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10 comments

  1. …não saber onde é o seu lugar.
    Continuo a não saber onde é, ou por outra, sei que é onde estiver e nunca estou onde se espera que esteja.
    …tão fora daqui.
    Aspirações?! acho que tenho, que todos temos, pequeninas, médias, as grandes essas…

    1. Dizem que não saber é bom. Confesso que não sei.

      Preza essas aspirações, pequenas ou grandes, seja de que cor ou forma.
      Não as ter é lixado, mesmo muito lixado. E isso sei.

      1. Houve tempos em que não saber foi lixado, agora é bom, sim.
        Acho que não ter aspirações deve ser lixado.
        beijo

  2. É curioso que a primeira vez que passei por aqui pensei que podias ter utilizado aspirações como sinónimo de desejos. Por isso disse para mim que desde que não estejamos na condição de vegetais, desejos existem sempre, só que muitas vezes não os nomeamos assim.

    Não sei se utilizaste aspirações como sinónimo de desejos (não me parece agora), mas fui à procura de eventuais diferenças.

    Encontrei desejos, escolhas e aspirações, organizados em termos de importância crescente, como se de uma escalada se tratasse / trate, entre os três patamares.
    Genericamente:
    – os desejos são os sentimentos mais primitivos; um meio para atingir o prazer;
    – as escolhas são superiores aos desejos porque passam pelo crivo da razão; (se uma escolha pode ser destituída de prazer? pode, digo eu);
    – as aspirações, que estão acima das escolhas, resultam de um processo de organização das mesmas; é o que dá sentido à vida; é o que faz com que se assuma o comando da história ou se tenha essa sensação.

    Ao contrário do que disse para os desejos, pode-se viver sem aspirações. Mais, pode-se “trabalhar” no sentido de refrear as aspirações, até ao ponto de as anular. Q

    Gostei de ouvir a Mayra Andrade.
    Estive um bocado a olhar para a letra.

    “Crescer é saber e amar
    Certeza sem fim”
    ?
    Não me parece; ou muitas vezes não é.

    “Quem me vai dizer no amor
    O que é bom ou ruim?”
    Há quem diga, mas não devia.

  3. Desejos existem sempre?
    O que se faz para sobreviver e depois para manter os dias a correr não são desejos é necessidade. Trabalhar como contrapartida de remuneração, não é desejo é necessidade.

    Quem está desempregado diz que quer e deseja trabalhar.
    Os desejos naquilo que não é essencial à vida, podem não existir.
    E pior, cansam-se.

    1. Luís, não percebi a razão de trazeres aqui a questão do trabalho a propósito dos desejos. Também vejo o trabalho como necessidade e apenas trabalho por causa disso, porque preciso de dinheiro. Há quem afirme que trabalha por gosto e até consideram que isso os coloca num patamar mais elevado em termos humanos. Não me identifico com essa posição e até trilho um caminho em termos mentais no sentido de separar bem essas águas. E isto porque se trabalhasse por gosto ou se essa parte ocupasse muito espaço, existiam dependências emocionais. O prazer tem algo de dependência. Prefiro não ter essas dependências por via do trabalho. Julgo que o trabalhar por conta de outrem também faz muita diferença neste aspecto.

      Sim, desejos existem sempre. Nem que seja o desejo de ter desejos ou aspirações. A memória do desejo não é algo que abale. Freud falou bastante disso.
      A frase com que fizeste o post até remete para tal, assim como as duas últimas frases da tua resposta à Inconfessável.

      Também, e pegando no que não é essencial à vida, atribuímos valorações diferentes ao que vamos querendo / desejando, muitas vezes não designando de desejos. Pode ser uma questão de linguagem.
      Se eu disser “apetecia-me tanto que viesse bom tempo para ir apanhar um bocado de sol”, falo de desejo? Sim, porque está associado a prazer. Mas enquanto uns podem afirmar que não é expressivo, que não muda o traçado (isso já seria aspiração), outros valoram de modo diferente já que pode fazer a diferença naquele dia ou até por um período maior.

      Agora até me lembrei de “A arte de ser feliz”, da Cecília Meireles que explica isto muito bem.

      A arte de ser feliz

      Houve um tempo em que minha janela se abria
      sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
      Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
      Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
      e o jardim parecia morto.
      Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
      e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
      Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
      E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
      Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
      Outras vezes encontro nuvens espessas.
      Avisto crianças que vão para a escola.
      Pardais que pulam pelo muro.
      Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
      Borboletas brancas, duas a duas, como reflectidas no espelho do ar.
      Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
      Ás vezes, um galo canta.
      Às vezes, um avião passa.
      Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
      E eu me sinto completamente feliz.
      Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
      que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
      outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
      finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

  4. Porque se pode desejar de muita maneira, o desempregado deseja trabalhar, o canceroso curar-se. São os desejos relacionado com sobrevivência.

    Depois há os outros, os não essenciais, relacionado com prazer. E não, não existem sempre. Porque desejo, implica algum tipo de motivação para os conseguir e de frustração de não os conseguir. Quando existe indiferença, não existe desejo.

    1. Concordo com as tuas premissas, mas tenho dúvidas se a indiferença pode existir assim por atacado. Uma indiferença que se apodera de tudo, que come tudo; que não deixa uma fresta.

  5. Pergunta ao Bernardo Soares, mas sim absolutos também não existem. Há-de haver sempre uma fresta-

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