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Das selfies

Dizem que uma imagem vale mil palavras, e ainda bem porque a maioria nem dez palavras escreve, quanto mais mil.

No outro dia tive que preencher um formulário à mão e foi estranho. Como quem volta a andar de bicicleta passados 20 anos. Ainda se consegue andar mas falta o à vontade. Escrever desde há muito que se faz no pc, o irs faz-se na internet, tomar notas é no telefone, as cartas e postais agora são emails.

A caneta está em extinção. E aquela habilidade que existe em desenhar riscos no papel, em breve vai ser coisa do passado. Na escola aprender a escrever vai ser num teclado.

Isto não me assusta. Mudança só não é natural para os velhos do restelo. E a forma como se escreve não altera nada de essencial.
O que realmente me preocupa é a extinção da própria escrita.

A imagem é cada vez mais fácil e pervasiva. As cartas e postais foram trocadas por uma fotografia enviada a partir do telemóvel. As reportagens e jornalismos, são cada vez mais baaseadas em imagens, ao ponto de que muitas vezes o que determina se algo é noticiado ou não, é a existência de imagens. Descrever algo usando palavras está em desuso.

E isto preocupa-me porque perdendo a escrita, a linguagem fica mais pobre e a humanidade fica mais pobre. Há sentimentos, expressões e conceitos que não fazem parte da linguagem normal do dia a dia. E é essa densidade que estamos a perder.

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Do absoluto

Estava a pensar na cena do outro dia, que os humanos têm muita dificuldade em pensar em termos absolutos. E isso nota-se na maneira como avaliamos e julgamos as coisas.

Estamos sempre a comparar e se não tivermos termo de compração ficamos perdidos.

No próximo sábado tenho uma corrida de karts. Se fizer dois minutos por volta e ficar em último, sou lento. Se ganhar a corrida passo a imagem de ser um piloto rápido, mesmo que faça os mesmos dois minutos.
E se disser que fiz dois minutos por volta e mais nada, perguntam-me logo, e qual é o tempo por volta que os outros fizeram? É preciso isso para poder dizer se sou rápido ou lento.

Ninguém rápido ou lento, bom ou mau, mole ou duro, em termos absolutos. Só sabemos apreciar as coisas relativamente.

Estava agora a pensar se a competição com que nos relacionamos com os outros, é resultado ou causa.

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