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Uma música minha

Quando era puto tinha uma rotina de verão.

Em tróia até entardecer no ferry de volta para setúbal.

Subir a ladeira das fontainhas de costas ou à corrida.

Chegar a casa, beber do pacote de leite do frigorífico.

Tomar duche e ir para os claustros do convento, onde todos os anos havia um ciclo de cinema, aproveitando a bancada do festival de teatro.

Num desses dias enquanto bebia o leite ao pôr do sol, passou na rádio uma coisa linda, a primeira vez que ouvi o Jan Garbarek.

Keith Jarret, Jan GarbarekMy song

Num desses dias, no intervalo do filme, tocou esta música.

Fiquei maravilhado. Parecia que falavam, o piano e o saxofone.

Foi dificil descobrir que musica era, nos tempos pré-soundhound. Corri as discotecas todas a perguntar.
“é uma música com um piano e saxofone à conversa”. E descobri.

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Igualdade de género e de classes

Eu não estou mas a minha empregada está, ela abre a porta
Não lhe posso dizer, tem que falar com o gerente

Quando ouvi a primeira frase, lembrei-me do estranho que soaria ouvir 'o meu empregado está, ele abre a porta'.
Só haverá igualdade de géneros quando deixar de ser estranho.

Mas existe uma outra desigualdade, de que é proibido falar, a de classes.
Que só deixará de existir quando for tão honrado fazer trabalho manual de limpeza como ser gerente de uma qualquer coisa.

De cada um segundo as suas capacidades. A cada um segundo as suas necessidades.

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