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Como nossos pais

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

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O sol sou eu

Um gajo lembrou se um dia de dizer que o inferno são os outros.
E até ao fim dos seus dias teve que explicar que o queria dizer não era nada daquilo que perceberam

Não deixa de ter piada tentar vampirizar a cousa

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Aquele grande Rio Eufrates

Todos os dias são poucos para chorar o homem
embora ele chame em seu auxílio as árvores

Olhai que bem nos fica andar na rua
pelo braço de alguma ideia respeitável
ousada sem excessos devidamente garantida

pelo sexo que trouxe até nós que fomos no princípio
apenas dois

Vejo-te então
preparada e tensa como um arco
e a inclinação com que solícita me atendes acompanha
a forma leve e sinuosa do que temos a dizer
Tão fresco é o teu riso
que quase te direi recém-nascida

Nascemos e morremos e nada acontece
da primeira à última palavra sempre que entre nós falamos
Não há ideia que não puxemos para de baixo do sol

Vai funcionário arranjado e composto inaugurar o teu dia
com prateleiras para todas as ideias
por estas ruas que começam a movimentar-se

É inútil repito. As ruas da cidade
de tão orientadas não vão dar ao coração
Os versos que erguemos ao longo dos passeios
coagularam em ilhas que a indiferença
rodeou de silêncio e ao roçar o asfalto
até adquiriram seguras cotações

O nosso deus é um deus ofendido

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Manifesto Utópico-Ecológico em Defesa da Poesia e do Delírio

Invocação

Ao Grande deus Dagon de olhos de fogo, ao deus da vegetação Dionisos, ao deus Puer que hipnotiza o Universo com seu ânus de diamante, ao deus Escorpião atravessando a cabeça do Anjo, ao deus Luper que desafiou as galáxias roedoras, a Baal deus da pedra negra, a Xangô deus-caralho fecundador da Tempestade.
Eu defendo o direito de todo ser Humano ao Pão & à Poesia

Por isso em nome da saúde mental das novas gerações eu reivindico o seguinte:

1 – Transformar a Praça da Sé em horta coletiva & pública.

2 – Distribuir obras dos poetas brasileiros entre os garotos (as) da Febem, únicos capazes de transformar a violência & angústia de suas almas em música das esferas.

3 – Saunas para o povo.

4 – Construção urgente de mictórios públicos (existem pouquíssimos, o que prova que nossos políticos nunca andam a Pé) & espelhos.

5 – Fazer da Onça (pintada, preta & suçuarana) o Totem da nacionalidade. Organizar grupos de Proteção à Onça em seu habitat natural. Devolver as onças que vivem trançadas em zoológicos às florestas. Abertura de inscrições para voluntários que queiram se comunicar telepaticamente com
as onças para sabermos de suas reais dificuldades.

6 – Criação de uma política eficiente & com grande informação ao público em relação aos Discos-Voadores. Formação de grupos de contato & troca de informação. Facilitar relações eróticas entre terrestres & tripulantes dos OVNIS.

7 – Nova orientação dos neurônios através da Gastronomia Combinada & da Respiração.

8 – Distribuição de manuais entre sexólogas (os) explicando por que o coito anal derruba o Kapital

9 – Banquetes oferecidos à população pela Federação das Indústrias.

10 – Provocar o surgimento da Bossa-Nova Metafísica & do Pornosamba. O Estado mantém as pessoas ocupadas o tempo integral para que elas NÃO pensem eroticamente, libertariamente. Novalis, o poeta do romantismo alemão que contemplou a Flor Azul, afirmou: Quem é muito velho para delirar evite reuniões juvenis. Agora é tempo de saturnais literárias.

 

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The Cold Song

 

What power art thou
Who from below
Hast made me rise
Unwillingly and slow
From beds of everlasting snow

See’st thou not how stiff
And wondrous old
Far unfit to bear the bitter cold

I can scarcely move
Or draw my breath
I can scarcely move
Or draw my breath

Let me, let me,
Let me freeze again
Let me, let me
Freeze again to death
Let me, let me, let me
Freeze again to death.

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A propósito duma “coisa” que saiu hoje publicada em papel de embrulho falemos de salários

Muita gente diz que paga muito de IRS. Sinto o mesmo, gostava de pagar menos e ter mais dinheiro.

Há uma solução fácil. Metade dos portugueses ganha menos de 800 e não paga IRS, esses não se queixam dos impostos altos. É pá, isso também não, como é que pago as despesas do mês todo com 600 euros, casa, carro, saídas, jantares, o netflix. As férias. Concentremo-nos no importante, os impostos são altos. Pouca gente pagar impostos porque nem têm para comer, não é relevante.

Espera aí. Será que pode ter a ver com os salários serem tão miseráveis e só uns quantos é que têm que pagar pelo SNS, pela educação, etc? E que tudo a dividir por poucos, dá muito? E se tudo fosse a dividir por muitos, daria pouco? Náá o importante é baixar o IRS, o IRC, os impostos todos, não é preciso mais nada. Os peritos, economistas, todos confirmam, baixando impostos vamos ficar todos melhor.

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Querem mais provas que os impostos em Portugal são altíssimos? Um ordenado de 1700 euros em PT dá 1300 líquidos e na Suiça dá 1500. Estão a ver? É claro que quem ganha 1700 euros, na Suíça ganharia 500 cá, ou seja quem faz um trabalho que cá paga zero de imposto, lá paga 200e. Caraças, não! Os impostos cá são altos. Que o salário mínimo no centro da Europa seja 1600 ou 1800 euros, isso são pormenores. Não é isso que é importante, o importante é baixar os impostos.

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Pronto ok, para ter a certeza absoluta. Comparemos com países europeus com salario mínimo parecido com o nosso, a Polónia por exemplo. mesmo que não tenha uma percentagem tão grande de pessoas a ganhar salario mínimo. Um salário de 1700e na Polónia traz 1200e para casa? As contas estão todas as erradas, só pode ser. Ou então é porque eles têm -20º no inverno e com o aquecimento sempre ligado precisam de menos dinheiro, já estão quentinhos e felizes por natureza. Os impostos cá são altos, baixem o IRS, baixem o IRC, baixem tudo! É que como se não bastasse a netflix e a sportv, agora tenho que pagar a eleven e a btv.

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O problema nacional é a competitividade, é certo. Não somos competitivos por causa dos impostos, pá. Ainda ontem ouvi na televisão, baixem os impostos e vem aí o D. Sebastião. Tudo quanto é grande empresa a vir para cá, somos a nova Alemanha, a China o eu sei lá. Vão vir charters cheios, já dizia o Futre. Só sei que vamos ser todos ricos. Vamos passar férias para Inglaterra e gozar do barato que é uma cerveja. Gabar o sorriso e alegria com que os Alemães me vêm servir a sangria numa esplanada em Munique. É tão fácil. Mas não contem a ninguém o segredo. Para sermos um país rico, é só baixar os impostos. O que vale é que foi um português a descobrir isto e ainda mais ninguém sabe no mundo.

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Ufa isto saiu maior do que estava à espera 😀

Evito ler noticias á hora de almoço. Sei que vou ficar enojado e depois dá nisto.

Em 2009 tentei deixar de me interessar pelo mundo por completo. Não consegui.
https://cuspir-contra-o-vento.blogspot.com/2009/03/o-ultimo-jornal.html

Bem tento não saber, nem querer saber.
Diz o outro, e acredito, que tenho em mim todos os sonhos do mundo
para que raio me hei de estar a aborrecer e atormentar com os sonhos dos outros?

Não sou eu no papel de embrulho de hoje, não ganho mal, acho que pago os impostos justos.
Porque merda de carga de água tudo isto me dói?

Este é o meu único drama. A dor de saber.
Quem trabalhe 12 ou 16 horas, ou só tenha batatas para comer no fim do mês não me dói se não souber nem pensar nisso.
O mal é saber. Como faço para dessaber?

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Saramago aos pedaços

Perguntaram a Saramago: Como podem homens sem Deus serem bons?
Resposta: Como podem homens com Deus serem tão maus?

A nossa escolha não tem por que ser feita entre socialismos que foram pervertidos e capitalismos perversos de origem, mas entre a humanidade que o socialismo pode ser e a inumanidade que o capitalismo sempre foi.

Antigamente eu defendia uma tese, a que regresso de vez em quando, que defende que o homem quando descobriu que era inteligente não aguentou o choque e enlouqueceu.

Duas fraquezas não fazem uma fraqueza maior, fazem uma força nova.

Costuma-se dizer que a solidão é enriquecedora, mas isso depende diretamente da possibilidade de se deixar de estar sozinho.

Cada homem tem a sua parcela de terra para cultivar. O que é importante é que cave fundo.

Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter,
ter deve ser a pior maneira de gostar.

É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com Sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava.

Nem a juventude sabe o que pode,
nem a velhice pode o que sabe

O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio, Daqui não passarei.

O grande problema do nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente.

o que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca
é preciso andar muito para alcançar o que está perto

Sentir como uma perda irreparável o acabar de cada dia. Provavelmente, é isto a velhice.

Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não.

Toda a gente fala de direitos humanos e ninguém de deveres, talvez fosse uma boa ideia inventar um Dia dos Deveres Humanos.

Um partido de pobres nunca ganharia uma eleição, porque os pobres não têm nada para prometer. Quem faz promessas são os ricos, ou, mais exatamente, é o poder.

Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.

O caos é uma ordem por decifrar

Encaminhamo-nos para a pior das mortes: a morte por falta de vontade, por abdicação.

Hoje é que estamos a viver, de fato, na Caverna de Platão, pois as imagens que nos são mostradas da realidade, de certa maneira, substituem a realidade.

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Olha para uma pessoa
Sem fazer nada, quieto

Observa a reação:
Rearranjar roupa ou cabelo
Pegar num objeto qualquer que esteja ali à mão
É o poder da mente de gerar movimento

É claro que há sempre um que diz “Tás a olhar pra quê, ó caralho”?
Como a experiência não tem uma alínea para isto, o final também não.

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