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Yin-yang

Não tenho saudades de usar gravata. Muito pelo contrário.
Tenho uma certa nostalgia de chegar ao carro e pendurar a gravata no retrovisor.

Isto a propósito de ter visto um retrovisor de máscara.
A gente não quer que ele se constipe, não é?

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Joelho

 
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho

Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio

Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo

Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo

Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo

E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento

Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas

Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.

 

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O paradoxo da escolha – Mais é menos

Uma pessoa que pode escolher entre dez alternativas é mais livre do que a pessoa a quem só apresentam duas, certo?
Errado.

Muitas opções geram paralisia em vez de libertação. A dificuldade de escolher entre tantas opções faz-nos hesitar e consome tempo. Dantes havia iogurtes naturais, de aromas e de pedaços. Pegava no de pedaços e seguia para a caixa. Agora há tantos tipos diferentes que nem sei o que escolher.

A escolha final é sempre menos satisfatória. Quando pegava na única variedade de pedaços ia para a caixa despreocupado, tinha o iogurte que queria. Agora vou com o pensamento que talvez tenha escolhido mal e havia lá outro que era melhor.

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Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.

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