Sexta-feira à noite
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.
Há uma palavra que persigo
foi-se por lá desterrada e morta
viúva e fria como os sargaços
que longe daqui dão à costa
todos os setembros pela manhã
como a folha pesarosa de ser outuno
e da brisa mole de entardecer.
O que levará um homem adulto a fazer estas escolhas capilares?
„Se tirares as meias-mentiras ao homem comum, tiras-lhe também a felicidade.“
‘Tar De livsløgnen fra et gennemsnitsmenneske, så tar De lykken fra ham med det samme.’
Henrik Ibsen, Relling, Act V
I have my freedom but I don’t have much time
Let’s do some living after we die
pá, comprem o disco
Leva-me contigo, dentro de ti
para depois voltar ao bar
e por mil tragos cantar
E não há fumos pra ninguém
Não há mulheres pa ninguém
Não há homens pra ninguém
Não há nada pra ninguém
é uma alegria!!
ahhhhh