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Estive a remexer em mails

Ensinamentos que adquiri ao longo dos tempos:
– Nunca batas num homem com óculos. Usa as mãos, é mais eficiente.
– Bebe moderadamente, mesmo que em grandes quantidades.
– Não funcionou da primeira vez? Desiste de saltar de pára-quedas.
– Não te aches horrível pela manhã. Acorda ao meio-dia.
– Nunca se deve bater num homem caído, a não ser que tenhas a certeza que ele já não se levanta.
– Evita uma vida sedentária: bebe!
– Evita acidentes: faz de propósito!

Dúvidas que me atormentam:
– Adão e Eva tinham umbigos?
– Porque é que as ameixas negras são vermelhas quando estão verdes?
– O mundo é redondo e chamam-lhe planeta. Se fosse plano chamar-lhe-iam redondeta?

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porque é que o Barry White é preto?

Tenho tudo organizado para me poder atormentar com o que não é organizável.

Liberdade é não ter medo. Liberdade é não pensar.

Liberdade é estar só.

O Sartre dizia que o inferno são os outros. Eu digo que a prisão são os outros.

E posso dizer isto porque já não espero nada. Sou livre.

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vai

vai para onde o metro não engole contabilistas como relógios enferrujados
e as criadinhas não precisam de luz a jorrar da cabeça para colher flores

vai e senta-te ao sol
repousa os dedos inseguros que tapam os olhos ocos de luz de criadinhas e contabilistas
para onde te leva essa luz que não cessa de nascer
para os metros que morrem e nunca voltam
permanecem solenemente nas vértebras que seguram dedos inquietos
de que te serve morrer nascer jorrar luz, tomar criadinhas, engolir contabilistas?
é certo que seria delicioso morder com luxúria a nudez de quem se perde no metro numa noite escura
inundar de café e música os lírios cortados da criadinha
é certo que seria delicioso abraçar o ir e vir o nascer e o morrer
afundar-me no escuro metro com uma criadinha a jorrar lírios cortados de café e música
trocar os dedos por línguas sedentas de bocas

Sou de poucas letras. Quando escrevo duas linhas já faço uma festa. Houve um único dia, já lá vão dez anos, em que sentei ao computador e escrevi uma página de alto a baixo, sem parar nem hesitar.

Lembro-me perfeitamente como se fosse ontem. Parecia maluco a matraquear nas teclas. Guardei aquilo tal e qual como me saiu, sem alterar uma vírgula.

Hoje calhou ir desenterrar coisas passadas, e redescobri este pedaço. Soube-me bem relê-lo. E quanto mais não seja por causa disso, vale a pena guardar a tinta no bolso.

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Love and Death

O vintage Woody Allen é simplesmente genial!

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Juro que se vejo mais uma porra duma bandeira francesa me atiro ao rio.
Fui buscar este video e agora até o youtube aderiu ao politicamente correcto.

Ontem li alguém dizer no facebook que tinha mudado a imagem de rosto porque era fácil. O que é uma excelente razão.
Para coçar o nariz.

É por causa destas e de outras que as unanimidades me assustam. O que é realmente importante raramente é fácil e/ou claro.
E para o que é difícil e obscuro nunca há maiorias quanto mais unanimidades.

PS. (para não ter que pôr capacete) Não tenho nada contra quem o fez, cada um faz o que escolhe, tal como escolho fazer-me confusão 🙂

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o contabilista que mudou o mundo

Das frases com que acordo, esta terá sido das mais normais. Pensei, porque não há-de um contabilista mudar o mundo?
Na verdade nem sei quem muda o mundo. Reconheço a muitos essa vaidade.
Mas a história está cheia de grandes homens e pequenos feitos.

E nisto lembrei-me dum contabilista que mudou um bocadinho o meu.

fernando pessoa

There is more than meets the eye, as iludências aparudem.

Da próxima vez que passar por um departamento cheio de funcionários invisíveis,
vou pensar nos mundos subterrâneos, nas atlândidas que ali estão.

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Hoje sou Sírio

siria

Porque não quero a barbárie que aconteceu ontem, hoje sou Sírio.

A Síria, um país com 18 milhões de habitantes, recebeu 2 milhões de refugiados, quase todos fugidos à guerra do Iraque.

Para se perceber a enormidade disto, a Europa com 750 milhões de habitantes e com as economias mais ricas do mundo, está a construir muros com arame farpado por causa de 200 mil refugiados.

Estima-se que por mês morram na Síria 1000 civis completamente inocentes. 5 milhões de pessoas (1 em cada 3 sírios) viram as suas cidades e casas destruídas e tiveram que fugir.

Não podemos ignorar a barbárie longe de casa, se não queremos que ela mais tarde ou mais cedo nos venha bater à porta. Para o bem e para o mal a globalização está aí.

Na Síria, tal como no Iraque, na Líbia e no Afeganistão a guerra começou e é alimentada por nós, ocidentais. Para trás deixamos o caos, e países onde nenhum de nós toleraria estar quanto mais viver.

Querendo, a guerra da Síria acaba amanhã. Querendo, o ISIS, a Alqaeda e os talibãs nunca teriam a força que têm.

Para que o que aconteceu em Paris nunca mais aconteça temos que querer.
E por isso, pelos parisienses, hoje sou Sírio.

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Contar o incontável

As palavras são os corantes e conservantes disto a que, à falta de melhor palavra, chamamos vida.

 

Ao almoço, o facto de ser alto levou-me a não comer arroz de polvo.

 

Já repararam na forma como as calças estão a invadir as pernas das nossas mulheres?
Nossas no sentido carinhoso de quem quer possuir aquilo que gosta.
Possuir não necessariamente no sentido sexual, até porque nunca tentei meter o meu coiso num copo de gin tonic ou numa garrafa de tinto.
Nossas no sentido de cada um com a sua.

A saia rodada não foi inventada por acaso. Fica a meio caminho entre a perna que se vê e a perna que não se vê.

Homens! A saia está em extinção. A união faz a força, juntos na defesa da saia portuguesa!

 

Meio por acaso apanhei-me a fazer o seguinte exercício. Pensar em pormenor no que vou fazer amanhã. Acordar, levantar, duche, sair de casa, pequeno almoço, etc etc. E em que medida isso do que sei que vai ser amanhã altera o meu dia de hoje, e eventualmente o de amanhã.
E uma coisa ressalta, pelo menos no meu caso. É que posso em grande parte antecipar sempre o que vou fazer no dia seguinte. Prever, planear é coisa boa. E faço isso.
Voltando ao ponto que acabei por não escrever neste poste, os momentos únicos não se planeiam.
Olhando para trás, os momentos inesquecíveis que vivi não foram planeados. Tive intenção de ir aqueles sítios ou com aquelas pessoas, mas depois o que aconteceu, aconteceu simplesmente. Tal como podia não ter acontecido, exactamente nos mesmos sítios com as mesmas pessoas.

 

Lurdes Norberto

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