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Quem é o Jefferson?

Jefferson AirplaneSomebody to love

Ou o meu gosto está fechado no tempo, ou a década de 65 a 75 foi genial. O resto é paisagem, com uma ou outra flor.

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Pequena crónica pós-almoço

No regresso de almoço, resolvi virar onde nunca viro. Faço isso quando tenho tempo.

E dei com um miradouro e anfiteatro que não vem em nenhum roteiro da cidade de Lisboa.

Nisto vejo um pedaço de mato a arder, e a crescer muito rapidamente.
Ligo para o 112, preocupado. Que aquilo fica a 50 metros de casas, tanto dum lado como de outro.

Há alturas em que cada segundo parece uma eternidade.
Não sei quanto tempo tocou, mas foi mais do que devia.
O 112 não deve tocar e muito menos um minuto ou dez, ou seja o que for.

Cumprido o dever cívico, fui cumprir o dever jornalístico. Fazer estas fotos e videos.

O melhor disto tudo? O povo, e o gosto de falar.

É fogo posto, já se sabia claramente. Mais engraçado ainda, é ter sido eu a deitar fogo ao mato.
Que me tinham visto ali à volta a tirar fotos antes do fogo começar.

Se me forem ver à prisão gosto de petiscar queijo e vinho branco bem fresco.

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Enquanto houver

Jorge PalmaA gente vai continuar
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Nirvana

É uma renúncia ao apego material que não eleva o espírito e apenas traz sofrimento. Nirvana é utilizado num sentido mais geral para designar alguém que está num estado de plenitude e paz interior, sem se deixar afetar por influências externas. Também se emprega com o sentido de aniquilamento de certos traços negativos da própria personalidade, porque a pessoa consegue se livrar de tormentos como orgulho, ódio, inveja ou egoísmo, sentimentos que afligem o ser humano impedindo-o de viver em paz.

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Pasolini

A solidão: é preciso ser muito forte
para amar a solidão; é preciso ter pernas firmes
e uma resistência fora do comum; não se deve arriscar
pegar um resfriado, gripe ou dor de garganta; não se devem temer
assaltantes ou assassinos; há que caminhar
por toda a tarde ou talvez por toda a noite
é preciso saber fazê-lo sem dar-se conta; sentar-se nem pensar;
sobretudo no inverno, com o vento que sopra na grama molhada
e grandes pedras em meio à sujeira úmida e lamacenta;
não existe realmente nenhum conforto, sobre isso não há dúvida,
exceto o de ter pela frente todo um dia e uma noite
sem obrigações ou limites de qualquer espécie.
O sexo é um pretexto. Sejam quais forem os encontros
― e mesmo no inverno, pelas ruas abandonadas ao vento,
ao longo das fileiras de lixo junto aos edifícios distantes,
que são muitos ― eles não passam de momentos da solidão;
mais quente e vivo é o corpo gentil
que exala sêmen e se vai,
mais frio e mortal é o querido deserto ao redor;
é isso o que enche de alegria, como um vento milagroso,
não o sorriso inocente ou a prepotência turva
de quem depois vai embora; ele traz consigo uma juventude
enormemente jovem; e nisso é desumano,
porque não deixa rastros, ou melhor, deixa um único rastro
que é sempre o mesmo em todas as estações.
Um jovem em seus primeiros amores
não é senão a fecundidade do mundo.
É o mundo que chega assim com ele; aparece e desaparece,
como uma forma que muda. Restam intactas todas as coisas,
e você poderia percorrer meia cidade, não voltaria a encontrá-lo;
o ato está cumprido, sua repetição é um rito; pois
a solidão é ainda maior se uma multidão inteira
espera sua vez; cresce de fato o número dos desaparecimentos ―
ir embora é fugir ― e o instante seguinte paira sobre o presente
como um dever; um sacrifício a cumprir como um desejo de morte.
Ao envelhecer, porém, o cansaço começa a se fazer sentir,
sobretudo naquela hora imediatamente após o jantar,
e para você nada mudou; então por um triz você não grita ou chora;
e isso seria enorme se não fosse mesmo apenas cansaço,
e talvez um pouco de fome. Enorme, porque significaria
que o seu desejo de solidão já não poderia ser satisfeito;
e então o que o aguarda, se isto que não se considera solidão
é a verdadeira solidão, aquela que você não pode aceitar?
Não há almoço ou jantar ou satisfação do mundo
que valha uma caminhada sem fim pelas ruas pobres,
onde é preciso ser desgraçado e forte, irmão dos cães.

/my-oblivion/

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Fácil de entender

1.
Cheguei a casa.
Liguei a tv à procura de qualquer coisa. Que freak show é fazer zapping rápido por 200 canais.
Pior que os filmes de ficção cientifica apocalíptica. Quando foi o apocalipse, que não dei por isso?
Desliguei o fim do mundo e voltei ao principio.

2.
Pensei nu.
Não faço ideia de onde veio isto. Os apontamentos que faço são mais que desapontamentos, são surpresas.
Não tenho bolsos, nem sou sou suficientemente cool para ter moleskines e a tecnologia só me serve em momentos de desinspiração.
Uns dias atrás pensei em algo genialmente original (acho eu :). No dia seguinte não fazia a mínima ideia do que era.
Por isso hoje tomei nota no telefone. E lá está, choque frontal com os cliques e backspaces e sei lá que mais.
Não faço ideia do que queria apontar, porque se fosse pensar nu, sabia o que era.

Será que se voltar ao mesmo sitio à mesma hora me lembrava? O Jorge Palma diz que não, e eu só posso concordar.

3.
Lembrar é um pensamento repetido.

As repetições são impossíveis.
Mas sei bem o que quero outra vez, em diferente.

4.
por falar, falei

The GiftFácil de entender

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Descompreender

Há momentos em que descompreendo tudo.
Não percebo o que vejo todos os dias e não percebo o que nunca percebi.
Adoro esses momentos.

Não sei o que são as coisas, nem como são, nem o que são, tudo tão próximo que me aquece a alma.

O desafio é relacionar-me a cada minuto que passa com esse mundo geográfica e matematicamente inestético e compreensível.

Porque daí depende a minha descompreensão.

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