova já não tem pachorra para ouvir uma música de 3 minutos até ao fim. E ler mais de três linhas muito menos. Os mais velhos como eu vão pelo mesmo caminho.

Mais coisas, mais depressa, rápido, rápido. Se não gostas, muda. Continuas a não gostar? Muda outra vez. Estás a gostar? Há ali melhor. E é novo.

Novo e melhor e mais. Depressa senão vais perder. Já tens músicas que gostas para ouvir durante cinquenta anos? Mas podes ter mais. Porque perder essa possibilidade quando podes ganhar?

Se há um espaço livre para onde olhes, é um espaço que quero ocupar com algo novo para usares, para veres, para consumires.

fosforo

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As folhas nunca se cansam

Num dia desta semana, estava no trabalho a olhar para fora e reparei nas árvores.
As folhas não paravam de se mexer, de abanar.

Nunca se sentam para descansar, não fazem pausas para almoço. E nessa noite, enquanto dormia, de certeza que elas lá estavam, agitando-se, imperturbáveis como se não houvesse tempo.

Por isso as àrvores são símbolos de confiança e de estabilidade. Derivando um pouco, fez-me lembrar um poema do Carl Sanburg
https://www.escritas.org/en/poema/599/grass

I am the grass.
Let me work.

As pessoas passam. A erva fica.

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Diário sem nada de especial de um dia qualquer

Não suporto que amanhã seja mais um dia. Que hoje seja um prolongamento de agora.

Vou-me abandonar à minha sorte. Acreditar no que não creio.

Vejo uma senhora de moral alevantada por oposição às tetas abandonadas

Grande é a embarcação que se dá a navegar. (Obrigado pelo barco…)

Quais os pés mais bonitos? Os atrofiados pelos sapatos ou os marcados pelo chão?

No actual contexto sócio-económico, a taxa de amizade está muito abaixo dos valores normalmente considerados satisfatórios.

Vou dizer um lugar comum. A vida é uma espiral. Tudo se repete, só que num ponto diferente.

Escrevo com o pão que comi numa garrafa partida: A Humanidade está com hemorróidas.

Se o pensamento é o meu rio, a consciência é o seu dique.

Vontade: Mosaico de anéis e pregos.

Detesto gente cuja linguagem é a do deve e do haver. Em que a vida se alinha pelas colunas do débito e do crédito. Com cinco casas decimais.

Dançando no orvalho do tempo. Estátuas perdidas.

Ouvido na barbearia: “Doer às vezes é coisa boa. É sinal de que se vive.”

As máquinas não morrem e se morressem tornar-se-iam humanas. O maquinismo e a tecnologia é a busca da ilusão da imortalidade.

Desde que comprei o relógio que ando atrasado.

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Para viver

Para viverPara viver
livros e folhas
são tudo quanto preciso
Porque o primeiro reconhecimento
é o que me mereço
nestas folhas perdidas

E se por acaso outra coisa recordo
da sua falta
á minha mão retorno
sem nunca de lá ter partido

Outro eu de outro precisa
para de eu mesmo se apartar
mas se fosse possível ver claro
distinto desta massa indistinta
um pouco mais á frente
esse outro que vejo
esse mesmo sou eu

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Pêndulos

Pêndulos
Que todos os pêndulos sejam pontes
entre mim e parte incerta

Que todas as pontes sejam pernas
alvos de púrpura e cetim

Que todas as pernas sejam frutos
só sem mais nada ou ninguém

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