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da cena dos afectos

Desde que nasci até que saí de casa dos pais, não me lembro de um único beijo da minha mãe. Abraços lembro-me de um, em circunstâncias muito especiais.
De resto lembro-me da minha mãe a cozinhar, a lavar, a limpar, a esfregar e ocasionalmente a gritar. Não me lembro de nenhuma palmada.

O meu pai ia a casa para comer, dormir e ver televisão. Sabia da nossa existência e o nosso nome, mas se lhe perguntassemn em que ano estavamos, não sabia responder.

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Direito a herrar

Convivo mal com o erro, com a ideia de fazer algo mal. Em cada minima coisa tento semper fazer o melhor que posso. O que é uma grande burrice. Ninguém consegue nem ninguém aguenta.

Meter na cabeça que há coisas que não valem a pena o esforço. Improvisar e fazer de qualquer maneira e o que sair saiu. Que se lixe.
Um dia hei-de conseguri fazer as coisas mal, bem! 🙂

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Liderar é levar a malta atrás, não é levar a malta á frente
por isso quando ouço falar em líderes fico logo de pé atrás e não de pé à frente

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Redoma

Estava a almoçar e vi dois gajos a chegarem num barco pneumático. Puxaram o barco para cima enquanto caía uma chuva miudinha e as ondas lhes batiam nas pernas. Nada de especial.

De repente bateu-me. Há quanto tempo não puxo o que quer que seja para fora de água? Há quanto tempo não ando à chuva?
O homem moderno anda a meter-se numa redoma, devagar davagarinho. Cada vez nos expomos menos e fazemos menos coisas.

E não é só pela rotina e cansaço. É também pelo medo. Medo da morte, da doença, que nos aconteça qualquer coisa.

Houve tempos que para comer tinhamos que ir caçar. Mais tarde começamos a comprar os animais aos caçadores, era só matar e cozinhar. Depois passamos a comprá-los já mortos e muitas vezes já preparados. Recentemente isto só significa passar pelo hipermercercado. E já nem é preciso sair de casa, basta um telefonema e trazem-me a comida a casa. E se quiser que venha cozinhada, vem. Só falta que mastiguem. e cada vez menos fazemos menos, fechados na redoma.

E o que não que não comemos, o que não fazemos e o que não vivemos por que faz mal, é arriscado, é caro, é obsceno, é dificil.
É sempre mais fácil e seguro estar quieto. E assim nos fechamos numa redoma invisivel. Protegidos mas fechados. No fim de semana pomos na tv um filme de aventutas que nos mata a ânsia de aventura.

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O gajo das fotos ver e imaginar

O senhor deste post /duane-michals-things-are-queer/ disse entre outras coisas que acredita na imaginação. O que não pode ver é infinitamente mais importante do que o que pode ver.
https://istonaoe.wordpress.com/2014/11/04/duane-michals/

À primeira vista(pensamento) sou tentado a concordar. Mas, e consegue-se imaginar sem ver? O que imagino não me nasce por combustão espontânea. Normalmente o que acontece é que vejo uma gaivota e lembro-me duma foca.

Mesmo para as coisas que considero criações minhas, preciso de algo que as despolete. Pode ser uma palavra numa musica ou numa entrevista, qualquer coisa. Mas tem que haver qualquer coisa.

E será possível imaginar o que não existe e nunca se viu?
Tenta lá imaginar um trepólio sem que o que imaginas não seja um derivado de algo que viste.

O que é mais importante: O ovo ou a galinha?
O que se imaginou e que é muito mais entusiasmente que a dura realidade, ou o que se viu antes e que permitiu a imaginação?

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