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Populismo

Ao fazer a ronda pelas noticias dei com esta sobre a nova ciclovia na almirante reis: “Em termos de segurança fez o pleno: não é segura para os utilizadores, não é segura para os automobilistas e não é segura para os veículos de emergência. Em relação à fluidez do trânsito também teve efeito contrário ao pretendido: o congestionamento é quase permanente e os transportes públicos ficam parados no trânsito. Quanto à poluição, quer a sonora quer a do ar, embora sem medições conhecidas, é fácil de antecipar que a consequência do congestionamento. agrava estes indicadores.”

Fui ao youtube e em todos os vídeos da nova ciclovia vejo imensos peões e carros e as bicicletas são raríssimas. Nas zonas em que ando as ciclovias estão invariavelmente vazias.

Para ter ideias baseadas em dados objectivos e não na minha experiência pessoal, fui à procura de estatísticas. E sem grande espanto descobri que não há nada. O INE mistura andar a pé com andar de bicicleta. Que não é a mesma coisa, como se sabe os peões não devem e não podem andar nas ciclovias.

Quando uma farmacêutica pensa lançar um produto no mercado faz sondagens para avaliar a sua aceitação pelos médicos. Ok, deve haver inquéritos em que uma grande percentagem de lisboetas dizem que não vão trabalhar de bicicleta por não haver ciclovias.

Mas também não encontrei nada. Até encontrei em blogues de ‘pedaleiros’ assumir-se que as bicicletas são mais usadas para lazer do que para as deslocações necessárias, trabalho etc.

Receio só poder concluir uma de duas coisas, grassa pelo país e na AML em particular um populismo ‘moderno’ e politicamente correcto que não quer saber das necessidades efectivas da maioria dos seus habitantes.

Ou que o foco das politicas está no lazer, mesmo que tenha um impacto negativo no dia a dia de quem tem que se deslocar dentro da AML.

Neste bocado que andei a averiguar, descobri no site da deco o seguinte:
Posso andar na estrada e pelas ruas no meio do trânsito, sem seguro, sem matricula, sem capacete, sem carta nem qualquer tipo de licença de condução. Tudo legal.
Vou a uma loja, compro uma bicicleta e 5 minutos depois posso ir para o meio da rotunda do marquês de pombal e nem preciso de saber para que lado anda o trânsito numa rotunda.


Dei com Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa 2020-2030, a ideia é passar de 0,2% para os 10%, um aumento de 5000% (50 vezes mais). José Mendes, Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade diz que é uma meta completamente realista.

Nos próximos 3 anos as ciclovias em Lisboa vão quintuplicar e no Porto diminuir. Porquê?

As capitais ricas da Europa têm metas muitíssimo mais modestas.
Eles podem ter mais recursos que Portugal mas não têm a capacidade de prometer que a gente tem.

Dizer que vamos todos andar de bicicleta é fácil. Como é fácil dizer que é uma questão cultural. Enche-se a cidade de ciclovias, torna-se cada vez mais difícil qualquer outra forma de viajar, e as pessoas vão começar a usar e vai ser bom para todos. Que discurso simplista de quem toma estas decisões.

As diferenças do quadro acima explicam-se só por questões culturais? Ou tem a ver com o tamanho e orografia das cidades? Com a forma como estão organizadas, com a distância percorrida e com os horários de trabalho?

Copenhaga que é a cidade mais densamente povoada do norte da Europa, tem 686 habitantes por km². Lisboa tem 9483.

Um dinamarquês que trabalha 7 horas por dia a 3 klms de casa num percurso calmo e plano faz sentido ir de bicicleta. Muito provavelmente nem tem preocupações com horários de escolas ou horas para ir buscar os filhos que o estado deve tratar disso tudo. Com um ordenado médio liquido de mais de 3000 euros, até pode pagar para chegar a uma casa já limpa.

Por vezes ouço o discurso que temos que ser iguais à Europa, para termos um estilo de vida saudável.
Mesmo que o português se levante às 6 da manhã, para ir deixar o filho à creche, e depois fazer 30 klms até ao trabalho onde vai cumprir as 8 horas ou mais para ganhar 600 euros ao fim do mês.

Ah mas temos imensas ciclovias, somos modernos somos europeus. Vinte anos atrás vi o mesmo discurso com as autoestradas. E é melhor calar-me 🙂

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hoje não acordei com uma frase na cabeça

Acordei com um conto.
E lembro-me de cada pequeno pormenor como se o tivesse vivido.

Estranha coisa, os sonhos.

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Estava a almoçar quando entra um casal com ar de quem vem da praia.
Chinelo e calção, mas os pés e pele imaculados.
Como pode ser a praia sem areia nem sal?

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A noite passada acordei com o teu beijo
Descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo

 

Chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
Olhei para baixo dormias lá no fundo
Faltou-me o pé senti que me afundava
Por entre as algas teu cabelo boiava
A lua cheia escureceu nas águas
E então falámos
E então dissemos
Aqui vivemos muitos anos

 

A noite passada um paredão ruiu
Pela fresta aberta o meu peito fugiu
Estavas do outro lado a tricotar janelas
Vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
Cheguei-me a ti disse baixinho: “Olá!”

 

O sol inteiro caiu entre os montes
E então olhaste
Depois sorriste
Disseste: “Ainda bem que voltaste!”

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Deus recebeu-me nos seus braços.

Pode haver pessoas a quem isto soe bem. A mim nem um bocadinho. Estar nos braços dum gajo? Lamento, mas não. O gajo entusiasma-se e depois como é?

Por vezes ouço reclamar que deus não devia ser representado sempre como branco. É muito mais raro ouvir reclamar que deus podia ser mulher.
Ó mulheres deste país, não vos faz confusão ter um gaijo omnipotente por aí?

Reparem no pormenor:

Deusa recebeu-me nos seus braços.

Soa-me estranho, sem ser a deusa ou uma deusa. Deusa imaterial e impessoal não existe. Por mim tudo bem, prefiro a deusa material e pessoal.

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É desta que os os homens vão deixar de confundir a nossa espécie com o planeta, o mundo ou o universo?
Quando estamos em risco como espécie é duma vaidade enorme achar que as minhocas, as árvores, as pedras e oceanos estão em risco.
As coisas são muito mais do que a utilidade que têm para nós.
Isso do salvar o planeta ou ambiente é uma fantochada, se não for dito como deve ser: queremos salvar o nosso ambiente, porque o que nos mata, não mata necessariamente mais nada.
Quando há uma pandemia que mata o escaravelho da uva ninguém liga nenhuma.
Se houver uma pandemia que nos mate a todos, o tal de planeta liga tanto como nós ligamos à extinção do escaravelho da uva.
E o universo então é algo que escapa à nossa capacidade de compreensão, e qualquer tentativa de definição é errada.

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