Um dia, quem sabe

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
– Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra.

Um dia, quem sabe
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
E que doravante
o pai seja pelo menos o Universo,
e a mãe pelo menos a Terra.

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Hoje falei e falei para o telemovel já sem bateria. Chorei e fui feliz. Foi bom.
O que isso conta em relação ao grande esquema das coisas? Nada de especial.
A bola chutada pelo pé do ronaldo ir um centimetro para a esquerda ou para a direita, gasta litros de tinta e saliva em comentadores televisivos.
O meu ou o teu choro? Menos que pó num poste perdido algures na África do Sul.

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tirando os olhos que tendem a falar
e a boca que tende a olhar

tirando os olhos que tendem a fechar
e a boca que tende a abrir

tudo sul a norte do oeste

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nunca fiz listas de melhores, há coisas que gosto e outras que não gosto
por vezes gosto das que não gosto, e não gosto das que gosto

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