O gato a arder
O comboio passa vinte e cinco vezes por dia, mas não chega
quando somos animais a arder
O comboio passa vinte e cinco vezes por dia, mas não chega
quando somos animais a arder
É como beber água do mar.
Quanto mais bebo, com mais sede fico.
Até que nada aplaca a minha sede, a não ser beber o oceano inteiro.
De repente, a meio do filme, a luz apaga-se e nem imaginas o que acontece a seguir.
Esta é a última moda para conseguir que as pessoas façam o que querem que elas façam, ver o filme. Dizer que vai acontecer uma coisa sem dizer o que é.
E isto resulta melhor que dizer bem do filme. Para além de criativo e de pôr a alma aos pulos num domingo de manhã, está mesmo muito bem feito. Ela faz as vozes e instrumentos todos, cada um na sua caixinha, e depois sincroniza tudo com um resultado espectacular.
A primeira abordagem de convencer as pessoas resulta melhor porque mexe com o nosso subconsciente. Toleramos mal a falta, o perder, o não saber. Daí o ímpeto de ir ver o que acontece no fim do video, mesmo sabendo que não vai ser nada de especial.
Lembro-me de na escola ouvir a teoria que as coisas inacabadas ou incompletas criam um estado de tensão interior nas gentes. É isso.
E lembro-me de um teste que vi numa sessão do TED. Imagina que tens 1000 euros. Atiras uma moeda ao ar e se errares ficas com os mesmos 1000 euros, acertando com 2000 e não jogando ganhas 500 pela certa. A maioria joga pelo seguro, e mete os 500 euros ao bolso.
Outro cenário, desta vez tens 2000 euros, acertando ficas com os 2000 euros, errando com 1000, e não jogando perdes 500. Nesta situação mais gente arrisca para não perder os 500 euros.
Mas porquê? Objectivamente a situação é a mesma. Pela certa temos uma variação na bolsa de 500 euros, arriscando a variação pode ser zero ou mil.
O que se extrai daqui são duas tendências das pessoas: aversão a perder e dificuldade em pensar em termos absolutos.
Faz-nos toda a diferença se vamos ter mais ou menos, mesmo que a diferença seja a mesma.
Mais engraçado, macacos postos perante o mesmo tipo de escolha fazem o mesmo que nós. Ainda mais engraçado é que as decisões na alta finança seguem a mesma 'lógica'. O que não é muito animador, saber que se pusermos macacos a gerir os bancos eles vão fazer as mesmas asneiras que os humanos.
Ah e sim, gosto muito deste video mesmo que a luz não se apague no fim e não acontece nada de especial.
estranheza extra-ordinário alienação alucinar elevação distanciamento, cada vez vez gosto mais do que não é
ajuda-me a pôr a realidade em contexto e a suportar melhor os mad men
Nasceu o bébé de Beyonce. Também se ouve muito: o bébé nasceu com 3,5 quilos.
Percebe-se porque andamos a viver estes anos todos.
Para ganhar o direito ao nome.
Se a noticia passar a ser: morreu um velhote de 67 quilos, a malta desiste logo.
(foi o que se salvou da
avalanche)
Isto, meus amigos, é exaltação. Exaltação feita de cimento e lágrima.
Amou daquela vez como se fosse a última | Amou daquela vez como se fosse o último | Amou daquela vez como se fosse máquina |
Beijou sua mulher como se fosse a última | Beijou sua mulher como se fosse a única | Beijou sua mulher como se fosse lógico |
E cada filho seu como se fosse o único | E cada filho seu como se fosse o pródigo | |
E atravessou a rua com seu passo tímido | E atravessou a rua com seu passo bêbado | |
Subiu a construção como se fosse máquina | Subiu a construção como se fosse sólido | |
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas | Ergueu no patamar quatro paredes mágicas | Ergueu no patamar quatro paredes flácidas |
Tijolo com tijolo num desenho mágico | Tijolo com tijolo num desenho lógico | |
Seus olhos embotados de cimento e lágrima | Seus olhos embotados de cimento e tráfego | |
Sentou pra descansar como se fosse sábado | Sentou pra descansar como se fosse um príncipe | Sentou pra descansar como se fosse um pássaro |
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe | Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo | |
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago | Bebeu e soluçou como se fosse máquina | |
Dançou e gargalhou como se ouvisse música | Dançou e gargalhou como se fosse o próximo | |
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado | E tropeçou no céu como se ouvisse música | |
E flutuou no ar como se fosse um pássaro | E flutuou no ar como se fosse sábado | E flutuou no ar como se fosse um príncipe |
E se acabou no chão feito um pacote flácido | E se acabou no chão feito um pacote tímido | E se acabou no chão feito um pacote bêbado |
Agonizou no meio do passeio público | Agonizou no meio do passeio náufrago | |
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego | Morreu na contramão atrapalhando o público | Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado |