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Real Flying Experience

Acabei de receber um mail com este titulo. O primeiro vento que me passou pela cabeça foi que seria um coisa tipo andar num helicóptero descapotável para sentir na cara a sensação de voar.

Foi um instante só. Depois entrou em acção a casca de macaco velho. Quem se dá ao trabalho de dizer que é Real, é porque não é Real.

Ao mostrar uma coisa azul ninguém diz se presta ao ridículo de dizer que é azul.

Mas dizer que é verdade o que é mentira, é normal
E seria uma desconsideração não se darem ao trabalho de me convencer que é verdade o que é mentira.

Já me estou a desviar. Já ia começar a falar nas merdas que decidem parte das nossas vidas.

A primeira frase a seguir ao titulo do email que recebi é “Experience the real flight from your own computer”
Suponho que eles estejam sugerir atirar-me dum avião sentado no portátil.

Isto de alguma forma tem a ver com o que estava a pensar no outro dia. Não só as máquinas substituem as relações humanas, como vão substituir a realidade.

Desde há muito que se fala em realidade virtual. Mas alguém parou um bocadinho a pensar o que isso quer mesmo dizer? É uma realidade que não é real. Em conversas ouço pessoas a dizer meio a brincar (por enquanto) que com
o google street view etc, dá para ver como são os sítios quase como se estivessem lá, não vale a pena gastar tempo e dinheiro para ir. Vê-se no computador com vista aumentada em 360º.

Que tal pegar num embrião e põ-lo num casulo onde desfila pelos seus sentidos a realidade?

Bom paremos com o desatino. Vou fazer o post que vim aqui para fazer.

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Leituras ao acaso pela manhã

1.
‘A palavra bondade hoje significa qualquer coisa de ridículo. É preciso conquistar, triunfar.
Querer ser bom numa época como esta é se apresentar como voluntário para a eliminação.’

2.
Comentário usado para destacar o próprio texto:
‘Sem serem obrigados a deixar testemunho, obrigado por lerem’
Regra dum fórum de escritores:
‘Ler os textos dos outros e não simplesmente despejar conteúdos’
Visto por aí:
‘Desejo que, em 2018, todos leiam um texto até o final antes de compartilhar’

3.
Vejo um português a entrevistar uma brasileira. Fala com sotaque brasileiro.
Qualquer português assim que chega a Badajoz desata logo a falar Portunhol
Não tenho lembrança de ver na tv um brasileiro a falar com sotaque português, ou um espanhol a falar Espanhês

4.
Estava a ver este filme de 1994, onde há pessoas na fila da caixa de um banco.
Isto já não existe, agora são máquinas.

Está em curso a segunda revolução industrial. Primeiro as máquinas substituíram as pessoas na indústria, na produção de bens. Agora as máquinas estão a substituir as pessoas nos serviços, nas relações que dantes eram humanas.

Num futuro não muito distante não vamos lidar com pessoas no dia a dia, só com máquinas.
As compras são cada vez mais online, e já estão a ser feitos ensaios para entregas por drones e robôs. Se houver problemas ou questões com o produto, somos atendidos por chatbots e um computador do outro lado. O cinema e entretenimento vem por uma box. As conversas são através de máquinas com pessoas que cada vez menos conhecemos e por isso desprovidas da humanidade que só o contacto pessoal dá. A aprovação e popularidade também já foram maquinizadas, são likes e números. Falta um passo mais pequeno do que se pensa para que mesmo as conversas do dia a dia também sejam com robôs.

É uma mudança radical, no mundo e nas pessoas.
Esta mudança, esta direção foi pensada? Quem decidiu isto? E quem decidiu, conhece as consequências?
É isto que queremos? A mim assusta-me e não me perguntaram nada.

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O pior do álcool não são as multas

O consumo de álcool pode fazer-te pensar que estás a sussurrar quando na verdade não estás

O consumo de álcool pode fazer com que digas aos teus amigos vezes sem conta que gostas muito deles

O consumo de álcool pode fazer com que penses que sabes cantar

O consumo de álcool pode levar a acreditar que as tuas ex-namoradas estão à espera de um telefonema teu às quatro da madrugada

O consumo de álcool pode levar-te a pensar que consegues falar com lógica com as outras pessoas sem cuspir

O consumo de álcool pode criar a ilusão de que és mais forte, esperto, rápido e que tens melhor aspecto do que a maioria das pessoas

O consumo de álcool pode causar gravidez

O cnsummo de alcól pode Levar-te a pnesar que ssabs iscrve beim

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Alegoria da Caverna

Diz-se que Nietzsche foi internado depois de beijar um cavalo.

Uns dirão: Xiça, não o deixem sair tão cedo.
Outros vão à procura da história completa e pensam: Xiça, ainda há pessoas boas.

Fico na dúvida, se um sapo beijado dá princesa, o que dará um cavalo?

O beijador de cavalos era famoso pelos aforismos. Há um, que não sei como ele disse exactamente, mas o sentido era este.
Se vires um gajo às piruetas e pinotes na rua, chamas-lhe maluco.
Mas não serás tu que não ouves a música que ele que ouve quando dança?

Quem vive em caixas de sapatos, físicas ou imaginadas, abra janelas. Minúsculas, irregulares e irresponsáveis.

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Sou troglodita a dobrar, pelo menos

Há coisas que não me entram na cabeça, que não consigo deixar de achar absurdo.

Se houver um cão abandonado ou perdido, vejo milhares de partilhas e campanhas para lhe arranjar um sítio onde ficar. Não acho isso necessariamente mal.
O que acho mal é que para as centenas de pessoas abandonadas, a dormir na rua ao frio e à chuva, não existam campanhas e partilhas.

O que não percebo é que dar um pontapé num cão levanta um coro de indignação e um montão de vídeos no Facebook a denunciar a brutalidade.
Mas se der um pontapé no gajo que está à minha frente ninguém liga. Quanto muito terei direito a um comentário de café: estava ali um gajo que de repente sem motivo nenhum, vira-se e deu um pontapé no outro.

Isto é aberrante porque julgo que as pessoas estão muito antes dos animais, que é preferível matar 10 cães a cortar a perna duma pessoa.
Os defensores dos animais não dizem explicitamente que os animais devem ter tanto direitos como os homens. Mas muitas vezes tomam posições em que os põem à frente dos homens.
E fazem-no com uma sanha tal, que como no caso das ciclovias, se torna difícil dizer que o rei vai nu.

Publica o Nuno Markl nas inevitáveis “redes sociais”:
“Na venerável Faculdade de Direito de Coimbra, as novas leis de defesa dos animais foram debatidas… Professores académicos, em cuja academice eu defeco; são criaturas desprezíveis e trogloditas que representam com clareza o complexo de inferioridade nacional: às vezes somos tão pequenos que só conseguimos sentir-nos maiores diminuindo os alvos mais fáceis. Senhores professores, ide para o c#%*lho.”

Terá o Nuno Markl nalgum momento futuro uma publicação tão sentida como esta, mas desta vez a defender os direitos dos homens?
Fiz uma pesquisa rápida e a única outra indignação que encontrei, foi contra a censura. Tinha sido barrado de fazer likes no Instagram.

Acho que o que o motivo é que se tem pena dos animais, olha-se para eles e pensa-se ‘coitadinhos’.
Já dos homens não temos pena. Os homens não têm aquele olhar, nem nos lambem a mão. Consciente ou inconscientemente acha-se que quem dorme na rua é porque é drogado, preguiçoso ou burro. Que quer ou merece dormir na rua.

Se lhes cai uma bomba em cima é porque são maus. Se cair um prédio é porque são imprevidentes.
Os animais, não. Os animais são inocentes, fofos e precisam de nós.

É preciso pensar que também os homens são inocentes e precisam de nós.
Mesmo quando não são fofos.

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